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Estado de Minas TRANSTORNOS MENTAIS

Maior estudo mundial da �rea identifica genes espec�ficos na esquizofrenia

Cientistas analisaram o DNA de mais de 300 mil pessoas com e sem esquizofrenia; 1 em cada 300 pessoas no mundo tem a doen�a


08/04/2022 13:44 - atualizado 08/04/2022 14:31


Mental
Cientistas, incluindo grupo de pesquisadores da Unifesp e Santa Casa de SP no Brasil, realizaram o estudo (foto: Pixabay/Divulga��o)

O maior estudo gen�tico internacional j� realizado at� hoje sobre esquizofrenia identificou um grande n�mero de genes espec�ficos que poderiam desempenhar pap�is importantes nesse transtorno psiqui�trico. Um grupo de centenas de pesquisadores de 45 pa�ses analisou o DNA de 76.755 pessoas com esquizofrenia e 243.649 sem ela para entender melhor os genes e os processos biol�gicos que sustentam a condi��o.

 

Esse estudo realizado pelo Cons�rcio de Gen�mica Psiqui�trica (do ingl�s Psychiatric Genomics Consortium, o PGC) foi liderado por cientistas da Universidade de Cardiff -- Pa�s de Gales (Michael O'Donovan e James Walters) e teve a participa��o de pesquisadores da Universidade Federal de S�o Paulo - Unifesp (Sintia Belangero, Ary Gadelha, Rodrigo Bressan, Cristiano Noto, Marcos Santoro e Vanessa Ota) e Santa Casa de Miseric�rdia de S�o Paulo (Quirino Cordeiro).

 

Os pesquisadores encontraram um n�mero muito maior de associa��es gen�ticas com a esquizofrenia como nunca antes reportado e, essas associa��es est�o presentes em 287 regi�es diferentes do DNA, "o c�digo do corpo humano" e, usando m�todos avan�ados, identificaram que dentro dessas regi�es 120 genes s�o capazes de contribuir fortemente para o dist�rbio, explica a pesquisadora-l�der Sintia Belangero, co-autora do artigo "Mapping genomic loci implicates genes and synaptic biology in schizophrenia", publicado sobre o tema na �ltima quarta-feira (6/4) na revista Nature, uma das mais importantes e prestigiadas publica��es cient�ficas do mundo.

 

Al�m disso, os cientistas mostraram que o risco gen�tico da esquizofrenia � visto em genes concentrados em c�lulas cerebrais chamadas neur�nios, mas n�o em qualquer outro tipo de tecido ou c�lula, sugerindo que � o papel biol�gico dessas c�lulas crucial para a esquizofrenia e que esses genes espec�ficos do c�rebro podem auxiliar a desenvolver novas terapias para esta grave doen�a mental.

 

Os pesquisadores tamb�m relatam que este estudo mundial lan�a a luz mais forte at� agora sobre as bases gen�ticas da esquizofrenia. "Grande parte dos pacientes n�o respondem bem aos tratamentos atuais e � fundamental que estudos desse n�vel sejam realizados para avan�armos na compreens�o do transtorno e auxiliar no desenvolvimento de novos alvos terap�uticos", diz outro co-autor do artigo, Ary Gadelha.

 

"Os resultados revelaram que 24% da origem da doen�a pode ser atribu�da a um tipo de variante gen�tica chamada SNVs (do ingl�s Single Nucleotide Variants), mas lembrando que outros fatores gen�ticos podem estar envolvidos como as muta��es, al�m de fatores ambientais tamb�m, esclarece a professora Sintia Belangero.

 

"Pesquisas anteriores j� haviam mostrado associa��es entre a esquizofrenia e sequ�ncias an�nimas de DNA, mas raramente foi poss�vel vincular as descobertas a genes espec�ficos", disse o co-l�der da pesquisa professor Michael O'Donovan.

 

"O presente estudo n�o s� aumentou enormemente o n�mero dessas associa��es gen�ticas, mas agora tamb�m conseguiu associar muitas delas a genes espec�ficos, um passo necess�rio no que continua sendo uma jornada dif�cil para entender as causas deste dist�rbio e identificar novos tratamentos", complementa o pesquisador da universidade galesa.

 

A esquizofrenia � um dist�rbio psiqui�trico grave que afeta aproximadamente 24 milh�es de pessoas no mundo e mais de 2 milh�es de brasileiros. Isso representa que 1 em 300 pessoas em todo o mundo tem a doen�a e essa taxa � ainda maior entre adultos (1 em cada 222 pessoas). Ela se inicia mais comumente no final da adolesc�ncia ou no in�cio da vida adulta e est� frequentemente associada a uma defici�ncia significativa nas �reas pessoais, familiares, sociais, educacionais e ocupacionais da vida do portador, de acordo com a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS).

 

Al�m de ser o maior estudo desse tipo j� realizado, dessa vez os pesquisadores inclu�ram no levantamento mais de 7.000 pessoas com ancestralidade afro-americana e latina, pessoas normalmente n�o inclu�das em estudos mundiais. Eles dizem que esse � um pequeno passo para garantir que os avan�os que v�m dos estudos gen�ticos possam beneficiar pessoas al�m daquelas de ancestralidade europeia.

 

Algumas iniciativas j� est�o acontecendo para modificar esse cen�rio e incluir uma maior representatividade de popula��es africanas e latino-americanas. A principal delas � o projeto Populations Underrepresented in Mental Illnesses Association Studies (PUMAS), que inclui 4 pa�ses na �frica e 3 na Am�rica Latina, incluindo o Brasil. No pa�s, o projeto come�ou recentemente sua coleta de dados e � liderado pelos professores Ary Gadelha e Sintia Belangero (Unifesp -- Escola Paulista de Medicina / EPM), com a colabora��o do mesmo grupo de pesquisadores j� citados.

 

Embora haja grande n�mero de variantes gen�ticas envolvidas na esquizofrenia, o estudo mostrou que elas est�o concentradas em genes expressos em neur�nios, apontando estas c�lulas como o local mais importante da doen�a. As descobertas tamb�m sugerem que a fun��o anormal dos neur�nios na esquizofrenia afeta muitas �reas do c�rebro, o que poderia explicar seus diversos sintomas, que podem incluir alucina��es, del�rios e distor��es de pensamento.

 

Um estudo complementar envolvendo muitos dos mesmos cientistas e liderado pelo Broad Institute of Harvard (EUA), tamb�m publicado em paralelo nesta mesma edi��o da Nature, examinou muta��es que, embora muito raras, t�m grandes efeitos sobre uma pequena propor��o de pessoas que as carregam, revelando que alguns genes e aspectos que se sobrep�e a outras doen�as como autismo e doen�as de neurodesenvolvimento.

 

O Cons�rcio de Gen�mica Psiqui�trica � financiado pelo Instituto Nacional de Sa�de Mental (NIMH) dos EUA e no Brasil o estudo foi apoiado pela Funda��o de Amparo � Pesquisa do Estado de S�o Paulo (Fapesp).

 

O professor Rodrigo Bressan, tamb�m co-autor do artigo, menciona que "estudos mundiais como este, que s�o frutos de uma grande colabora��o global, s�o marcos para a compreens�o da origem da esquizofrenia". Sintia Belangero ressalta que ainda h� uma longa jornada pela frente ap�s essas descobertas, mas esses resultados v�o facilitar os caminhos a serem percorridos.

 

"Este estudo demonstra a import�ncia e o poder de grandes amostras em estudos gen�ticos, a fim de construir conjuntos de dados maiores e mais diversificados", concordam Marcos Santoro e Vanessa Ota, pesquisadores da Unifesp igualmente integrantes das pesquisas.


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