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Estado de Minas

Descoberta de f�sseis aponta para o in�cio da ascens�o dos mam�feros

An�lise de pequenos f�sseis da �poca do Cret�ceo mostra como os animais que sobreviveram ao impacto de um asteroide tomaram conta do planeta devastado


postado em 26/10/2019 04:00

Os pequenos ossos foram encontrados dentro de concreções na Bacia de Denver: quase mil peças de animais vertebrados(foto: HHMI Tangled Bank Studios/Divulgação)
Os pequenos ossos foram encontrados dentro de concre��es na Bacia de Denver: quase mil pe�as de animais vertebrados (foto: HHMI Tangled Bank Studios/Divulga��o)


H� 66 milh�es de anos, o impacto de um asteroide que se chocou contra a Terra varreu a fauna dominada pelos dinossauros e tamb�m boa parte da flora. Foi uma trag�dia para os m�ticos animais do Cret�ceo, mas o acontecimento abriu caminho para o in�cio de uma nova hist�ria: a dos mam�feros. Embora a extin��o das esp�cies seja um dos epis�dios mais conhecidos da paleontologia, pouco se fala sobre como a vida persistiu, encontrou caminho para se renovar e transformou por completo a paisagem do planeta.

Mas, agora, cientistas do Museu de Ci�ncias de Denver, no Colorado, come�aram a contar o primeiro cap�tulo de uma saga que culminou com a ascens�o, dezenas de milh�es de anos depois, da esp�cie humana. Com um conjunto de f�sseis t�o pequenos que cabem na palma da m�o, os paleont�logos conseguiram chegar � base da �rvore da vida que come�ou a florescer naquele momento. S�o caveiras e outros ossos de pequeninos mam�feros que aproveitaram a aus�ncia dos tem�veis predadores para tomar conta do planeta devastado e, ent�o, dar uma nova face para ele.

F�sseis desses animais s�o extremamente raros, e mesmo o mais ativo paleont�logo pode passar a vida inteira sem jamais encontrar um osso sequer daquele per�odo. Essa, por�m, era uma obsess�o de Tyler Lyson, especialista em vertebrados que, desde a inf�ncia, � fascinado por dinossauros e pelo que aconteceu depois da grande extin��o do Cret�ceo. Durante muitos anos, ele procurou, sem sucesso, por resqu�cios dos pequeninos mam�feros. Mesmo indo direto ao ponto onde, pela l�gica, eles deveriam estar – as camadas geol�gicas da �poca do impacto do asteroide –, Lyson e o paleobot�nico Ian Miller, tamb�m do museu de Denver, n�o conseguiam ter sorte. At� que, no ver�o de 2016, tudo mudou.

Lyson decidiu parar de buscar ossos e passou a se focar em concre��es – na geologia, s�o massas ovais que se formam ao redor de n�cleos org�nicos. Ao abrir uma delas na regi�o de Corral Bluffs, na Bacia de Denver, o tesouro foi revelado. Dentro, havia caveiras dos primeiros mam�feros sobreviventes da extin��o do Cret�ceo. “Eu abri uma concre��o e vi uma caveira de mam�fero sorrindo para mim. Ent�o, olhei ao redor e vi concre��es por toda parte. Foi tipo: Oh, cara, aqui vamos n�s”, recorda Lyson. “Uma vez que voc� tem a imagem certa, pode ver os f�sseis em qualquer lugar. Mas, sem isso, fica cego para eles. Encontramos quatro ou cinco caveiras de mam�feros em poucos minutos. Esse foi um dos momentos mais memor�veis da minha vida”.

O paleont�logo diz que ele e Ian Miller come�aram a achar um f�ssil atr�s do outro. “Vimos uma mand�bula, ent�o uma caveira, ent�o mais e mais caveiras. Fiquei todo arrepiado”, conta. “Voc� pode passar sua carreira inteira sem encontrar um �nico cr�nio daquela �poca e est�vamos encontrando um a cada 15 minutos”, completa Miller. Mesmo tendo uma boa ideia do que estava � frente deles, ainda era preciso estudar a idade das rochas para confirmar se eram mesmo mam�feros da �poca da grande extin��o. Uma grande equipe se juntou a eles para contar a hist�ria daqueles ossinhos.

“Nenhum cientista sozinho poderia juntar essas pe�as, � imposs�vel. Foi trabalhando juntos que conseguimos fazer acontecer”, diz Lyson. “Foi muito sangue, suor e l�grimas. Por fim, est�vamos com uma cole��o de quase mil f�sseis vertebrados e cerca de 6 mil f�sseis de plantas. Um colega nosso contou mais de 37 mil gr�os de p�len.!” O que esse tanto de material de dezenas de milh�es de anos contou, at� agora, foi que, ap�s o impacto, a paisagem se transformou radicalmente. “De um mundo dominado por palmeiras, (a Terra) passou a ser um mundo dominado por grupos de �rvores muito mais diversas. E, ent�o, vimos esp�cies animais mudando � mesma taxa”, conta Miller.

TERRA AQUECIDA

Essas altera��es foram associadas a mudan�as no ambiente e na temperatura. Por exemplo, os cientistas estimam que, logo ap�s o impacto, a temperatura tenha aumentado cerca de 5ºC, algo que estudos anteriores j� haviam especulado. Isso coincide com erup��es vulc�nicas massivas nas Armadilhas Deccan, na �ndia, que podem ter aquecido a Terra devido �s emiss�es de di�xido de carbono.

De acordo com os cientistas, 100 mil anos depois da extin��o, a quantidade de esp�cies de mam�feros dobrou. Esses animais, do tamanho de guaxinins, sobreviviam forrageando as florestas, ainda basicamente formadas por samambaias. Passados 200 mil anos, surgiram as plantas produtoras de nozes e castanhas, e novos mam�feros evolu�ram, se alimentando das nutritivas sementes.

Triplicou a diversidade de mam�feros, que tamb�m cresceram em tamanho: j� atingiam 25kg, o peso de um castor. Setecentos mil anos ap�s a extin��o dos dinossauros, surgiram leguminosas, que forneceram prote�nas, aumentando ainda mais o porte dos mam�feros. Segundo Lyson, ent�o j� superavam 50kg, peso 100 vezes maior do que a m�dia das esp�cies que sobreviveram ao asteroide. “Conseguimos realmente pintar o retrato da emerg�ncia do nosso mundo moderno e isso � fenomenal”.



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