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Estado de Minas EDUCA��O

Por que pode ser prejudicial perguntar a uma crian�a o que ela quer ser quando crescer

Press�o para encontrar uma voca��o faz com que muitos alunos se sintam perdidos e deprimidos. Al�m disso, a pergunta persistente pode limitar o leque de escolhas. Especialistas dizem que � melhor perguntar o que a crian�a 'gosta de fazer', n�o o que ela quer ser.


06/05/2021 05:49 - atualizado 06/05/2021 08:55


Pressão para encontrar uma vocação faz com que muitos alunos se sintam perdidos e deprimidos(foto: Getty Images)
Press�o para encontrar uma voca��o faz com que muitos alunos se sintam perdidos e deprimidos (foto: Getty Images)

O que voc� pergunta a uma crian�a quando a encontra pela primeira vez? Quais lembran�as voc� tem da primeira pergunta que te faziam quando voc� era crian�a?

Provavelmente � a seguinte: o que voc� quer ser quando crescer?

� uma pergunta ing�nua, por meio da qual os adultos procuram conhecer os interesses daquela crian�a. E tamb�m pais, av�s, tios e professores costumam repetir essa pergunta � medida que as crian�as crescem.

Para a crian�a, por�m, a resposta �s vezes � dif�cil e os especialistas alertam que isso pode ter um efeito contraproducente.

"A resposta a essa pergunta para as crian�as quase sempre se limita a algumas carreiras sobre as quais elas tenham algum conhecimento", diz Ryan Duffy, professor de psicologia da Universidade da Fl�rida, que se especializou no estudo da voca��o dos seres humanos.

"Acho que se as crian�as aspiram a essas carreiras e depois a maioria acaba seguindo outra coisa, isso pode levar � insatisfa��o", acrescentou ele � BBC Mundo.

Como essa pergunta inocente pode moldar o futuro de uma pessoa? Devemos n�s, como adultos, parar de perguntar isso?

O chamado da voca��o


Pais, avós, tios e professores costumam repetir essa pergunta à medida que as crianças envelhecem(foto: Getty Images)
Pais, av�s, tios e professores costumam repetir essa pergunta � medida que as crian�as envelhecem (foto: Getty Images)

Acredita-se que encontrar uma voca��o pode ser fonte de alegria e seguran�a. No entanto, estudos mostram que busc�-la (e �s vezes at� encontr�-la) pode fazer com que os jovens se sintam perdidos e confusos.

"A rela��o entre ter uma voca��o e a felicidade � basicamente nula", diz o professor Duffy, que liderou v�rias pesquisas nessa �rea.

Existem at� estudos que mostram que "se voc� tem uma voca��o, mas n�o � realmente capaz de realiz�-la, isso pode lev�-lo a se sentir mais insatisfeito, de forma que seria quase melhor se voc� n�o tivesse essa voca��o", acrescenta.

"Ent�o, para algumas pessoas, pode resultar em menos felicidade", conclui.

Para Sinead Bovell, fundadora da Waye, uma organiza��o que oferece educa��o em tecnologia para jovens empreendedores e empresas, essa quest�o pode ser uma esp�cie de armadilha de identidade para crian�as.

"� grande a probabilidade de que alguns dos empregos ou ind�strias que algumas crian�as menores de 5 ou 10 anos almejam estejam automatizados ou nem mesmo existam na idade adulta delas", diz Bovell � BBC Mundo, o servi�o em espanhol da BBC.

"Ent�o, em vez de sugerir logo cedo para a crian�a essas constru��es sociais de que sua carreira ser� est�tica e linear, vamos prepar�-los para como ser� o futuro do trabalho, em que haver� melhores tecnologias e ser�o necess�rias habilidades como pensamento cr�tico e intelig�ncia criativa", diz.'

'Adultos m�opes'

Como adultos, devemos parar de perguntar �s crian�as o que elas querem ser quando crescerem? "Acho que devemos", diz o psic�logo da Universidade da Fl�rida. "Em geral, meu conselho para os adultos � focar mais em perguntar �s crian�as o que elas gostam de fazer, quais atividades e interesses elas t�m no presente, em vez de focar em uma ideia vaga de uma carreira no futuro."

"N�o acho que n�s, adultos, fa�amos um bom trabalho falando com as crian�as sobre isso e acho que muitas vezes � porque ficamos um pouco m�opes. Queremos que nossos filhos fa�am apenas tr�s ou quatro coisas e n�o pensem em outras carreiras. Portanto, podemos perpetuar esse ciclo", analisa Duffy.


Ryan Duffy: 'Queremos que nossos filhos façam apenas três ou quatro coisas e não pensem em outras carreiras'(foto: Getty Images)
Ryan Duffy: 'Queremos que nossos filhos fa�am apenas tr�s ou quatro coisas e n�o pensem em outras carreiras' (foto: Getty Images)

Como, ent�o, reformular a quest�o?

Sinead Bovell sugere substituir "o que" por "quem" e "como": "Quem voc� quer ser e quais s�o os problemas que deseja resolver? Como voc� resolveria com as ferramentas que tem hoje?"

"As respostas costumam ser realmente muito positivas e ampliam o potencial de como eles v�o abordar sua carreira no futuro", diz ela, que d� palestras sobre intelig�ncia artificial e o futuro da ind�stria do trabalho.

Paix�o

Em vez de voca��o, h� um foco na psicologia que se concentra na paix�o.

"Muitas pesquisas mostram que � mais comum as pessoas encontrarem sua paix�o quando come�am a trabalhar, em vez de ter uma paix�o e, depois, selecionar o trabalho por isso", explica Duffy.

"Acho que � um bom marco para ajudar os adultos a pensar sobre as crian�as. � preciso muito para ganhar paix�o e, muitas vezes, � necess�rio ter experi�ncia no mundo real para alcan�ar essa paix�o", acrescenta.


A vocação não está diretamente associada à felicidade, apontam pesquisas(foto: Getty Images)
A voca��o n�o est� diretamente associada � felicidade, apontam pesquisas (foto: Getty Images)

Conselho

Os entrevistados aconselham adolescentes e adultos a evitar frustra��es no que se refere � voca��o.

"Uma das coisas mais importantes que digo a muitos estudantes universit�rios ou do ensino m�dio � que eles realmente busquem informa��es da vida real sobre como s�o os empregos", diz Duffy.

Para isso, a psic�loga sugere conversar com as pessoas que fazem esses trabalhos. Essas informa��es podem ser realmente cr�ticas para futuras tomadas de decis�o.

Ela tamb�m aconselha que os jovens fa�am uma avalia��o para entender quais s�o seus verdadeiros interesses. Bovell, por sua vez, dirige-se exclusivamente aos adultos e os convida a prepararem-se e aceitarem mudan�as.

"� preciso familiarizar-se com a ideia de que a identidade da carreira n�o � est�tica, que as trajet�rias de carreira n�o s�o mais lineares e podem ser horizontais ou laterais", conclui.


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