
A psicanalista tamb�m diz ser preciso levar em conta que a mudan�a repentina para rela��es virtuais trouxeram � tona o imediatismo. Uma situa��o em que a pessoa n�o precisa se deslocar, consegue fazer muitas coisas ao mesmo tempo, mas que tamb�m passou a conviver com a restri��o financeira e de espa�o, com atividades que eram tidas como lazer ou cotidianas e passaram a ser problemas. A quantidade de informa��es recebidas ao mesmo tempo, dificultando seu processamento.

"Muita gente se reinventou, inseriu em grupos, passou a participar de outras institui��es. S�o necessidades n�o apenas psicol�gicas, mas f�sicas, motoras. Idosos, por exemplo, que tiveram quadros piorados, restri��o de movimenta��o. Pessoas que precisam de tratamento di�rio que n�o deram continuidade por medo de se deslocar ou porque os servi�os foram suspensos", lembra Cinthia Demaria.
Situa��o vivida por Meiry Geraldo, de 52 anos, musicoterapeuta, m�e de um adolescente de 16, Artur Rauba, portador de autismo severo, n�vel tr�s, situa��o de depend�ncia que necessita de apoio di�rio. Desde o nascimento, passaram-se um ano e oito meses para chegar ao diagn�stico.
TREINAR HABILIDADES
Artur Rauba passou por diversas fases de tratamento e de profissionais especializados, como fonoaudiologia, terapia ocupacional, ecoterapia, psican�lise, terapia comportamental. Desenvolveu diversas habilidades e faz tratamento cont�nuo de Atividades da Vida Di�ria (AVD). Os pais tamb�m foram treinados, o que ajudou no prosseguimento das pr�ticas durante isolamento na pandemia.
Meiry Geraldo conta que fez treinamentos em casa, "incorporei ao meu dia a dia, e algo mais como estimula��o atrav�s da m�sica e da arte. Na pandemia trabalhamos escova��o de dentes, vestir roupa, ir ao banheiro. Autonomia � fundamental para essas crian�as. A pandemia foi p�ssima em todos os sentidos. O autismo tem problema basicamente em dois pontos, comunica��o e intera��o social. Ele tem movimentos repetitivos estereotipados. As crian�as perderam a intera��o social, o conv�vio com seus pares. A escola � um grande facilitador pra isso, onde encontram ambiente familiar, de crian�a com crian�a."
A musicoterapeuta reconhece que nem todos os pais, na pandemia, t�m como dar essa aten��o ao filho. "Foi p�ssima (a pandemia) na comunica��o, n�o tinham como experimentar, tentar brincar com pessoas dentro de casa. Ficar engessada em um apartamento. Crian�a tem energia, n�o podia sair para caminhar. Eles necessitam desenvolver uma rotina e quando isso � quebrado tudo se desorganiza. Meu filho n�o fala, e � preciso entender os sinais. Ele pega o sapato demonstrando que quer sair. Agora recome�amos com um personal training que sai duas vezes por semana tamb�m para passear e tamb�m faz passeios de triciclo."
VULNER�VEIS
A psic�loga V�nia de Morais reconhece que houve sim um efeito devastador sobre sa�de mental, e que os impactos ainda v�m sendo estudados mundo afora. "Os mais atingidos s�o os mais vulner�veis, crian�as, jovens, mulheres profissionais de sa�de e educa��o, e em vulnerabilidade social que ficaram expostas em maior intensidade ao v�rus, por viverem em comunidades onde aglomera��o � inevit�vel. Perderam mais pessoas da fam�lia. Crian�as que n�o puderam ir � escola, separadas de seus colegas, que n�o puderam aprender no ambiente escolar, privados de amigos e professores. Muitas n�o se adaptaram �s aulas on-line e ainda hoje sentem dificuldades de aprendizagem e de conviv�ncia em casa."
A psic�loga tamb�m destaca os desafios de pais que se sentiram sobrecarregados com m�ltiplas fun��es, mesmo em casa. "A conviv�ncia em casa gerou muito conflito familiar, vejo isso na cl�nica, entre pais e filhos, e casais. Evidenciou muitos conflitos latentes, muitos elevado a graus que chegaram � viol�ncia dom�stica."
De acordo com o Instituto Brasileiro de Informa��o em Ci�ncia e Tecnologia (Ibict), em publica��o "Aspectos sociais – Evid�ncias Covid 19", h� um conjunto de aspectos sociais que s�o decorrentes da pr�pria pandemia, enquanto tamb�m h� outros aspectos sociais consequentes aos processos do seu enfrentamento.
Os estudos sobre aspectos sociais associados a uma epidemia compreendem assuntos como, medidas de enfrentamento dos problemas pelas equipes e unidades de sa�de, pelas inst�ncias governamentais, pelas comunidades, associa��es e por grupos da sociedade.
Os estudos sobre aspectos sociais associados a uma epidemia compreendem assuntos como, medidas de enfrentamento dos problemas pelas equipes e unidades de sa�de, pelas inst�ncias governamentais, pelas comunidades, associa��es e por grupos da sociedade.
Mapeamento de estrat�gias de enfrentamento coletivo frente �s dificuldades enfrentadas, aspectos culturais que influenciam no avan�o ou na conten��o da pandemia. Desigualdades sociais que podem afetar na evolu��o da pandemia em locais com poucos recursos e pouco investimento p�blico.
Aspectos socioecon�micos que influenciam na ades�o da popula��o �s medidas de enfrentamento governamentais, o impacto socioecon�mico e cultural das medidas de isolamento social.
Aspectos socioecon�micos que influenciam na ades�o da popula��o �s medidas de enfrentamento governamentais, o impacto socioecon�mico e cultural das medidas de isolamento social.