
Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organiza��o social do Minist�rio da Ci�ncia, Tecnologia e Inova��es (MCTI), elucidaram, pela primeira vez, a estrutura molecular completa do v�rus Mayaro, que pode ser transmitido para humanos por mosquitos e causar dor de cabe�a, febre alta e dores nas articula��es.
Os resultados do estudo, apoiado pela Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de S�o Paulo (Fapesp), foram divulgados na revista “Nature Communications” e ser�o cruciais para o desenvolvimento de m�todos de diagn�stico, tratamentos e imunizantes.
Os resultados do estudo, apoiado pela Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de S�o Paulo (Fapesp), foram divulgados na revista “Nature Communications” e ser�o cruciais para o desenvolvimento de m�todos de diagn�stico, tratamentos e imunizantes.
O v�rus foi inicialmente identificado em Trinidad e Tobago na d�cada de 1950 e se espalhou pela Am�rica Latina. Atualmente, a febre do Mayaro � uma doen�a end�mica no Brasil. “O Mayaro circula no pa�s desde 1955. A doen�a causada por esse v�rus tem sintomas gerais e um mais caracter�stico: o incha�o e dores nas articula��es que podem persistir por meses, tamb�m causado pelo v�rus Chikungunya.”
“Nos �ltimos anos, essa doen�a esteve restrita a �reas florestais e rurais na regi�o Amaz�nica, e atualmente tem se expandido para as demais regi�es brasileiras, com quadros cl�nicos no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Essa expans�o se relaciona com o desmatamento e com a transmiss�o do v�rus por diferentes tipos de mosquito, que podem atingir regi�es urbanas. A semelhan�a de sintomas com a doen�a causada por Chikungunya e outras doen�as virais, al�m da falta de diagn�stico, torna a febre de Mayaro altamente negligenciada.”
� o que explica Rafael Elias Marques, pesquisador do CNPEM. Segundo ele, at� o momento n�o existe diagn�stico nem tratamento espec�fico para a doen�a, o que torna o conhecimento aprofundado do v�rus importante para possibilitar estrat�gias mais diretas de combate � doen�a.
"Entender a estrutura de um v�rus nos ajuda a entender a sua biologia, entender como ele interage com as c�lulas humanas e os mecanismos que levam a doen�a"
La�s Coimbra, coautora do estudo
“Conseguimos gerar um modelo 3D do v�rus Mayaro com alta resolu��o, equivalente a uma medida 1000 x menor que um fio de cabelo. Nessa faixa de resolu��o, foi poss�vel observar como as prote�nas e a��cares do v�rus est�o organizadas em sua superf�cie e ver as diferen�as sutis entre esse v�rus e a alguns de seus parentes pr�ximos, como o Chikungunya. Entender a estrutura de um v�rus nos ajuda a entender a sua biologia, entender como ele interage com as c�lulas humanas e os mecanismos que levam � doen�a”, explica La�s Coimbra, coautora do estudo.
Conforme a pesquisadora, os resultados do estudo ajudar�o na busca por medicamentos de forma mais eficiente e r�pida, uma vez que permitir� o foco em alvos espec�ficos do v�rus.
“HANDSHAKE”
A pesquisa descreve como o v�rus se organiza e como suas prote�nas interagem, o que � importante para entender seu ciclo de replica��o e vulnerabilidades para alvo de novos tratamentos.
“Quando conhecemos em detalhes as prote�nas que comp�em a estrutura de um v�rus conseguimos diferenci�-lo de outros pat�genos, colaborando para o desenvolvimento de um diagn�stico mais espec�fico da doen�a. Al�m disso, podemos identificar de forma racional mol�culas que sejam capazes de se ligar ao v�rus e inibir sua replica��o ou entrada na c�lula humana, levando ao desenvolvimento de medicamentos capazes de combater a infec��o”, explica Helder Ribeiro, pesquisador do CNPEM.

Na estrutura, revelada com ineditismo, um dos detalhes que chamam aten��o s�o as cadeias de a��cares ligadas � prote�na E2. Esses a��cares se encontram em uma configura��o que se assemelha a um aperto de m�os, sendo apelidada de “handshake” – aperto de m�os em ingl�s. Os pesquisadores acreditam que esses a��cares, al�m de serem reconhecidos pelo sistema imunol�gico, podem ajudar o v�rus a se organizar e ficar est�vel. A fun��o dessa parte espec�fica do v�rus est� entre os pr�ximos passos do estudo.
E AGORA?
No Sirius, avan�ada fonte de luz, projetada e constru�da pelo CNPEM, � poss�vel realizar experimentos na fronteira da ci�ncia, fundamental para o desenvolvimento de solu��es para lidar com o Mayaro e outros v�rus que afligem o Brasil. As informa��es estruturais completas do v�rus Mayaro permitem avan�ar nas pesquisas sobre o mecanismo de infec��o, alvos de novas terapias e desenvolvimento de estrat�gias para diagn�stico.
Al�m disso, a equipe do CNPEM pretende aplicar as t�cnicas bem-sucedidas com o Mayaro para compreender detalhes da estrutura de outros v�rus que afligem popula��es econ�mica e socialmente vulner�veis.
“A relev�ncia e o ineditismo dessa pesquisa refletem o potencial da ci�ncia brasileira para atuar na fronteira do conhecimento. Esse trabalho � tamb�m um exemplo da import�ncia de mantermos infraestrutura de ponta no pa�s e, principalmente, recursos humanos qualificados que buscam respostas para perguntas audaciosas e complexas.”
“O CNPEM, al�m do Sirius, disponibiliza uma s�rie de instala��es para a comunidade cient�fica, como � o caso do parque de microscopia eletr�nica, para apoiar os pesquisadores do pa�s na obten��o de avan�os do conhecimento, como vemos com a estrutura molecular do Mayaro”, destaca Antonio Jos� Roque, diretor-geral do CNPEM.
Em meio � pandemia de COVID-19, a tamb�m coautora do estudo Luiza Leme destaca a import�ncia de pesquisas. “A ci�ncia busca entender um problema antes que ele impacte a sociedade de uma maneira mais ampla. O investimento em ci�ncia deve ser visto como um fator de prote��o.”
“Diferentemente do novo coronav�rus, em que a expans�o foi r�pida e de dif�cil de controle, para o Mayaro existe uma gama de medidas que podem impedir a dispers�o urbana, como vigil�ncia de desmatamentos, controle do vetor e investimentos em ci�ncia e vigil�ncia epidemiol�gica. Tamb�m � importante dizer que este trabalho � fruto de colabora��o entre cientistas do Laborat�rio Nacional de Bioci�ncias (LNBio) e do Laborat�rio Nacional de Nanotecnologia (LNNano), que intergram o CNPEM, resultado da combina��o de trabalhos de qualidade de cientistas em m�ltiplas disciplinas do conhecimento.”
*Estagi�ria sob a supervis�o da editora Teresa Caram