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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Imagem fake: 84% das meninas de 13 anos mudam imagem em fotos

Impacto do uso de filtros e apps � negativo na parte f�sica e psicol�gica


27/06/2021 04:00 - atualizado 28/06/2021 15:47

(foto: Dove/Divulgação)
(foto: Dove/Divulga��o)


Pesquisa realizada em dezembro de 2020 pela Dove revela o impacto do uso das redes sociais e filtros na autoestima de meninas entre 10 e 17 anos nos Estados Unidos, Inglaterra e Brasil.

No pa�s, a pesquisa foi conduzida pela Edelman Data & Intelligence com 503 meninas entre 10 e 17 anos e 1.010 mulheres entre 18 e 55 anos. Segundo o estudo, 84% das brasileiras com 13 anos j� aplicaram filtro ou usaram aplicativo para mudar sua imagem em fotos.

Al�m disso, 78% delas tentam mudar ou ocultar pelo menos uma parte ou caracter�stica do corpo de que n�o gostam antes de postar uma foto de si mesmas das redes sociais.

“Esse cen�rio � ocasionado, principalmente, pelos padr�es de beleza socialmente aceitos, intensificados pelas imagens distorcidas digitalmente. Esses padr�es influenciam e pressionam cada vez mais jovens a distorcerem suas imagens em busca desse ideal de beleza, que n�o pode ser alcan�ado”, comenta Fernanda Gama, gerente da Dove no Brasil.
 
N�o � toa, os dados da pesquisa apontam que 89% das jovens compartilham suas selfies na esperan�a de receber valida��o de outras pessoas. Al�m disso, ferramentas de edi��o, que antes eram dispon�veis apenas para profissionais, agora podem ser acessadas pelos jovens com o toque de um bot�o, sem regulamenta��o espec�fica.

“Essas ferramentas t�m forte apelo de criatividade e autoexpress�o, mas, quando usadas para esconder caracter�sticas do corpo e moldar apar�ncia para atender a padr�es de beleza, podem se tornar prejudiciais para a autoestima das jovens.”

Segundo a gerente da Dove, � por isso que, ap�s um ano de maior tempo na tela e maior exposi��o a ideais de beleza irreais, nunca houve um momento mais importante para falar sobre isso e agir.

Outros dados relevantes do estudo mostram, ainda, que, nesse contexto de redes sociais, 35% das jovens brasileiras dizem se sentir “menos bonitas” ao ver fotos de influenciadores e celebridades. Al�m disso, os �ndices mostram que quanto mais tempo as meninas passam editando suas fotos, mais elas relatam baixa autoestima corporal.

Sessenta por cento das que passam entre 10 e 30 minutos editando as imagens dizem ter baixa autoestima. A pesquisa tamb�m retrata que meninas que distorcem suas fotos s�o mais propensas a ter baixa autoestima corporal (50%) em compara��o com as que n�o distorcem suas fotos (9%).

Para a psiquiatra Jaqueline Bifano, isso tem muito a ver com a maior conex�o e contato com as redes sociais. “Atualmente, vemos crian�as e adolescentes com perfis reais e com v�rios seguidores. Nesses aplicativos, temos contato com influenciadores digitais, atores e com os famosos filtros, uma brincadeira que tem levado pessoas a desenvolverem transtornos, como o dism�rfico corporal, que faz com que o indiv�duo tenha uma vis�o distorcida de si.”

A pandemia da COVID-19 veio como agravante. Estamos mais tempo dentro de casa e n�o podemos nos relacionar com outras pessoas. Isso acaba sendo mais um motivo para ficarmos mais tempo no celular e aplicativos.

“Por mais que haja um movimento para acabar com a padroniza��o da beleza, ainda assim estamos expostos a todo tempo. Se n�o tomarmos cuidado, isso pode mexer conosco, que somos adultos. Imagine com o comportamento de adolescentes, que est�o passando por um per�odo de mudan�as e desenvolvimento evolutivo”, comenta.

Ela considera importante que a autoestima seja educada. No entanto, muitas vezes, ocorre o contr�rio. “Nessa fase da vida, jovens passam por mudan�as hormonais que acabam gerando altera��es f�sicas, como espinhas, pelos indesej�veis e gordura localizada. Tudo isso mexe muito com a autoestima, somado �s horas nas redes sociais vendo pessoas da mesma idade com pele e corpo perfeitos, e tamb�m artistas impec�veis, o que prejudica ainda mais o emocional do paciente.”

 
PADR�O INSTAGRAM 


A estudante L.N., de 13 anos, que n�o quis se identificar, sofre isso na pele. Segundo ela, na maioria das vezes, por n�o gostar de algumas caracter�sticas em si, sente-se mal quando n�o faz uso de aplicativos em suas fotos.

“Uso apps de edi��o e filtros desde sempre, por ajudar a aumentar a minha autoestima e corrigir ilumina��o e outras coisas. E como atualmente tudo � postado, as pessoas imp�em um padr�o a ser seguido, fazendo com que fa�amos o m�ximo para ser igual �s meninas que o Instagram mostra”, conta. “Muitos ficam nos comparando com outras pessoas, julgando quem somos, e isso acaba nos deixando mal e cada vez mais tristes”, diz.

O resultado, segundo Jaqueline Bifano, � que meninas cada vez mais novas acabam insatisfeitas com a pr�pria imagem, tendem a sair e a socializar menos. “O uso excessivo das redes sociais � uma das principais causas do transtorno dism�rfico corporal, desencadeando quadros de ansiedade e depress�o”, aponta a especialista.

A psiquiatra explica que, aos poucos, a aus�ncia de tra�os “perfeitos” faz com que, para al�m dos filtros, as pessoas queiram modificar aspectos da face ou do corpo, j� que tudo o que n�o encaixa nos filtros passa a ser visto como algo que precisa de mudan�a. A jovem L.N. j� sente essa consequ�ncia. Isso porque, al�m de ter o desejo de engordar para atingir o padr�o de corpo socialmente ideal, ela j� quis fazer rinoplastia. “N�o gosto do meu nariz. Queria ser como as meninas que vejo”, desabafa.

Essas ferramentas t�m forte apelo de criatividade e autoexpress�o, mas quando usadas para esconder caracter�sticas do corpo e moldar apar�ncia para atender a padr�es de beleza podem se tornar prejudiciais para a autoestima das jovens

Fernanda Gama, gerente da Dove no Brasil

 
Segundo o dermatologista Lucas Miranda, essa rela��o � real. “Esses aplicativos aparecem mostrando padr�es irreais de beleza e t�m, sim, impactado na vida de in�meras meninas e mulheres, como revelado pela pesquisa. � algo que n�s, dermatologistas e cirurgi�es, temos percebido com frequ�ncia no consult�rio. Um n�mero cada vez maior de meninas e mulheres querendo, de alguma forma, melhorar algo na apar�ncia para se sentirem melhores.”

No caso de adolescentes, isso pode ser um fator agravante. A pr�-adolesc�ncia � marcada por muitas mudan�as f�sicas que geram problemas com a autoestima. O dermatologista afirma que o que conta, e muito, � o bom senso do m�dico para saber se a queixa realmente tem fundamento ou se � algo que a paciente est� enxergando sem precisar de mudan�as.

“N�o existe idade m�nima para realizar procedimentos est�ticos. Se algo incomoda e tem impacto psicossocial, isso pode e deve ser corrigido. Mas existe um limite, que � algo t�nue, da supervaloriza��o de queixas, muitas vezes aumentadas pelo uso desenfreado de redes sociais e exposi��o a essa falsa realidade do padr�o de perfei��o.”

Lucas Miranda, dermatologista(foto: Leca Novo/Divulgação)
Lucas Miranda, dermatologista (foto: Leca Novo/Divulga��o)
Lucas Miranda diz que, na primeira consulta, � v�lido que o m�dico observe o paciente por completo, avaliando se existe algum disformismo na fala, mesmo que sutil, para entender o limite entre o que realmente o incomoda fisicamente e o prejudica em �mbito social e o que se enquadra em um transtorno de imagem.

“Todos n�s, por mais que queiramos mudar algo, temos caracter�sticas individuais e que fazem parte da nossa ess�ncia. N�o adianta querer ou tentar ser como o outro, pois somos diferentes e essa � a gra�a da vida.”


AUTOESTIMA E AUTOACEITA��O


� muito importante que os pais estejam sempre “lado a lado” ao filho para antever problemas e se apresentar como ajuda e escuta. “Se nossa face e corpo n�o obedecem � perfei��o das redes, � comum que sentimentos como baixa autoestima comecem a surgir. Esse universo de sofrimento pode acontecer com todos.

Os pais devem ficar atentos a essa press�o e come�ar a perceber sinais, pois � bem prov�vel que o jovem n�o esteja mais se vendo e se aceitando como �. E a forma de se igualar ao mundo idealizado pelas redes � por meio dos filtros ou busca por mudan�as”, aponta o psic�logo Lucas Morelli.

Para o especialista, � v�lido falar, tamb�m, sobre a autoaceita��o, mostrando aquilo que a crian�a tem de bom e n�o o que ela precisa ser ou ter para se sentir bem. O que � colocado nas redes sociais � irreal. Por tr�s da vida perfeita, as coisas mudam totalmente.

Pessoas que j� t�m transtorno mental e baixa autoestima precisam procurar ajuda profissional para orient�-las. “Elas precisam de algu�m para ajud�-las enxergar a beleza que existe dentro delas. E essa beleza vai muito al�m da apar�ncia f�sica. O que vale � o que somos enquanto pessoas. Nada disso tem a ver com nossa beleza ou n�o. A imagem � importante. Mas todos temos defeitos e qualidades.”

CUIDE-SE!


Dicas para ajudar no processo de autoaceita��o

» Gaste menos tempo em redes sociais e procure outras formas de lazer, principalmente com pessoas reais. Diga n�o aos filtros na face!

» Converse com outras pessoas sobre o que est� acontecendo para saber que todos n�s, de alguma forma, temos defeitos e qualidades.

» Lembre-se: � imposs�vel agradar a todos, e as pessoas que importam est�o interessadas em voc�, independentemente de filtro e procedimentos est�ticos ou n�o.

» N�o se esque�a de que se comparar com algu�m e se sentir desconfort�vel � normal. Portanto, cobre-se menos!

» Entenda: procurar ajuda m�dica n�o � um problema, mas sim a solu��o.

Fonte: Jaqueline Bifano, psiquiatra
 

* Estagi�ria sob supervis�o da editora Teresa Caram  


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