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Estado de Minas

A chave para preven��o do Alzheimer

Diante de tantas dificuldades para a cria��o de medicamentos, cientistas descobrem que o estilo de vida e os fatores emocionais podem desencadear a doen�a neurodegenerativa


04/08/2019 04:07

Ressonância magnética busca sinais precoces do Alzheimer(foto: Matthew R. Brier/Divulgação)
Resson�ncia magn�tica busca sinais precoces do Alzheimer (foto: Matthew R. Brier/Divulga��o)

 
 
S�o mais de 5 milh�es de pessoas sofrendo com a doen�a de Alzheimer, um n�mero que, segundo estat�sticas, deve triplicar nos pr�ximos 30 anos. Enquanto os laborat�rios correm contra o tempo para encontrar um medicamento capaz de enfrentar a enfermidade – algo que se mostrou infrut�fero at� agora –, a medicina come�a a investir em uma nova abordagem, a da preven��o. Estudos publicados em revistas cient�ficas e em eventos, como a Confer�ncia Internacional da Associa��o de Alzheimer, realizada m�s passado, em Los Angeles, mostram que, se ainda n�o � poss�vel evitar essa e outras dem�ncias, o estilo de vida e os aspectos emocionais s�o capazes de, ao menos, retard�-las ou reduzir os riscos.
O conceito de reserva cognitiva foi desenvolvido pelo norte-americano Yaakov Stern, professor de neuropsicologia e chefe da Divis�o de Neuroci�ncias Cognitivas da Universidade de Columbia, em Nova York. N�o se trata de quantidade de neur�nios ou de comunica��es ativas entre eles. Na realidade, o termo se refere � forma como o c�rebro lida com os danos, como a neurodegenera��o caracter�stica do Alzheimer, fazendo compensa��es ou usando abordagens cognitivas preexistentes. Para formar essa reserva, Stern defende que as pessoas mantenham a mente afiada, se dedicando, por exemplo, ao aprendizado de um novo idioma ou de um instrumento musical.
 
“Al�m do aprendizado, � poss�vel fazer a reserva por meio de treinos cognitivos, que estimulam a mem�ria e a aten��o. Falou-se na confer�ncia que os treinos cognitivos deveriam ser inseridos nas escolas e que todos os adultos e idosos deveriam inclu�-los na rotina. Tem gente que acha que jogar domin� ou fazer palavras cruzadas � uma besteira, mas s�o desafios para a cogni��o”, explica a neuropsic�loga Marcella Bianca, que atua com reabilita��o cognitiva e pesquisa reserva cognitiva no Brasil, onde o conceito ainda n�o foi bem estudado. Ela esteve na confer�ncia de Los Angeles, onde apresentou um trabalho de revis�o bibliogr�fica nacional sobre o tema. Segundo a especialista, outra forma de prevenir as dem�ncias � cuidar da sa�de mental. “Depress�o, ansiedade e estresse est�o associados � dem�ncia”, afirma.

GEN�TICA Um dos estudos lan�ados na confer�ncia e publicado simultaneamente na revista Jama, da Associa��o M�dica Norte-Americana, encontrou evid�ncias estat�sticas de que os fatores ambientais podem ser mais determinantes que a propens�o gen�tica ao Alzheimer. A pesquisa da Universidade de Exeter, no Reino Unido, constatou que o risco de dem�ncias � 32% menor em pessoas que, embora carreguem genes associados a essas enfermidades, t�m um estilo de vida saud�vel, comparado ao daquelas que, embora sem predisposi��o gen�tica, adotam h�bitos n�o saud�veis (sedentarismo, dieta pobre, consumo excessivo de �lcool, tabagismo).
 
J� os participantes que, al�m do alto risco gen�tico, cultivavam h�bitos ruins eram quase tr�s vezes mais propensos a desenvolver a doen�a comparados aos com baixo risco e estilo de vida saud�vel. “Esse � o primeiro estudo a analisar at� que ponto voc� pode compensar seu risco gen�tico de dem�ncia vivendo com h�bitos saud�veis. Nossos resultados s�o empolgantes, pois mostram que podemos agir para tentar compensar a gen�tica”, observa Elzbieta Kuma, pesquisadora da Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter e coautora do estudo, que analisou dados de quase 197 mil pessoas com mais de 60 anos, acompanhadas durante oito anos. Nesse meio tempo, 1.769 desenvolveram algum tipo de dem�ncia.
 
A equipe dividiu os participantes em tr�s categorias, quanto ao risco gen�tico: alto, intermedi�rio e baixo. Al�m disso, os categorizou em estilo de vida favor�vel, intermedi�rio e desfavor�vel a partir dos autorrelatos sobre dieta, atividade f�sica, tabagismo e consumo de �lcool. “Essa pesquisa traz uma importante mensagem que reduz a vis�o fatalista da dem�ncia. Algumas pessoas acreditam que � inevit�vel desenvolver dem�ncia por causa de sua gen�tica. Mas parece que voc� pode reduzir substancialmente esse risco vivendo um estilo de vida saud�vel”, disse David Llewllyn, coautor do estudo e tamb�m pesquisador em Exeter.
 
O geriatra Jean Pierre Alencar, diretor da Associa��o Brasileira de Alzheimer – Regional S�o Paulo, diz que h� outros fatores de risco modific�veis para dem�ncias, al�m dos quatro inclu�dos no estudo brit�nico. “Transtornos do sono, hipertens�o, obesidade, diabetes, aumento dos n�veis de colesterol, altera��es vasculares e dano neural. Os fatores de prote��o s�o atividade f�sica, social, cognitiva, est�mulos � educa��o e nutri��o saud�vel”, enumera.
 
O especialista frisa que a reserva cognitiva pode ser alcan�ada por um  estilo de vida cognitivamente estimulante. “A participa��o em atividades intelectuais, sociais, f�sicas e de lazer contribuem para retardar ou atenuar os sintomas  ligados ao dano cerebral e reduzem o risco de dem�ncia, pois a n�o intera��o social e o isolamento diminuem a reserva, segundo estudos. Sem contar com o aumento de risco para depress�o”, afirma o m�dico, que esteve na confer�ncia internacional.

SINAIS VASCULARES Um dos fatores de prote��o contra dem�ncias identificados por pesquisadores � a sa�de vascular, obtida por meio de exerc�cios f�sicos, dieta com baixo teor de gordura animal e preven��o de diabetes e hipertens�o. Na Confer�ncia Internacional da Associa��o de Alzheimer, o m�dico Berislav Zlokovic, diretor do Instituto Neurogen�tico Zilha, da Faculdade de Medicina Keck da Universidade de Southern California, apresentou um estudo mostrando que pessoas com danos nos vasos sangu�neos cerebrais t�m maior risco de dem�ncias.
 
De acordo com ele, d�cadas antes que outras caracter�sticas bem estudadas de Alzheimer — forma��o de placas e emaranhados de prote�nas — se manifestem, os capilares defeituosos j� podem ser visualizados em exames de imagem. Em entrevista ao Estado de Minas, Zlokovic insiste na ado��o de h�bitos saud�veis como forma de preven��o das dem�ncias. “A sa�de dos vasos sangu�neos parece ser a chave para prevenir esse tipo de dano que estou investigando. N�o � a mesma coisa de ter um medicamento, mas pode incentivar as pessoas a comer melhor, se exercitar, socializar e minimizar o estresse.”


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