
De alguma forma, durante a pandemia de COVID-19, muito se comentou sobre a necessidade de manter a sanidade mental em dia, haja vista o contexto social e mundial imposto por um v�rus complexo, muito infeccioso e, algumas vezes, fatal.
O medo tomou conta da sociedade. Al�m disso, a inevitabilidade e imposi��o do isolamento social colocou � prova quest�es emocionais, uma vez que o contato com o outro se limitou a quase zero, exceto pela fam�lia. E, ainda sim, apenas em alguns casos.
O medo tomou conta da sociedade. Al�m disso, a inevitabilidade e imposi��o do isolamento social colocou � prova quest�es emocionais, uma vez que o contato com o outro se limitou a quase zero, exceto pela fam�lia. E, ainda sim, apenas em alguns casos.
Um obst�culo muito forte para a cura ou controle psicol�gico, uma vez que a busca por tratamentos e ajuda terap�utica t�m forte interfer�ncia.
“Isso impede as pessoas de verem a psiquiatria de forma positiva e buscar um tratamento adequado. � grave, porque a pr�pria pessoa que adoece emocionalmente n�o procura ajuda, muitas vezes, por ‘autopreconceito’ de que um transtorno psiqui�trico seja uma fraqueza, o que n�o �. O c�rebro, assim como o cora��o, o f�gado e outros �rg�os, pode adoecer e � preciso buscar ajuda de um especialista para o tratamento adequado. Qualquer pessoa, em algum momento da vida, est� suscept�vel a ter uma doen�a mental/emocional. O maior dano causado pelo estigma � a pessoa n�o conseguir buscar ajuda devido ao preconceito.”
� o que diz o psiquiatra Guilherme Rolim. Segundo ele, os pacientes com algum transtorno mental podem, inclusive, “se fecharem” para a ajuda de pessoas pr�ximas, por medo de n�o serem compreendidas e at� mesmo de serem discriminadas.
Aos poucos, esse estigma deixado pela sociedade, ou mesmo criado pelo pr�prio doente, vai, ent�o, deixando marcas, uma esp�cie de cicatriz no emocional de quem mais precisa de ajuda e de uma “m�o estendida”.
Aos poucos, esse estigma deixado pela sociedade, ou mesmo criado pelo pr�prio doente, vai, ent�o, deixando marcas, uma esp�cie de cicatriz no emocional de quem mais precisa de ajuda e de uma “m�o estendida”.
“� mundial. Ao longo da hist�ria, devido � falta de informa��o, os pacientes com doen�as mentais eram vistos como loucos, pessoas sem ju�zo, que ofereciam risco e, por isso, deveriam ser exclu�das da conviv�ncia social e do mundo do trabalho. E at� os profissionais eram taxadas como m�dicos para doidos."
Por isso, os pacientes evitam contar o que est�o sentindo para as pessoas pr�ximas, como familiares ou amigos, e acabam n�o procurando um tratamento. Elas t�m medo de serem rotuladas como loucas, fracas ou de se viciarem nos medicamentos indicados para tratar a doen�a ou transtorno, entre outros preconceitos sobre o adoecer”, afirma o psiquiatra.
Por isso, os pacientes evitam contar o que est�o sentindo para as pessoas pr�ximas, como familiares ou amigos, e acabam n�o procurando um tratamento. Elas t�m medo de serem rotuladas como loucas, fracas ou de se viciarem nos medicamentos indicados para tratar a doen�a ou transtorno, entre outros preconceitos sobre o adoecer”, afirma o psiquiatra.
Outro ponto levantado pelo m�dico capaz de interferir, e muito, na forma como a sa�de mental � vista e o estigma criado a partir disso � o fato de que as pessoas associam os problemas psiqui�tricos somente � esquizofrenia, doen�a que pode causar surtos, com presen�a de alucina��es e del�rios.
“No entanto, a depress�o � o transtorno de sa�de mental mais comum em todo o mundo. E, muitas vezes, ele deixa de ser tratado, justamente pelo fato de se associar o tratamento psiqui�trico ao estigma da loucura, ainda muito arraigado na sociedade.”
“No entanto, a depress�o � o transtorno de sa�de mental mais comum em todo o mundo. E, muitas vezes, ele deixa de ser tratado, justamente pelo fato de se associar o tratamento psiqui�trico ao estigma da loucura, ainda muito arraigado na sociedade.”
"Tem-se falado muito em sa�de mental em raz�o das consequ�ncias de muitas pessoas precisarem ficar em isolamento social prolongado, dentro de casa. A procura por ajuda especializada nos consult�rios aumentou. Pode ser um come�o para uma maior valoriza��o da especialidade. Mas muito ainda precisa ser feito para se combater o preconceito e minorar o estigma atribu�do ao paciente portador de um transtorno mental."
Guilherme Rolim, psiquiatra
Justamente por isso, o psiquiatra alerta que � de suma import�ncia que as pessoas se aceitem e compreendam a respeito da necessidade de tratamento. Guilherme Rolim, inclusive, destaca o qu�o positivo � uma pessoa entender que ela n�o est� sozinha nesta luta e ter uma m�o estendida, seja de familiares ou amigos, para buscar e influenciar na procura por ajuda.
“N�o h� sa�de sem sa�de mental. Sem tratamento, os problemas psiqui�tricos, como � o caso de transtornos de humor, psic�ticos, de compuls�o e ansiedade, tendem a aumentar, levando seus portadores a mais sofrimento.”
“N�o h� sa�de sem sa�de mental. Sem tratamento, os problemas psiqui�tricos, como � o caso de transtornos de humor, psic�ticos, de compuls�o e ansiedade, tendem a aumentar, levando seus portadores a mais sofrimento.”
“E mais, o fato de o portador de transtorno psiqui�trico n�o buscar uma ajuda m�dica pode prejudicar n�o apenas a qualidade de vida dele, mas, tamb�m, de sua fam�lia e de seu entorno. Por isso, a recupera��o dos pacientes e sua reinser��o na vida familiar e no trabalho, por exemplo, � a melhor maneira de quebrar os preconceitos. E, para isso, os pacientes precisam passar por avalia��o m�dica para se ter um diagn�stico acurado e um tratamento direcionado para cada caso”, completa.
De forma geral, o m�dico psiquiatra explica que o tratamento consiste no uso de medica��es e terapias. Em alguns casos, pode ser necess�rio o atendimento di�rio em hospitais ou mesmo a interna��o. Segundo ele, com a abordagem adequada e consultas regulares, grande parte dos pacientes t�m e ter�o evolu��o satisfat�ria.
HERAN�A ‘POSITIVA’
Mesmo em um per�odo at�pico, o mais terr�vel para a sociedade nos �ltimos anos, um ponto “positivo” pode ser levantado em rela��o � sa�de mental durante a pandemia de COVID-19. Isso porque, de certa forma, portas foram abertas para se falar sobre sofrimento emocional e doen�as mentais.
Pelo menos � o que acredita o psiquiatra Guilherme Rolim. Para ele, isso pode n�o s� mudar o estigma e autoestigma – percep��o e internaliza��o da discrimina��o sofrida – relacionados aos dist�rbios mentais, como, tamb�m, dar in�cio a uma maior valoriza��o dos profissionais que lutam pela causa.
Pelo menos � o que acredita o psiquiatra Guilherme Rolim. Para ele, isso pode n�o s� mudar o estigma e autoestigma – percep��o e internaliza��o da discrimina��o sofrida – relacionados aos dist�rbios mentais, como, tamb�m, dar in�cio a uma maior valoriza��o dos profissionais que lutam pela causa.

Isso porque informar e ensinar as novas gera��es sobre sa�de mental e doen�as e transtornos ps�quicos pode otimizar o tratamento, que, atualmente, j� conta com um arsenal terap�utico muito forte, possibilitando in�meras formas de psicoterapia.
“Informar melhor a sociedade sobre a gravidade e o impacto do sofrimento mental, destacando-se a import�ncia do adequado tratamento psiqui�trico para os portadores desses transtornos, pode ser muito ben�fico para evitar deixar mais marcas e cicatrizes em quem sofre”, diz.
“Informar melhor a sociedade sobre a gravidade e o impacto do sofrimento mental, destacando-se a import�ncia do adequado tratamento psiqui�trico para os portadores desses transtornos, pode ser muito ben�fico para evitar deixar mais marcas e cicatrizes em quem sofre”, diz.
*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram