
Cada caso � um caso. Com certeza, voc� j� deve ter ouvido essa frase sendo associada a qualquer tipo de doen�a ou condi��o cl�nica. E isso � um fato. Quanto aos pacientes com c�ncer, em remiss�o ou com possibilidades de desenvolver a doen�a, essa � uma constata��o tamb�m verdadeira.
Por isso, conforme apontam especialistas, desde o diagn�stico at� o tratamento, a melhor sa�da � a individualiza��o do atendimento.
Por isso, conforme apontam especialistas, desde o diagn�stico at� o tratamento, a melhor sa�da � a individualiza��o do atendimento.
“A palavra-chave � personaliza��o. Hoje, vivemos uma nova era da medicina, chamada de medicina de precis�o, que � o contr�rio da medicina emp�rica – ‘tudo igual para todo mundo’. Ent�o, cada pessoa tem risco individual para determinados tipos de c�ncer e fase da vida. E isso por quest�es gen�ticas, heredit�rias e por fatores herdados. Hoje, inclusive, temos testes acess�veis para detec��o dessa predisposi��o. Por�m, a grande maioria dos c�nceres � por fatores ambientais.”
� o que diz Andr� Murad, p�s-doutor em gen�tica, professor da UFMG, diretor-executivo na cl�nica integrada Personal Oncologia de Precis�o e Personalizada e diretor cient�fico no Grupo Brasileiro de Oncologia de Precis�o (GBOP).
Nesse cen�rio, segundo ele, no caso dos c�nceres em decorr�ncia de fatores ambientais, a corre��o � o melhor preventivo, “eliminando” a obesidade, o sedentarismo e a dieta inadequada.
Al�m disso, haja vista o risco associado � exposi��o solar, ao tabagismo e ao consumo de bebidas alc�olicas, mudar esses h�bitos � muito importante, e isso, claro, junto com os exames de rastreamento, que tamb�m precisam ser individualizados.
Al�m disso, haja vista o risco associado � exposi��o solar, ao tabagismo e ao consumo de bebidas alc�olicas, mudar esses h�bitos � muito importante, e isso, claro, junto com os exames de rastreamento, que tamb�m precisam ser individualizados.
Tudo isso exige rastreamento, tratamento e periodicidade personalizados, o que s� � poss�vel com profissionais especializados.
Em geral, o oncogeneticista � o mais indicado, a princ�pio, at� porque, muitas vezes, � preciso determinar se o paciente tem uma s�ndrome heredit�ria. Eventualmente, segundo Andr� Murad, nos casos de s�ndrome heredit�ria, existem v�rias outras medidas, at� mesmo a inclus�o das cirurgias redutoras de risco, os chamados procedimentos preventivos. Ent�o, isso tudo precisa ser feito em uma base orientada.
Em geral, o oncogeneticista � o mais indicado, a princ�pio, at� porque, muitas vezes, � preciso determinar se o paciente tem uma s�ndrome heredit�ria. Eventualmente, segundo Andr� Murad, nos casos de s�ndrome heredit�ria, existem v�rias outras medidas, at� mesmo a inclus�o das cirurgias redutoras de risco, os chamados procedimentos preventivos. Ent�o, isso tudo precisa ser feito em uma base orientada.
“Em resumo, o mais importante � a personaliza��o, tanto da a��o preventiva quanto do rastreamento. E sempre com o aux�lio m�dico, pois existem v�rios exames de rastreamento que podem ser usados, desde um simples exame m�dico e cl�nico at� o exame dermatol�gico completo, palpa��o de test�culo e mama. Al�m disso, � o especialista que pode orientar os pacientes para uma observa��o cont�nua da mama, pele, l�ngua, pesco�o, test�culos e demais �rg�os para entender poss�veis altera��es. A partir disso � que o m�dico pode indicar formas individuais de rastreamento, por exemplo”, explica Andr� Murad.
Para Clarissa Mathias, m�dica do Grupo Oncocl�nicas e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Cl�nica (SBOC), essa individualiza��o � muito importante, uma vez que a realiza��o dos exames de rotina, bem como do rastreamento precoce modificou, e muito, a mortalidade no mundo. Com a personaliza��o, isso tende a acontecer de forma mais precisa e correta. “Sabemos que o diagn�stico precoce do c�ncer pode mudar a hist�ria natural da doen�a.”
"Uma das pesquisas, publicada na revista cient�fica Jama, aponta que nos primeiros meses da pandemia houve um decl�nio de 75% nos encaminhamentos por suspeita de c�ncer. No Brasil, o levantamento da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) mostrou que ao menos 70 mil brasileiros deixaram de receber o diagn�stico de c�ncer nos quatro primeiros meses de pandemia. Por sua vez, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncol�gica (SBCO) identificou redu��o de 70% no n�mero de cirurgias de c�ncer no mesmo per�odo."
Andr� Murad, p�s-doutor em gen�tica, professor da UFMG, diretor-executivo na cl�nica integrada Personal Oncologia de Precis�o e Personalizada e diretor cient�fico no Grupo Brasileiro de Oncologia de Precis�o (GBOP)
Ent�o, manter os exames preventivos em dia � extremamente essencial para que n�o se perca todos os avan�os que foram conquistados com o diagn�stico e tratamento precoce. Por isso, � preciso conscientizar as pessoas de que o c�ncer n�o espera.
"Ent�o, manter em dia as mamografias, as avalia��es com o urologista, as colonoscopias – que devem ser feitas a partir dos 45 anos –, as tomografias de t�rax para pacientes que s�o grandes fumantes, entre outros, � muito importante para que consigamos fazer um diagn�stico precoce e tratar os pacientes. Essa � a melhor chance de cura”, afirma Clarissa Mathias.
"Ent�o, manter em dia as mamografias, as avalia��es com o urologista, as colonoscopias – que devem ser feitas a partir dos 45 anos –, as tomografias de t�rax para pacientes que s�o grandes fumantes, entre outros, � muito importante para que consigamos fazer um diagn�stico precoce e tratar os pacientes. Essa � a melhor chance de cura”, afirma Clarissa Mathias.
Apesar disso, h� um consenso de que mulheres acima dos 40 anos devem ser submetidas a mamografia e ultrassonografia. Enquanto isso, os homens, tamb�m a partir dos 40 anos, devem ser avaliados pelo urologista.
J� a colonoscopia deve ser feita tanto em homens quanto em mulheres a partir dos 45 anos, e a tomografia de t�rax para pacientes que s�o grandes fumantes em qualquer fase da vida. O exame de pele, por outro lado, deve ser realizado anualmente pelo dermatologista para saber se h� altera��es.
J� a colonoscopia deve ser feita tanto em homens quanto em mulheres a partir dos 45 anos, e a tomografia de t�rax para pacientes que s�o grandes fumantes em qualquer fase da vida. O exame de pele, por outro lado, deve ser realizado anualmente pelo dermatologista para saber se h� altera��es.
Um importante alerta dos especialistas �: a gravidade muito tem a ver com o atraso do diagn�stico. Portanto, saber da exist�ncia do c�ncer precocemente � muito importante.
PREVINA-SE!
Preven��o � um dos pilares mais importantes para evitar complica��es na doen�a ou mesmo o aparecimento do c�ncer. E atividade f�sica e alimenta��o s�o fortes aliados nessa luta.
“Al�m da obesidade ser fator de risco e, portanto, a perda de peso ser importante nesse cen�rio, a n�o realiza��o de exerc�cios tamb�m � um fator de risco por si s�, porque a pr�tica de exerc�cios funciona como uma patrulha imunol�gica, fazendo com que o sistema imunol�gico funcione melhor”, explica Clarissa Mathias.
“Al�m da obesidade ser fator de risco e, portanto, a perda de peso ser importante nesse cen�rio, a n�o realiza��o de exerc�cios tamb�m � um fator de risco por si s�, porque a pr�tica de exerc�cios funciona como uma patrulha imunol�gica, fazendo com que o sistema imunol�gico funcione melhor”, explica Clarissa Mathias.
Ainda, evitar a exposi��o excessiva ao sol � muito importante. Uma boa dica � sempre usar protetor solar e demais barreiras de prote��o, como �culos e chap�us. “� extremamente importante n�o fumar e evitar o consumo de bebidas alco�licas. Outra medida importante � a vacina contra o HPV”, completa.
HERAN�A DA PANDEMIA
Andr� Murad destaca que a pandemia de COVID-19 trouxe impactos em todos os �mbitos para todo o mundo, e ainda mais na preven��o, diagn�stico e controle de doen�as graves, o que, irremediavelmente, causar� maior mortalidade nos pr�ximos meses e anos.
“Na �rea oncol�gica, na qual s�o registradas cerca de 19 milh�es de mortes anualmente no mundo, a pandemia est� repercutindo na redu��o das a��es preventivas, paralisa��o de tratamentos, aumento do diagn�stico tardio e mortalidade, al�m do adiamento na condu��o de pesquisas cl�nicas para desenvolvimento de novos medicamentos.”
“Na �rea oncol�gica, na qual s�o registradas cerca de 19 milh�es de mortes anualmente no mundo, a pandemia est� repercutindo na redu��o das a��es preventivas, paralisa��o de tratamentos, aumento do diagn�stico tardio e mortalidade, al�m do adiamento na condu��o de pesquisas cl�nicas para desenvolvimento de novos medicamentos.”

Uma das pesquisas, publicada na revista cient�fica Jama, aponta que nos primeiros meses da pandemia houve um decl�nio de 75% nos encaminhamentos por suspeita de c�ncer. No Brasil, o levantamento da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) mostrou que ao menos 70 mil brasileiros deixaram de receber o diagn�stico de c�ncer nos quatro primeiros meses de pandemia. Por sua vez, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncol�gica (SBCO) identificou redu��o de 70% no n�mero de cirurgias de c�ncer no mesmo per�odo.
Esse impacto muito tem a ver com o medo de contamina��o pelas pessoas doentes, o que preocupa a oncologista Clarissa Mathias. “A inabilidade de alguns servi�os, principalmente os p�blicos, de oferecer esse cuidado tamb�m contribuiu para o n�o tratamento de pacientes oncol�gicos e o retardo do diagn�stico precoce desse paciente, com retardo de procedimento cir�rgico. Isso tudo resulta em uma situa��o extremamente preocupante: um retardo no diagn�stico em fun��o da COVID-19 e a complica��o no tratamento, inviabilizando a possibilidade de cura.”
Nesse cen�rio, Andr� Murad refor�a a seguran�a dos hospitais e cl�nicas para atender pessoas sem suspeita de contamina��o ou infec��o pelo novo coronav�rus.
“Existem fluxos separados de pacientes com COVID-19 e com suspeita dos demais. Ent�o, essas visitas e esses exames se tornaram mais seguros, mas mesmo assim, obviamente, o pr�prio m�dico vai indicar para aquela pessoa qual exame ela pode fazer ou n�o. � tudo quest�o de risco/benef�cio. Existem exames que precisam ser feitos, apesar do risco maior de contamina��o”, orienta.
“Existem fluxos separados de pacientes com COVID-19 e com suspeita dos demais. Ent�o, essas visitas e esses exames se tornaram mais seguros, mas mesmo assim, obviamente, o pr�prio m�dico vai indicar para aquela pessoa qual exame ela pode fazer ou n�o. � tudo quest�o de risco/benef�cio. Existem exames que precisam ser feitos, apesar do risco maior de contamina��o”, orienta.
E O DEPOIS?

“O que pode ser feito � chamar a aten��o e conscientizar a popula��o para tentar reverter esse quadro. E, tamb�m, tornar os ambientes, tanto de cl�nica de m�todos de diagn�stico quanto de hospitais, seguros, com �reas, inclusive, livre de COVID-19 para proporcionar cirurgias e exames de rastreamento mais seguros para que, assim, consigamos reduzir o n�mero de casos avan�ados. Uma outra estrat�gia � a utiliza��o de teleconsultas e a adequa��o dos tratamentos para via oral. Todas essas a��es s�o importantes para ajudar a reduzir os malef�cios do momento atual no diagn�stico tardio nos pacientes”, opina Clarissa Mathias.
*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram