
Os n�veis de degelo �rtico registrados nos �ltimos dois anos atingiram patamares recordes, enquanto por d�cada, entre 1979 e 2020, ca�ram quase 13%. Os cientistas apontaram que uma redu��o de quase 90% da espessura m�dia do gelo marinho j� foi testemunhada no Mar de Barents - uma pequena parte do �rtico -, o que levou � diminui��o na importa��o de gelo marinho da bacia polar, fen�meno importante para resfriar a temperatura oce�nica.
No Mar do Norte, no oceano Atl�ntico, entre a Noruega e a Dinamarca, a variabilidade extrema de per�odos de frio e ondas de calor marinha foi associada a mudan�as relatadas nas capturas de linguado, lagosta europeia, robalo, salmonete e caranguejos comest�veis, diz o documento. J� no Mar Mediterr�neo, ocorreram quatro inunda��es recordes consecutivas em Veneza (novembro de 2019), al�m de terem sido registradas alturas de ondas acima da m�dia na por��o sul.
"Essa variabilidade em curto prazo nas temperaturas do oceano, na forma de ondas de calor ou per�odos de frio, durando de dias a algumas semanas, � uma quest�o de preocupa��o crescente no ambiente marinho porque pode afetar muitos aspectos desses ecossistemas", explica Sarah Wakelin, um dos coautores do relat�rio e pesquisadora do Centro Nacional de Oceanografia (CNO), no Reino Unido.
"O documento destaca como as temperaturas extremas no Mar do Norte causaram uma mudan�a nas capturas de esp�cies comercialmente importantes de peixes e crust�ceos. Aspectos mais amplos, como migra��o para �guas mais quentes ou mais frias, mudan�as na desova e no crescimento, bem como mortalidade e mudan�as comportamentais significam que, em resposta aos extremos de temperatura, os desembarques pesqueiros de algumas esp�cies aumentam, enquanto de outras ser�o reduzidos."
Monitoramento
Os cientistas documentaram que, globalmente, a temperatura m�dia do mar subiu a uma taxa de 0,015 grau Celsius por ano, de 1993 a 2019, e os n�veis de oxig�nio (estoque de O2) no Mar Negro ca�ram a uma taxa de -0,16mol/ m2 por ano, entre 1955 e 2019. Em nota, a presidente do relat�rio, Darina von Schuckmann, da Mercator Ocean International, destacou a necessidade urgente de medidas de monitoramento e prote��o.
"Mudan�as clim�ticas, polui��o e superexplora��o colocaram press�es sem precedentes sobre o oceano, exigindo, com urg�ncia, medidas sustent�veis de governan�a, adapta��o e gest�o, a fim de garantir os v�rios pap�is de suporte de vida que esse ecossistema oferece para o bem-estar humano", disse. "Considerar o oceano como um fator fundamental no sistema terrestre e abra�ar a sua natureza multidimensional e interconectada � a base para um futuro sustent�vel."
Nas 185 p�ginas do relat�rio, que investiga as condi��es e as varia��es em curso no oceano global e nos mares europeus, os cientistas apresentam diversos outros cen�rios preocupantes, como migra��es de peixes-le�es invasivos para o Mar B�ltico, precipita��es e secas extremas no Dipolo do Oceano �ndico, aumento incomum do n�vel do mar no Mar B�ltico e condi��es extremas de ondas no Golfo de B�tnia.
"Como o recentemente publicado IPCC (painel de especialistas em mudan�as clim�ticas da ONU), o Ocean State Report indica que as taxas anuais de aumento m�dio do n�vel do mar global ultrapassaram os 3mm por ano, o que � maior do que o observado no s�culo 20 e sugere uma acelera��o nas taxas de aumento do n�vel do mar", diz Angela Hibbert, chefe de N�vel do Mar e Clima Oce�nico do CNO.
Segundo a especialista, quando as mar�s altas e as grandes ondas de tempestade coincidem, � mais prov�vel que resultem em inunda��es costeiras prejudiciais, especialmente se o n�vel m�dio do oceano tamb�m estiver elevado. "O aquecimento crescente e a perda de massa de gelo das geleiras e mantos de gelo na Groenl�ndia e na Ant�rtica tamb�m far�o com que esses aumentos continuem. Portanto, eventos como o Venetian 'Acqua Alta' destacado nesse relat�rio (as inunda��es em Veneza em 2019) devem se tornar cada vez mais comuns, � medida que o n�vel do mar continua a subir."