(none) || (none)

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

UAI
Publicidade

Estado de Minas

Maconha � ligada � depress�o e ao suic�dio

Consumo na adolesc�ncia pode aumentar o risco de ocorr�ncia das complica��es na vida adulta, mostra an�lise de pesquisadores canadenses baseada em resultados de 11 pesquisas internacionais


postado em 02/03/2019 05:10

 

 








Legalizada em 33 pa�ses para fim medicinal ou recreativo, a maconha est� no centro do debate de formuladores de pol�ticas p�blicas e de especialistas em sa�de, que tentam pesar os benef�cios e malef�cios em potencial da droga. Subst�ncias extra�das da planta s�o usadas h� pelo menos 5 mil anos e, somente no s�culo 20, ela passou a ser criminalizada, uma tend�ncia que muitas na��es e estados come�am a reverter. Agora, estudo publicado na revista Jama Psychiatry, da Associa��o M�dica Norte-Americana, promete acalorar a discuss�o, trazendo evid�ncias de que o consumo de c�nabis na adolesc�ncia aumenta o risco de depress�o, ansiedade e comportamento suicida na idade adulta.

Trata-se da primeira meta-an�lise – uma revis�o cient�fica de estudos sobre o tema – a investigar essa associa��o. Embora trabalhos anteriores tenham encontrado rela��o entre uso da droga e doen�as mentais como esquizofrenia, depress�o e ansiedade em adultos, nenhuma pesquisa de grande porte havia relacionado o uso da maconha na adolesc�ncia e a ocorr�ncia aumentada de importantes transtornos, al�m de suic�dio, mais tarde.

Liderada por Gabriella Gobbi, pesquisadora do Programa de Reparo do C�rebro e Neuroci�ncia Integrativa (BraIN) da Universidade McGill, no Canad�, a equipe fez uma revis�o de 11 estudos internacionais que, juntos, envolveram 23.317 pessoas de 18 a 35 anos e tinham como objetivo analisar casos de depress�o, ansiedade, idea��o suicida e tentativa de suic�dio. Em sete deles, foi perguntado aos participantes sobre o uso de maconha durante a adolesc�ncia, o que permitiu � equipe canadense estimar a associa��o entre o consumo da droga nessa fase da vida e o risco de transtornos mentais na idade adulta.

“O c�rebro est� em desenvolvimento at� os 25 anos de idade e, at� agora, pouca aten��o foi dispensada � avalia��o do impacto do consumo da maconha no risco de depress�o e suic�dio”, observa Gobbi. De acordo com ela, a Am�rica do Norte concentra as maiores taxas de uso de c�nabis na juventude: mais de 20% dos adolescentes norte-americanos afirmam usar a droga, enquanto que, no Canad�, jovens de 15 a 25 anos s�o a faixa em que h� maior utiliza��o da maconha (entre 20% e 33%).

No Brasil, o Levantamento Nacional de �lcool e Drogas (Lenad) de 2012 indica que 1,5 milh�o de adolescentes e adultos fumam c�nabis diariamente, sendo que 62% tiveram o primeiro contato com a subst�ncia antes dos 18 anos. J� a Pesquisa Nacional de Sa�de Escolar (Pense), coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), informa que, em 2016, 236,8 mil estudantes j� tinham utilizado alguma droga il�cita — 6 mil a mais que o relat�rio anterior, de 2012. Ao mesmo tempo, o mundo enfrenta uma epidemia de depress�o e suic�dio. Segundo a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), entre 2005 e 2015, houve aumento de 18,4% nos diagn�sticos da doen�a. O suic�dio � uma das principais causas de morte entre jovens: no Brasil, j� � a segunda.

C�rebro

Na meta-an�lise canadense, os autores encontraram um risco aumentado de depress�o e ansiedade de 7%. J� os casos de suic�dio (idea��o e tentativa) foram tr�s vezes e meia maiores entre os adultos que, na adolesc�ncia, usaram maconha. “Esse � o primeiro estudo que lan�a luz sobre a associa��o do uso cont�nuo da maconha na adolesc�ncia e o risco de depress�o e suic�dio mais tarde. N�o temos como saber se essas pessoas usam a droga porque s�o ansiosas e t�m depress�o e, assim como ocorre com o �lcool, buscam na maconha uma forma de se acalmar momentaneamente ou se a droga � que provoca esse efeito”, destaca o psiquiatra Jo�o Armando de Castro Santos, especialista em depend�ncia qu�mica do Instituto Castro Santos.

Mas existem pistas de que essa segunda hip�tese � a mais prov�vel. Al�m de o c�rebro ainda estar se formando na adolesc�ncia, o especialista lembra que a droga age em �reas cerebrais relacionadas previamente a transtornos mentais. “Existia um rem�dio, o rimonabanto, que atuava no mesmo receptor da maconha. Ele foi retirado do mercado porque aumentava em tr�s vezes o risco de suic�dio”, exemplifica Castro Santos.

Estudos de neuroimagem tamb�m t�m ajudado a visualizar o impacto da c�nabis no c�rebro adolescente. Um artigo europeu publicado na revista Jneurosci com jovens de 14 anos mostrou que regi�es ricas em receptores canabinoides apresentam diferen�as estruturais naqueles que fazem uso da droga. Mesmo os participantes que consomem modestamente a maconha — uma ou duas vezes por semana — t�m volume aumentado nessas �reas.

Os autores demonstraram, al�m disso, uma associa��o entre o aumento da mat�ria cinza cerebral dos usu�rios com sintomas de ansiedade reportados por eles mesmos. “Dada a import�ncia do papel do sistema canabinoide end�geno no desenvolvimento do c�rebro na adolesc�ncia, os jovens podem ser particularmente vulner�veis ao efeito do THC, o componente psicoativo prim�rio da maconha”, afirma Catherine Orr, pesquisadora de biopsicologia da Universidade de Swinburne, na Austr�lia, e um dos autores do trabalho, divulgado em janeiro.

Psicoses

Uma outra pesquisa, publicada, no ano passado, pelo Instituto Nacional de Abuso de �lcool e Alcoolismo dos EUA, comparou a atividade cerebral de 30 jovens usu�rios de c�nabis � de outros 30, do grupo de controle. Os primeiros apresentaram conectividade anormal em importantes regi�es associadas � recompensa e � cria��o de h�bitos. Essas mesmas �reas s�o conhecidas por estar alteradas em pacientes de psicoses.

Os autores do estudo canadense acreditam que o resultado poder� influenciar o debate p�blico sobre a maconha. “Muitos jovens que consomem c�nabis correm o risco de desenvolver depress�o e comportamento suicida. Por isso, � muito importante que as autoridades sejam mais proativas nas campanhas preventivas. Esperamos que as descobertas estimulem as organiza��es de sa�de p�blica a usarem estrat�gias para reduzir o uso de c�nabis entre os jovens”, diz Gabriella Gobbi.



"N�o temos como saber se essas pessoas usam
a droga porque s�o ansiosas e t�m depress�o e (…) buscam na maconha uma forma de se acalmar momentaneamente
ou se a droga � que provoca esse efeito”


. Jo�o Armando de Castro Santos,
psiquiatra e especialista em depend�ncia qu�mica do Instituto Castro Santos


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)