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Estado de Minas INTOLER�NCIA � GL�TEN

Maio Verde: pessoa com doen�a cel�aca pode apresentar altera��o neurol�gica

Hoje, 20 maio, � considerado o Dia Nacional da Pessoa com Doen�a Cel�aca; estima-se que 1% da popula��o mundial tenha, mas no Brasil, n�o h� dado oficial


20/05/2022 10:00 - atualizado 20/05/2022 10:35

Plantação de trigo
A doen�a cel�aca � desencadeada pela ingest�o de gl�ten, prote�na presente em gr�os como trigo, aveia, centeio e cevada (foto: Beatrice Schmuki/Pixabay )
A doen�a cel�aca � uma condi��o autoimune e gen�tica desencadeada pela ingest�o de gl�ten (prote�na presente em gr�os como trigo, aveia, centeio e cevada). Ela agride as c�lulas de defesa do organismo, causando um processo inflamat�rio que afeta principalmente o intestino delgado, levando � atrofia das vilosidades no �rg�o e diminuindo a capacidade de absor��o dos nutrientes.

Desde 2016, um projeto de lei da Federa��o Nacional dos Cel�acos (Fenacelbra), ainda tramita na C�mara dos Deputados, para que a data de hoje, 20 de maio, se torne o Dia Nacional da Pessoa com Doen�a Cel�aca de forma oficial junto ao governo. 


 Marcelo Valadares, neurocirurgi�o, m�dico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e pesquisador da disciplina de neurocirurgia da Faculdade de Ci�ncias M�dicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que "a doen�a cel�aca � considerada multissist�mica, portanto pode acometer in�meras regi�es do organismo, incluindo o c�rebro”. Conforme ele, "entre as principais formas de manifesta��es neurol�gicas da condi��o est�o a cefaleia, a neuropatia perif�rica e a ataxia".

O neurocirurgi�o ensina que a suspens�o total do gl�ten da dieta s� � recomendada quando paciente tem o diagn�stico de doen�a cel�aca ou de sensibilidade ao gl�ten n�o cel�aca (SGNC). "A primeira � uma doen�a autoimune, mutissist�mica e heredit�ria. J� a segunda (SGNC), � uma “intoler�ncia”, que pode ser diagnosticada apenas depois que a doen�a cel�aca � descartada."
 

Marcelo Valadares, médico
Marcelo Valadares, neurocirurgi�o, m�dico do Hospital Israelita Albert Einstein, diz que doen�a cel�aca � autoimune, mutissist�mica e heredit�ria (foto: Arquivo Pessoal)
E para que esse diagn�stico ocorra, Marcelo Valadares enfatiza que o paciente deve passar por um gastroenterologista, que ir� pedir os exames necess�rios (sorologias e endoscopia digestiva alta com bi�psia de 6 a 8 fragmentos da por��o duodenal do intestino). "Antes de fazer os exames, o paciente n�o deve restringir o gl�ten, porque isso pode atrapalhar o diagn�stico. Essa � a �nica forma de chegar a um resultado confi�vel. Quando existe dor de cabe�a leve ou enxaqueca como um sintoma, o neurologista consultado pode ser um aliado para que se chegue ao diagn�stico, avaliando os sintomas de forma adequada e, acima de tudo, considerando a possibilidade dessa doen�a." 

O neurocirurgi�o lembra que nem sempre a enxaqueca est� relacionada � ingest�o de gl�ten. "Existem in�meras outras causas. Por�m, quando associada � doen�a cel�aca, os pacientes costumam apresentar melhoras significativas em pouco tempo ap�s a retirada definitiva do gl�ten."
 

Marcelo Valadares afirma que a dor de cabe�a causada pela doen�a cel�aca est� relacionada a citocinas inflamat�rias: "O contato com o gl�ten desencadeia uma resposta sist�mica com produ��o de irradiadores inflamat�rios que causariam, por exemplo, os sintomas das dores de cabe�a. � por isso que um cel�aco diagnosticado que reduz o gl�ten e tem enxaqueca, por exemplo, diminui a frequ�ncia das dores com a retirada da prote�na da alimenta��o".

O neurocirurgi�o conta que por muito tempo acreditou-se que as manifesta��es neurol�gicas de cel�acos estavam relacionadas com a perda de vitaminas ocasionada pelos danos do gl�ten ao intestino delgado. "Em 1966, entretanto, uma pesquisa realizou a bi�psia de tecidos cerebrais e nervos perif�ricos, e observou-se que havia inflama��o. Essa inflama��o teria origem na resposta imunol�gica adequada, atacando as pr�prias estruturas dos sistemas nervoso central e perif�rico”, explica.
 
Entre as principais formas de manifesta��o neurol�gica observada em cel�acos, est� a ataxia. "As ataxias s�o sintomas de incoordena��o motoras no cerebelo, que � respons�vel por diversas fun��es. Pacientes com doen�a cel�aca frequentemente podem ter um processo inflamat�rio no cerebelo, e isso pode levar � incoordena��o da fala e dos movimentos dos bra�os ou pernas", esclarece o neurocirurgi�o.

Marcelo Valadares alerta que "a ataxia � um problema grave. Mas boa parte das manifesta��es cl�nicas associadas a doen�a cel�aca podem ser potencialmente graves se n�o tratadas, em especial as manifesta��es gastrointestinais."

Al�m disto, outra rea��o comum � a neuropatia perif�rica, que acomete os nervos das m�os e dos p�s: "Ela pode causar principalmente altera��es de sensibilidade, como percep��o do toque, de temperatura, de vibra��o e, at� mesmo, de altera��o de for�a. Outra doen�a tamb�m pode causar neuropatia perif�rica � o diabetes melittus". Neste caso, o m�dico neurologista saber� avaliar e orientar corretamente o que � respons�vel e como tratar.
   

Diagn�stico confirmado exige exclus�o do gl�ten da dieta 

Marcelo Valadares diz que � important�ssimo lembrar que a doen�a cel�aca n�o � uma simples intoler�ncia alimentar e, por isso, deve ser tratada com seriedade. "N�o existem tratamentos paliativos: o �nico tratamento existente at� o momento � a isen��o total do gl�ten da dieta e da contamina��o cruzada. Uma porcentagem m�nima de gl�ten ingerido (um farelo, por exemplo) j� pode ser prejudicial ao cel�aco tanto no momento da ingest�o, quanto no futuro."

O m�dico avisa: "N�o �, de forma alguma, uma recomenda��o m�dica que estes pacientes continuem ingerindo gl�ten. Isso est� descrito inclusive em estudos. A exclus�o total da dieta � mandat�ria. O cel�aco deve, inclusive, tomar muito cuidado na alimenta��o fora de casa. Existem hoje excelentes op��es sem gl�ten nos principais mercados, que est�o cada vez mais acess�veis. Tamb�m existem formas de se alimentar de forma saud�vel dentro de casa. Lembrando sempre que o paciente nunca deve retirar o gl�ten por conta pr�pria antes de fazer os exames com orienta��o m�dica: isso pode afetar o diagn�stico."   


N�o existe cura


Placa de proibido trigo
Apesar de n�o ser uma doen�a rara, essa � uma condi��o ainda incompreendida, principalmente no Brasil (foto: Kurious/Pixabay )
N�o h� cura para a doen�a cel�aca e, at� o momento, o �nico tratamento poss�vel � a retirada total de alimentos que contenham gl�ten.
 
A forma cl�ssica da doen�a, mais conhecida inclusive entre os pr�prios cel�acos diagnosticados, conta principalmente com sintomas intestinais, como: diarreia, perda de peso, excesso de gases e distens�o abdominal. Muitas vezes, quando os sintomas n�o s�o �bvios, existem dificuldades para a identifica��o por meio de outras manifesta��es, como as altera��es neurol�gicas.

Apesar de n�o ser uma doen�a rara, essa � uma condi��o ainda incompreendida, principalmente no Brasil. Estima-se que 1% da popula��o mundial tem a doen�a cel�aca. Por�m, no pa�s, ainda n�o existe uma estat�stica oficial que defina o n�mero de cel�acos, segundo a Federa��o Nacional das Associa��es de Cel�acos do Brasil (Fenacelbra), principalmente devido � dificuldade que muitos pacientes encontram para obter o diagn�stico adequado. 

Marcelo Valadares destaca que "ainda que os n�meros n�o sejam precisos no Brasil, a Fenacelbra estima que 2 milh�es de pessoas sejam cel�acas no pa�s. Esta n�o �, portanto, uma doen�a rara. A falta de conhecimento sobre o tema, inclusive na �rea m�dica, costuma sim trazer dificuldades para que, em muitos casos, se chegue ao diagn�stico correto, principalmente quando os sintomas n�o s�o cl�ssicos".





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