
Reconhecida internacionalmente como potente ferramenta no tratamento do diabetes tipo 2 em pacientes com obesidade leve, a cirurgia metab�lica foi realizada pela primeira vez na hist�ria do Iraque. O respons�vel pelo procedimento foi o m�dico paranaense e cirurgi�o bari�trico e do aparelho digestivo Alcides Branco, que em novembro do ano passado embarcou para essa miss�o no pa�s �rabe.
“Ela aconteceu em Arbil, ao norte do Curdist�o, em um paciente que mora na capital Bagd� e que se deslocou at� l� para fazer o procedimento. Dentro de nossas possibilidades de fazer procedimentos fora do Brasil, realizamos a primeira cirurgia metab�lica para tratamento do diabetes tipo 2 no Iraque”, diz o especialista, que relembra que o paciente, antes do procedimento, tomava cerca de quatro medicamentos por dia sem sucesso.
O paciente, de 54 anos, apresentava �ndice de Massa Corporal (IMC) de 32 kg/m2 e tinha diabetes tipo 2. De acordo com os relatos do m�dico, pouco mais de 30 dias ap�s a cirurgia, que foi feita por videolaparoscopia – m�todo minimamente invasivo com pequenas incis�es no abd�men –, o at� ent�o diab�tico n�o necessitava mais de rem�dios. Atualmente, ele encontra-se em estado de remiss�o da doen�a.
Al�m disso, at� o tratamento para hipertens�o teve interfer�ncia. Agora, o paciente precisa de apenas meia dose para controlar a press�o arterial diariamente e segue em acompanhamento m�dico com os respons�veis pelo caso no pa�s �rabe, Majeed Mussi e Mohamed. “Apesar de o foco da cirurgia metab�lica ser tratar a doen�a, ela tamb�m tem o benef�cio de perda de cerca de 20 ou 25 quilos de massa corporal”, afirma Alcides Branco.
Mas de que se trata, de fato, essa cirurgia metab�lica e por que ela � capaz de reduzir o peso do paciente? Segundo o cirurgi�o, isso muito tem a ver com a base de forma��o da cirurgia metab�lica, haja vista que ela se deu por meio da observa��o do controle do diabetes em pacientes submetidos � cirurgia bari�trica – interven��o para a perda de peso em excesso. “S�o procedimentos similares, mas com objetivos diferentes.”

“A cirurgia metab�lica visa o controle da doen�a. J� a cirurgia bari�trica tem como objetivo a perda de peso, com as metas para conten��o das doen�as, como o diabetes e hipertens�o, em segundo plano. Na cirurgia metab�lica, reduzimos o tamanho do est�mago e criamos um desvio do intestino inicial, o que promove o aumento de horm�nios que colaboram para a saciedade e influenciam no controle da glicemia”, explica.
Ainda de acordo com Alcides Branco, em muitos casos, o paciente sai do centro cir�rgico j� com a glicemia em n�veis considerados normais, interrompe o uso de medicamentos e mant�m acompanhamento p�s-operat�rio para verificar o controle da doen�a.
Por�m, o m�dico pontua que n�o se pode falar em cura. “O diabetes � uma doen�a cr�nica e, portanto, incur�vel, falamos em estado de remiss�o que � quando se obt�m o controle da doen�a.”
Por�m, o m�dico pontua que n�o se pode falar em cura. “O diabetes � uma doen�a cr�nica e, portanto, incur�vel, falamos em estado de remiss�o que � quando se obt�m o controle da doen�a.”
E, nesse cen�rio, nem todas as pessoas diab�ticas podem se submeter ao procedimento, sendo, assim, necess�rio que o paciente atenda alguns crit�rios de indica��o. Entre eles, est�o a aus�ncia do controle do diabetes tipo 2 com o tratamento convencional comprovada, idade m�nima de 30 anos e no m�ximo 70 e �ndice de Massa Corporal (IMC) entre 30 kg/m² e 34,9 kg/m², considerado como obesidade leve.
Acima deste peso, Alcides Branco destaca que, com o quadro de obesidade moderada, o paciente tamb�m tem acesso ao benef�cio do controle do diabetes com a cirurgia bari�trica. Al�m do controle do diabetes, a cirurgia imp�e remiss�o total ou parcial da doen�a, com, ao menos, doses menores de medicamentos di�rios e redu��o de riscos para o desenvolvimento de doen�as cardiovasculares, renais, tromboemb�licas, entre tantas outras ligadas ao diabetes.
"A cirurgia metab�lica visa o controle da doen�a. J� a cirurgia bari�trica tem como objetivo a perda de peso, com as metas para conten��o das doen�as, como o diabetes e hipertens�o, em segundo plano. Na cirurgia, reduzimos o tamanho do est�mago e criamos um desvio do intestino inicial metab�lica, o que promove o aumento de horm�nios que colaboram para a saciedade e influenciam no controle da glicemia."
Alcides Branco, m�dico paranaense e cirurgi�o bari�trico e do aparelho digestivo
“Se presente, a hipertens�o arterial tamb�m apresenta melhora. Outro benef�cio � a perda de peso, que n�o � o foco desta cirurgia, mas que tamb�m ocorre. E isso � bem ben�fico, pois a literatura m�dica mostra que o �ndice de complica��es em cirurgias desse tipo � menor do que outras como ves�cula, ap�ndice e �tero. N�o h� raz�o, com a tecnologia que temos hoje, de se temer a cirurgia”, afirma o m�dico cirurgi�o.
No Brasil
A cirurgia para o diabetes foi reconhecida, no Brasil, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2017. “Tanto no Brasil como nos pa�ses �rabes, o diabetes tipo 2 � uma epidemia. � muito frequente ap�s os 40 anos e o grande problema � a evolu��o do diabetes, como a hemodi�lise, transplante renal, retinopatia diab�tica, amputa��o dos membros inferiores, doen�as card�acas, entre outras.”
“A alternativa da cirurgia metab�lica � uma boa op��o para esses pacientes que n�o s�o obesos, em sua maioria. Vem para somar. Por isso, atualmente, � uma cirurgia que tem muito apelo para os pacientes diab�ticos n�o obesos. � uma cirurgia que est� regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina e que no Paran� realizamos h� mais de dois anos”, diz Alcides Branco.

“S� assim o diabetes ficava equilibrado. Depois da cirurgia, no mesmo dia, n�o apliquei mais insulina. Nos dias seguintes j� n�o tomei mais o rem�dio da press�o alta e aos poucos meus exames foram se regulando. Tive mudan�as de h�bitos alimentares e emagreci 19,5 quilos. E continuo bem, t�o bem que engravidei, a Carol est� prevista para nascer no dia 19 de mar�o. N�s estamos bem.”
"Eu espero e desejo muito que o Sistema �nico de Sa�de (SUS) consiga realmente fazer a libera��o para quem n�o tem obesidade com grau elevado e quem realmente queira controlar a obesidade. Sabemos que, em muitas situa��es, as pessoas diab�ticas nem sempre s�o obesas, como era o meu caso. A gente sabe como � dif�cil ficar na linha. Manter o diabetes controlado n�o � f�cil."
Eva Degtiar Silva, 42 anos, empres�ria na �rea de marketing digital
Apesar de regulamentado, o procedimento n�o est� dispon�vel na rede p�blica ou por planos de sa�de. Uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bari�trica e Metab�lica (SBCBM) desenvolveu uma campanha e apresentou dados para aprecia��o da Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar (ANS) para inclus�o da cirurgia metab�lica no rol de procedimentos obrigat�rios dos planos de sa�de no ano passado. O parecer do �rg�o deve ser publicado em meados de mar�o.
“Eu espero e desejo muito que o Sistema �nico de Sa�de (SUS) consiga realmente fazer a libera��o para quem n�o tem obesidade com grau elevado e quem realmente queira controlar a obesidade. Sabemos que, em muitas situa��es, as pessoas diab�ticas nem sempre s�o obesas, como era o meu caso. A gente sabe como � dif�cil ficar na linha. Manter o diabetes controlado n�o � f�cil”, deseja Eva Degtiar Silva.
*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram