
A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) emitiu um alerta, na �ltima ter�a-feira (16/2), e pediu aten��o a seis pa�ses da �frica para poss�veis infec��es pelo v�rus Ebola. A preocupa��o da entidade � evitar que os novos casos relatados pela Guin� se espalhem pelo continente. A Rep�blica Democr�tica do Congo tamb�m registrou quadros cl�nicos locais de contamina��o pelo v�rus. O �ltimo surto ocorrido na �frica Ocidental matou mais de 11.300 pessoas.
Segundo a OMS, o sequenciamento de genes das amostras de Ebola encontradas j� est� sendo realizado para elucidar sobre as origens dos surtos e identificar poss�veis variantes. Ainda, de acordo com informa��es disponibilizadas pelo Congo, os �ltimos casos n�o t�m rela��o com uma nova cepa, mas sim com o ressurgimento do d�cimo surto ocorrido no pa�s, que causou mais de 2.200 mortes entre 2018 e 2020.
Margaret Harris, representante da OMS, em comunicado oficial � imprensa disse que, com o aviso, algumas autoridades locais j� est�o agindo para controlar poss�veis avan�os dos casos e futura dissemina��o da doen�a. “J� alertamos seis pa�ses ao redor, incluindo, � claro, Serra Leoa e Lib�ria, e eles est�o agindo muito r�pido para se preparar e estar prontos e procurar qualquer infec��o potencial.”
Para Jos� Geraldo, epidemiologista do Grupo Hermes Pardini, essa poss�vel epidemia no continente seria “terr�vel”, principalmente em fun��o das autoridades sanit�rias locais, bem como profissionais de sa�de estarem lidando, atualmente, com a pandemia de COVID-19. Ainda, o Ebola, em circula��o concomitante com o novo coronav�rus, pode propiciar uma maior dificuldade de diagn�stico.
“Recentemente, foi detectada a circula��o do v�rus Ebola em uma pequena regi�o da �frica. Em decorr�ncia das pr�ticas culturais dessas regi�es, h� um risco muito grande de uma nova epidemia. E a ocorr�ncia de uma epidemia de Ebola concomitante a uma epidemia de COVID-19 nessas regi�es seria terr�vel, porque s�o duas doen�as graves, que demandam recursos de sa�de sofisticados, onde h� muita car�ncia tanto de pessoas especializadas quanto de equipamento. Ent�o, o risco de uma mortalidade grande seria enorme. Tomara que consigam limitar a circula��o”, afirma.
Ele lembra, ainda, que a dissemina��o foi v�rias vezes controlada em outras ocasi�es. “Dada a forma de transmiss�o do v�rus, tem-se conseguido nas �ltimas epidemias circunscrever a ocorr�ncia em pequenas regi�es. Nos �ltimos anos, tamb�m foram desenvolvidas vacinas com tecnologia parecida com a utilizada para a da COVID-19, que podem servir para controlar a contamina��o.”
E h� risco de essa poss�vel epidemia se transformar em pandemia – dissemina��o mundial? Segundo especialistas, as probabilidades s�o poucas. “Em geral, a epidemia de Ebola n�o atinge regi�es mais distantes, porque a doen�a n�o � transmitida de forma respirat�ria e sim pelo contato humano com secre��es. Al�m disso, ela tem tamb�m rela��o com algumas pr�ticas de sepultamento nessas regi�es da �frica e � muito transmitida pelo contato com o sangue”, justifica Jos� Geraldo.
O infectologista Guenael Freire, por�m, destaca a ocorr�ncia de casos fora da �frica. “V�rios pa�ses j� registraram casos de Ebola fora da �frica, mas, de regra, esses casos vieram da �frica e n�o surgiram nesses pa�ses, s�o casos importados. Sempre existe o risco de se tornar algo local, mas isso n�o tem ocorrido.”
Quanto ao Brasil, Jos� Geraldo destaca que o risco de incid�ncia segue a mesma linha. “At� o momento, n�o foi descrito circula��o do v�rus Ebola em nosso continente, talvez pela dificuldade de dissemina��o, em raz�o da forma de contamina��o. Mas, haja vista o fluxo de brasileiros para o continente africano e vice versa, � preciso que as autoridades de vigil�ncia epidemiol�gicas estejam sempre atentas”, pondera.
O QUE � O EBOLA?
O Ebola � um v�rus capaz de causar quadros graves de febre hemorr�gica. Sua transmiss�o se d� por meio do contato com secre��es. Al�m disso, o contato com o sangue pode gerar a infec��o, aumentando o risco para profissionais de sa�de, conforme citado pelo epidemiologista Jos� Geraldo. Segundo ele, essa doen�a se assemelha a conhecida febre amarela.
O Ebola pode, ainda, atingir v�rios �rg�os do corpo humano, o que tende a denotar gravidade aos quadros. “Inicialmente, s�o sintomas inespec�ficos, como febre, mal estar, dor no corpo e diarreia, mas isso pode evoluir para hemorragias grav�ssimas, encefalite e insufici�ncia respirat�ria, e pode ser bem grave”, completa o infectologista Guenael Freire.
*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram