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Estado de Minas INOVA��O

Cientistas estudam alternativas naturais para potencializar antioxidantes

Pesquisadores t�m investigado frutas e legumes ricos em antioxidantes. P� de acerola desenvolvido no Brasil pode vir a substituir antioxidantes artificiais


22/05/2022 18:09 - atualizado 22/05/2022 18:26

Pepipo, alimento rico em antioxidantes
Cientistas buscam alternativas naturais para turbinar antioxidantes (foto: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)

Os antioxidantes s�o valiosos para a sa�de porque conseguem evitar os danos relacionados ao envelhecimento e combater os radicais livres, elementos qu�micos produzidos pelo corpo que, em excesso, podem ser t�xicos. Pesquisadores t�m se dedicado a estudar o comportamento dessas mol�culas na tentativa de desenvolver estrat�gias que potencializem os benef�cios j� constatados. Um dos principais campos de investiga��o s�o frutas e legumes naturalmente ricos nessas subst�ncias poderosas.

Uma equipe da Universidade Estadual da Pensilv�nia, nos Estados Unidos, investiga os efeitos das ameixas secas, dando foco a mulheres mais velhas que consomem o alimento frequentemente. "As interven��es nutricionais n�o farmac�uticas est�o se tornando cada vez mais populares, e esse fruto tem sido extensivamente estudado como uma interven��o potencial em algumas popula��es que sofrem com problemas �sseos, como a osteoporose", relata, em comunicado, Connie J. Rogers. A pesquisadora e colegas divulgaram os resultados do estudo em um artigo publicado recentemente na revista Advances in Nutrition.

No trabalho, os pesquisadores revisaram mais de 18 estudos cient�ficos e conclu�ram que as volunt�rias na p�s-menopausa que consumiam de 50g e 100g por dia de ameixa seca apresentavam menos risco de sofrer com perda �ssea. Com base em diversos ensaios cl�nicos (humanos) e pr�-cl�nicos (animais), os pesquisadores sugerem que os compostos fen�licos (grupo de antioxidantes) e o teor de fibra alimentar presente na fruta podem alterar o microbioma intestinal, diminuindo a circula��o de marcadores inflamat�rios e melhorando a renova��o �ssea.

"H� evid�ncias crescentes, incluindo agora o nosso trabalho, de que esses efeitos protetores �sseos das ameixas secas podem estar ligados a sua atividade antioxidante e anti-inflamat�ria", enfatiza Rogers. Na avalia��o de Iara Calazans, nutricionista da Cl�nica Corporeum, em Bras�lia, os dados obtidos pela equipe americana contribuem para o desenvolvimento de estrat�gias que podem ajudar a favorecer um envelhecimento mais saud�vel.

"Em uma �poca em que a popula��o cresce muito e, principalmente, em longevidade, uma pesquisa assim � muito v�lida. Ela aposta em uma fruta desidratada, fala da a��o antioxidante e anti-inflamat�ria exercida pelos compostos fen�licos e pela quantidade de fibras presentes na ameixa", diz.

Cristiano Sampaio, nutricionista ortomolecular do Hospital Santa Marta, em Bras�lia, tem opini�o semelhante. "O trabalho tem uma boa abordagem, tendo em vista o crescimento da necessidade do conhecimento ortomolecular sobre a preven��o e o tratamento de doen�as e a manuten��o da sa�de e da longevidade", afirma. "Acredito que novos estudos devem ser feitos para uma melhor an�lise e um amplo conhecimento sobre o assunto."

Segundo Sampaio, como � um alimento rico em nutrientes e compostos fen�licos, a ameixa pode melhorar o perfil antioxidante de quem a ingere diariamente. "Um dos fatores que pode ser destacado nesse alimento � a grande quantidade de magn�sio e c�lcio. Costumo chamar o magn�sio de mineral rei, pois participa de 650 rea��es fisiol�gicas conhecidas e estudadas em nosso corpo", detalha. "J� o magn�sio participa intensamente no processo antioxidante do organismo humano. Atrav�s dele, uma subst�ncia chamada glutationa � produzida, e ela � um dos principais antioxidantes que o corpo produz."

Efeitos combinados

Na Pol�nia, cientistas da Universidade de Ci�ncias da Vida de Pozna apostam em uma combina��o de alimentos: o pepino, que � rico em antioxidantes, e o creme de leite. Em um estudo publicado no Journal of Dairy Science, a equipe relata que adicionou o vegetal fresco ou em conserva ao latic�nio e obteve resultados promissores.

Os cientistas colocaram, em recipientes distintos, creme azedo, creme azedo com pepino fresco ou creme azedo com pepino em conserva e mantiveram as misturas expostas � luz durante tr�s semanas. No fim do per�odo de descanso e fermenta��o, constatou-se que, na combina��o de creme de leite com pepino em conserva, houve uma diminui��o significativa no teor de colesterol, al�m de um aumento significativo na atividade antioxidante.

Nas outras combina��es, os fen�menos n�o foram observados. "Embora trabalhos futuros sejam necess�rios para entender melhor como as bact�rias l�cticas se comportaram nesse cen�rio, esse estudo mostra que a adi��o de pepinos em conserva ao creme de leite pode reduzir o colesterol e melhorar as propriedades antioxidantes de latic�nios, e essa � uma alternativa que pode facilmente ser adotada pela ind�stria", enfatizam os autores.

Uma das integrantes da equipe de cientistas, Dorota Cais-Sokoliska justifica a escolha pelo pepino. "� uma mat�ria-prima ideal para a produ��o de alimentos fermentados. J� os pepinos em conserva, produzidos por fermenta��o espont�nea, apresentam uma quantidade e variedade de micro-organismos maior. Resolvemos avaliar se usar esse produto traria ainda mais benef�cios nutricionais ao ser adicionado aos industrializados."

Para o nutricionista Cristiano Sampaio, os cientistas acertaram ao tra�ar uma linha de conhecimento em rela��o a produtos fermentados — que s�o repletos de probi�ticos, que influenciam na sa�de do intestino e do corpo —, os testando como um forte antioxidante. "Podemos concluir que novos estudos sobre o assunto ser�o bem-vindos, pois poder�o nos revelar informa��es ainda mais valiosas relacionadas a esses alimentos", afirma.

P� de acerola em escala industrial

Pó de acerola pode, eventualmente, substituir o uso de TBHQ (antioxidante artificial)
P� de acerola pode, eventualmente, substituir o uso de TBHQ (antioxidante artificial), afirma pesquisadora (foto: Bianca Teixeira/Divulga��o)

Os antioxidantes s�o usados comumente pela ind�stria aliment�cia e de cosm�ticos. Por�m, as mol�culas utilizadas nesses processos t�m origem sint�tica e podem gerar preju�zos ao organismo. Preocupados com a a��o dessas subst�ncias, alguns pa�ses j� proibiram o uso desses elementos, e especialistas buscam op��es naturais para substitu�-los.

"H� v�rias pesquisas que comprovam a presen�a de compostos antioxidantes em diversas fontes. Mas como fazer para que essas subst�ncias de interesse e com grande potencial nutritivo possam ser produzidas em escala industrial de forma t�cnica e economicamente fact�vel?", questiona, em entrevista � Ag�ncia Fapesp de not�cias, Thais Maria Ferreira de Souza Vieira, professora do Departamento de Agroind�stria, Nutri��o e Alimentos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP).

Vieira e seus colegas de pesquisa resolveram estudar os compostos fen�licos da acerola em busca de antioxidantes que fossem t�o eficazes quanto os artificiais. Os especialistas pegaram cerca de 10kg da fruta e usaram �gua ou etanol como solvente. As amostras foram, ent�o, liofilizadas — processo que extrai a �gua do alimento — e submetidas a centrifuga��o e filtragem. Depois, o extrato foi transformado em p�.

Bianca Ferraz Teixeira, tamb�m autora do estudo, explica que o m�todo foi escolhido por ser largamente utilizado na ind�stria. "Essa tecnologia nos permite transformar o extrato da acerola em um antioxidante em p�, que pode ser armazenado, comercializado e utilizado de forma simples. Eventualmente, pode vir a substituir a TBHQ (antioxidante artificial), que tamb�m � usada no mesmo formato", explica.

Em uma �ltima etapa, os cientistas testaram o material na produ��o de uma emuls�o � base de �leo, emulsificante e �gua, que � parecida com alimentos industriais como a maionese e molhos de salada. "Adicionamos a concentra��o permitida pelas normas vigentes do antioxidante sint�tico e diversas concentra��es do p� de acerola microencapsulada. Vimos que nosso produto foi t�o efetivo quanto a TBHQ na mesma concentra��o", relata Teixeira.

�cidos concentrados

Os pesquisadores explicam que a acerola tem grande concentra��o de �cido asc�rbico (vitamina C) — que apresenta uma atividade antioxidante considerada alta. "A fruta tamb�m cont�m �cidos fer�lico, clorog�nico e cum�rico. Mas os testes realizados indicam que, no caso da acerola verde, o que est� mais presente � o �cido asc�rbico", explica a cientista.

Segundo ela, os resultados vistos no estudo foram muito positivos, o que abre as portas para um poss�vel uso comercial do p� de antioxidantes da acerola em substitui��o aos produtos indutrializados. "Foi o primeiro produto, de todos os que j� testamos em laborat�rio, que teve o mesmo desempenho. Usamos a TBHQ como baliza por ser uma subst�ncia muito eficiente. Mas na Fran�a, no Jap�o e nos Estados Unidos, esse antioxidante sint�tico j� praticamente n�o � usado. Assim, encontrar uma alternativa natural t�o eficaz e t�o f�cil de aplicar � um feito e tanto", comemora. Detalhes do trabalho foram apresentados na revista Future Foods.




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