As nuvens moleculares de Perseu e Touro, como s�o chamadas, h� muito tempo s�o escrutinadas, devido � sua proximidade com a Terra - entre 500 e 1.000 anos-luz de dist�ncia, uma palha na escala de nossa Via L�ctea, que tem mais de 80.000 anos-luz em di�metro.
Mas tamb�m porque abrigam ber��rios estelares, formados gra�as � mistura de g�s molecular e poeira que comp�e essas nuvens. Finalmente, porque essas nebulosas pareciam estar ligadas por uma esp�cie de filamento. Uma posterior observa��o descartou essa liga��o por suas respectivas dist�ncias de nosso planeta.
"O engra�ado sobre essas duas nuvens", explicou � AFP o pesquisador Shmuel Bialy, do Harvard Center for Astrophysics and the Smithsonian, � que "descobrimos que elas est�o, sim, conectadas, mas n�o da maneira que imagin�vamos, e sim atrav�s de uma cavidade gigante".
Esta foi a primeira vez que cientistas conseguiram desenhar um mapa tridimensional de tal estrutura, batizado de "Per-Tau Shell". Para isso, contaram com a ajuda de avan�adas t�cnicas de c�lculo e de imagem e, especialmente, de um mapa de gases moleculares de uma regi�o maior, desenhado com dados do telesc�pio espacial europeu Gaia.
� preciso imaginar uma "esp�cie de esfera, cujo interior seria vazio", segundo Bialy, uma "superbolha", como � chamada, com um di�metro de cerca de 500 anos-luz (cerca de 4,7 milh�es de bilh�es de km), cujo envelope externo seria parcialmente formado pelas duas nuvens de Perseu e Touro.
O interior da cavidade cont�m um pouco de poeira, "mas com uma densidade muito baixa em compara��o com a das nuvens", disse � AFP o cosm�logo e astrof�sico Torsten Ensslin, professor associado do Instituto Alem�o Max Planck.
- "Periferia" solar -
Ele foi coautor com Shmuel Bialy, autor principal, deste estudo publicado no Astrophysical Journal Letters. � um dos cientistas que fizeram, em 2019 e 2020, o primeiro mapa 3D de nuvens de poeira a uma curta dist�ncia do nosso Sol. E isso gra�as aos dados de Gaia sobre a posi��o e as caracter�sticas de mais de 5 milh�es de estrelas nesta "periferia" solar.
E � uma colega de Bialy, Catherine Zucker, p�s-doutoranda e astrof�sica, que assina um segundo estudo sobre o assunto para explicar como os cientistas t�m feito bom uso deste mapa, com a ajuda de algoritmos desenvolvidos em parte sob sua dire��o.
"Esta � a primeira vez que podemos usar visualiza��es reais em 3D, e n�o simula��es, para comparar a teoria � observa��o e estimar quais teorias funcionam melhor" para explicar de onde veio essa cavidade gigante e as nuvens que repousam em sua superf�cie, disse ela em uma declara��o do Center for Astrophysics.
"Achamos que � devido a uma supernova, uma explos�o gigante que empurrou esses gases e formou essas nuvens", diz Bialy, cujo estudo sugere um cen�rio de m�ltiplas supernovas.
De acordo com essa teoria, uma ou mais estrelas no final de sua vida explodiram e, gradualmente, empurraram a maior parte do g�s em que foram banhadas para formar essa cavidade, entre 6 e 22 milh�es de anos atr�s.
"Estamos agora observando a cavidade em seu �ltimo est�gio, onde j� desacelerou (sua expans�o), e permitiu a forma��o de nuvens" de Perseu e Touro, diz Bialy.
O cientista agora pretende se concentrar nas jovens popula��es de estrelas que est�o surgindo ali.
Quanto ao professor Ensslin, ele espera a "descoberta de muitas outras estruturas", como a de Per-Tau.
"Esta bolha �, provavelmente, apenas uma entre muitas", explica, acrescentando que, apesar de seu tamanho, ocupa um pequeno espa�o no mapa 3D produzido pelo seu departamento. Resta explor�-lo e batiz�-lo.