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Estado de Minas SA�DE

Novas abordagens precoces amenizam sintomas do autismo

Pesquisas da Universidade do Arizona ajudam a reduzir problemas da flora intestinal e outros dist�rbios desses pacientes


16/02/2021 06:00 - atualizado 16/02/2021 08:07

Pesquisadora da Universidade do Arizona, Rosa Krajmalnik-Brown é especialista no uso de intervenções com bactérias(foto: Universidade do Arizona/Divulgação)
Pesquisadora da Universidade do Arizona, Rosa Krajmalnik-Brown � especialista no uso de interven��es com bact�rias (foto: Universidade do Arizona/Divulga��o)
 
O autismo n�o tem cura, mas � tratado por meio do acompanhamento de diversos especialistas, como psicoterapeutas e fonoaudi�logos, em um processo que costuma ser �rduo para o paciente e familiares. Na tentativa de auxili�-los, pesquisadores t�m buscado alternativas que ajudem a diminuir, com mais efici�ncia, os sintomas desse dist�rbio. Estudos que focam no diagn�stico precoce e em altera��es na microbiota intestinal s�o algumas das apostas recentes.
 
Nos �ltimos anos, muitos cientistas t�m voltado os olhos para liga��es entre a microbiota humana e enfermidades – entre elas, o transtorno do espectro autista (TEA). Alguns estudos recentes revelam liga��es intrigantes entre a composi��o da microbiota intestinal e o TEA. “Essas pesquisas mostram uma composi��o anormal de bact�rias em pessoas com esse transtorno e tamb�m em cobaias que sofreram modifica��es para apresent�-lo”, afirma Rosa Krajmalnik-Brown, pesquisadora da Universidade do Arizona e especialista no tema.
 
Com base nessas descobertas, Krajmalnik-Brown e sua equipe resolveram testar o efeito de interven��es na microbiota intestinal de autistas. Eles realizaram a transfer�ncia de micr�bios saud�veis para o intestino de 18 pessoas com TEA por um per�odo de sete a oito semanas. Ap�s o tratamento, observaram redu��o de 80% nos problemas gastrointestinais dos participantes, al�m de uma diminui��o consider�vel em outros sintomas do transtorno.
 
Os cientistas detectaram tamb�m aumento da diversidade microbiana, algo considerado ben�fico, principalmente de dois g�neros: Bifidobacteria e Prevotella. “No sistema digest�rio, est�o presentes vastas col�nias de bact�rias que desempenham fun��es que v�o desde a digest�o dos alimentos e o controle do peso corporal at� os efeitos no c�rebro e no comportamento. Por isso, mudan�as nessa popula��o podem, sim, gerar efeitos terap�uticos”, explica a autora do trabalho, apresentado no American Association for the Advancement of Science (AAAS) Meeting 2021.
 
Carlos Guilherme Figueiredo, psiquiatra e vice-presidente da Associa��o Psiqui�trica de Bras�lia, explica que o estudo mostra dados que condizem com o que j� se sabe sobre a liga��o entre o autismo e problemas gastrointestinais. “Altera��es no est�mago s�o comuns em pessoas que apresentam esse transtorno, como refluxo, constipa��o e desconforto abdominal, e est�o relacionadas com a piora de outros sintomas, como a impaci�ncia e a ansiedade, gerando um desconforto ainda maior”, detalha. “Ter observado melhoras com esse tipo de interven��o � algo muito animador, at� porque � uma interven��o f�cil de ser feita. Caso se confirme como uma op��o eficaz, o transplante de microbiota poderia ser uma alternativa adotada para tratar muitos pacientes”, aposta.

Atlas neural


Outra aposta dos cientistas para tratar o autismo com mais efic�cia � o diagn�stico precoce. Essa miss�o foi assumida por pesquisadores da Universidade do Texas que apostam na possibilidade de identificar o TEA j� nos seis primeiros meses de vida. No estudo, a equipe recrutou 75 crian�as, que foram submetidas a um monitoramento neural minucioso para a identifica��o de poss�veis marcadores do transtorno. “O objetivo desse projeto � identificar o autismo o mais cedo poss�vel e tratar os sintomas antes que eles progridam”, enfatiza, em comunicado, Leslie Neely, professor-assistente de psicologia educacional na institui��o americana.

Confira diferentes áreas de pesquisa que têm o objetivo de melhorar o enfrentamento ao transtorno do espectro do autismo (TEA) (foto: Arte/Valdo Virgo)
Confira diferentes �reas de pesquisa que t�m o objetivo de melhorar o enfrentamento ao transtorno do espectro do autismo (TEA) (foto: Arte/Valdo Virgo)

 
Os cientistas seguem conduzindo as an�lises, mas adiantam que j� obtiveram resultados iniciais que ajudar�o no desenvolvimento de uma esp�cie de atlas neural do dist�rbio. “Avalia��es iniciais j� nos mostraram que � poss�vel chegar ao nosso objetivo final. Acreditamos que tamb�m poderemos usar esses dados para apontar qual o melhor tipo de terapia a ser usada e at� retardar o aparecimento dos sintomas”, diz Neely.
 
Para o psiquiatra Cargos Figueiredo, todas as ferramentas desenvolvidas com o intuito de auxiliar e adiantar a identifica��o do TEA s�o bem-vindas, pois podem contribuir severamente para o tratamento do dist�rbio. “Quando conseguimos observar o problema cedo, melhoramos consideravelmente o progn�stico do paciente e evitamos comorbidades, ou seja, outras doen�as que surgem ao mesmo tempo. Ainda est� cedo, mas esses estudos nos trazem a esperan�a de interven��es precoces mais efetivas.”
 
Apesar dos dados positivos, o m�dico destaca que � necess�rio ser prudente, j� que novas alternativas de diagn�stico e de tratamento precoce ainda est�o em testes iniciais. “� importante deixar claro que s�o op��es que poder�o ser usadas apenas mais pra frente, caso se confirmem como eficazes. Vemos, muitas vezes, fam�lias que se desesperam em busca de tratamentos e se decepcionam. S�o trabalhos animadores, mas que ainda precisam ser estudados antes de ser postos em pr�tica.”
 
Jo�o Armando, psiquiatra do Instituto Castro e Santos (ICS), em Bras�lia, tamb�m destaca que os esfor�os cient�ficos para entender e lidar melhor com o autismo s�o importantes e merecem destaque. Mas, no momento, enfatiza ele, n�o h� op��o que esteja pr�xima de reverter a s�ndrome como um todo. “� importante destacar que ainda n�o temos grande conhecimento nem sequer de todos os fatores da etiologia do autismo. Por isso, � sempre necess�rio cautela quando falamos de novos tratamentos. Penso que ainda n�o estamos perto da cura ou do controle completo da doen�a”, refor�a.
 

Ra�zes complexas


O transtorno do espectro autista (TEA) � um dist�rbio neurobiol�gico complexo, cujas ra�zes ainda s�o desconhecidas. Pesquisas mostram uma poss�vel predisposi��o gen�tica relacionada a ele, al�m de infec��es durante a gravidez e fatores ambientais, como a polui��o. O diagn�stico � feito no in�cio da inf�ncia, por meio da desconfian�a dos pais, que podem notar problemas de aten��o dos filhos. A partir da�, s�o feitos testes para ter a confirma��o com a ajuda de especialistas, como pediatras.


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