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Estado de Minas ENVELHECIMENTO

Vacina contra o coronav�rus: por que imunizar pessoas mais velhas � mais dif�cil

A estrat�gia para lan�ar uma vacina COVID-19 pode ser prejudicada devido ao sistema imunol�gico dos idosos


16/10/2020 14:48 - atualizado 16/10/2020 16:32

(foto: Getty Images)
(foto: Getty Images)

Em um hipot�tico universo alternativo onde j� temos uma vacina contra a COVID-19, os l�deres mundiais ter�o op��es de como distribu�-la � popula��o.

As pessoas mais vulner�veis, junto com enfermeiros, m�dicos e outros profissionais de sa�de que cuidam delas, provavelmente ser�o protegidas primeiro

 

 

 

Seria bom se fosse simples assim. A faixa et�ria mais vulner�vel, a dos idosos, � particularmente dif�cil de vacinar.

"Temos muito poucas vacinas projetadas para popula��es mais velhas", diz Shayan Sharif, professor de vacinologia da Universidade de Guelph, no Canad�. "Mais do que nunca, no s�culo passado, a maioria das vacinas tinha como alvo as doen�as infantis."

Herpes zoster � uma exce��o, com vacina geralmente administrada a pacientes na faixa dos 70 anos. E h� uma ou duas outras vacinas para doen�as como meningite ou papilomav�rus humano desenvolvidas para adultos jovens. Mas, fora isso, a imunologia � voltada para as crian�as.

"Temos um grande conhecimento sobre doen�as infantis", diz Sharif. "Quando se trata de adultos jovens, de meia-idade e idosos, n�o temos muita experi�ncia."

Para entender por que os idosos s�o mais dif�ceis de vacinar, temos que examinar as diferen�as em seu sistema imunol�gico. Muitas doen�as infecciosas s�o mais graves em adultos mais velhos do que em adultos mais jovens.

Pessoas mais velhas t�m mais fatores de risco — uma vida inteira de exposi��o a carcin�genos ou outras doen�as infecciosas aumentar� o risco de doen�as futuras por novas infec��es. Mas eles tamb�m passam por algo chamado imunossenesc�ncia — o envelhecimento do sistema imunol�gico.

Assim como muitas outras partes do corpo, nosso sistema imunol�gico mostra sinais de envelhecimento. Algumas das c�lulas imunol�gicas perdem sua fun��o. O sistema imunol�gico � uma rede muito complexa de tipos de c�lulas que interagem entre si. Se algo, em algum lugar do sistema, n�o est� funcionando, interrompe o delicado equil�brio da resposta imunol�gica.

Como funciona o envelhecimento do sistema imunol�gico?

Quando voc� � infectado por um pat�geno, a primeira camada do sistema imunol�gico, a resposta imune inata, come�a a atacar o pat�geno no local da infec��o. Para doen�as respirat�rias, podem ser os pulm�es, a traqueia ou o nariz. Os gl�bulos brancos, ou macr�fagos, atacam o pat�geno, engolindo-o antes de destru�-lo.

� medida que esses macr�fagos separam o pat�geno dentro de si mesmos, eles apresentam peda�os e peda�os dele a outro tipo de c�lula imune conhecida como c�lulas T.

Eles servem como a "mem�ria" do sistema imunol�gico. As c�lulas T n�o conseguem ver o pat�geno por si mesmas e precisam de certos macr�fagos, chamados c�lulas apresentadoras de ant�genos, para mostrar o pat�geno. Isso ativa a pr�xima camada, o sistema imunol�gico adaptativo.


É improvável que encontremos uma vacina que pare completamente a transmissão do vírus, segundo especialistas(foto: Getty Images)
� improv�vel que encontremos uma vacina que pare completamente a transmiss�o do v�rus, segundo especialistas (foto: Getty Images)

Existem v�rios tipos de c�lulas T. As c�lulas T assassinas, ou citotoxinas, atacam as c�lulas de nosso pr�prio corpo para eliminar aquelas j� infectadas pelo pat�geno, reduzindo sua prolifera��o. As c�lulas T auxiliares fornecem assist�ncia �s c�lulas B, outra parte do sistema imunol�gico adaptativo.

As c�lulas B podem identificar o pat�geno por conta pr�pria, mas para um funcionamento ideal, precisam de c�lulas T auxiliares. As c�lulas B produzem anticorpos. Mas para produzir os anticorpos mais eficazes, eles precisam dessa intera��o complexa com as c�lulas T.

O objetivo da vacina��o � estimular nosso sistema imunol�gico a produzir anticorpos eficazes antes de sermos expostos ao pat�geno. Muito se tem falado no notici�rio sobre testes de anticorpos como uma forma de provar quem teve covid-19.

No entanto, nem todos os anticorpos funcionam, nem todos que foram infectados com Sars-Cov-2 (v�rus que causa a covid-19) t�m anticorpos e alguns anticorpos t�m uma vida �til limitada.

O problema para os vacinologistas � que o delicado equil�brio entre todas essas c�lulas nos idosos � interrompido. Ent�o, o que acontece no sistema imunol�gico de uma pessoa idosa?

"Basicamente, todos esses tipos de c�lulas t�m fun��o prejudicada", diz Birgit Weinberger, da Universidade de Innsbruck, que estuda imunossenesc�ncia e vacina��o em idosos. "Eles produzem um conjunto diferente de citocinas (prote�nas que auxiliam na comunica��o entre as c�lulas imunol�gicas). Acho que a quest�o importante que devemos ter em mente � que nenhum desses tipos de c�lulas age por conta pr�pria."

Se a apresenta��o do ant�geno pelos macr�fagos for prejudicada na velhice, isso pode levar a uma diminui��o na ativa��o das c�lulas T, menos ajuda para as c�lulas B e uma menor resposta de anticorpos. Mas pode ser por causa de problemas com a primeira resposta inata.

"� preciso ter em mente como todas essas diferentes partes do sistema imunol�gico se unem em conjunto", diz Weinberger.

Tamb�m temos um n�mero finito de c�lulas B e c�lulas T em nosso sistema imunol�gico adaptativo, diz Sharif, e perdemos algumas delas com o tempo. Isso pode criar problemas quando estamos mais velhos. "Quando encontramos um novo pat�geno, nossa capacidade de responder torna-se muito mais limitada."

Sem 'mem�ria'

A imunossenesc�ncia n�o afeta todas as pessoas igualmente. Como acontece com outras partes do corpo, algumas pessoas envelhecem melhor do que outras cuidando de si mesmas ou tendo a sorte de ter a composi��o gen�tica certa.

Mas nem tudo s�o m�s not�cias. Algumas partes do nosso sistema imunol�gico tamb�m melhoram com a idade.

"Existem algumas c�lulas em nosso sistema imunol�gico que se tornam mais vigorosas � medida que envelhecemos", diz Sharif. "Se fomos expostos a uma ampla variedade de pat�genos, temos uma mem�ria imunol�gica para eles, ent�o n�o precisamos ter um arsenal de c�lulas para responder a novos ant�genos."

Mas o Sars-CoV-2 � um v�rus ao qual nunca fomos expostos, ent�o n�o temos essa mem�ria.


A maioria das vacinas criadas no século passado foi projetada para combater doenças infantis(foto: Getty Images)
A maioria das vacinas criadas no s�culo passado foi projetada para combater doen�as infantis (foto: Getty Images)

Este � o equil�brio atingido por nosso sistema imunol�gico: pessoas mais velhas t�m uma mem�ria imunol�gica melhor para as coisas �s quais j� foram expostas, mas t�m um repert�rio mais limitado para responder a novas doen�as.

Normalmente, isso pode ser bom. Mas � medida que os humanos entram em contato com mais pat�genos que saltam as esp�cies (o que � chamado de doen�a zoon�tica) com mais frequ�ncia, nossa capacidade de lidar com novas doen�as pode ser mais importante.

O que isso significa para as vacinas?

Quando as vacinas s�o submetidas a ensaios cl�nicos em humanos, no est�gio um elas s�o testadas quanto � seguran�a (geralmente em apenas alguns indiv�duos), no est�gio dois s�o testadas quanto � efic�cia (se produzem a resposta que voc� pretendia) e no est�gio tr�s quanto � efic�cia (se produzem a resposta certa, se realmente trabalham na prote��o contra doen�as).

As vacinas t�m varia��es. Embora possam funcionar bem em um grupo de pessoas, podem funcionar menos bem em outros. Atualmente, h� uma infinidade de testes cl�nicos para vacinas contra a covid-19, muitos dos quais podem ir do desenvolvimento at� a aprova��o.

Para Weinberger e Sharif, isso � uma coisa boa. Ter um pacote de vacinas em que voc� pode confiar significa que podemos escolher a mais adequada para o cen�rio certo. Uma pode funcionar melhor para idosos do que outras.

Nenhuma vacina ser� perfeita. "N�o existe uma vacina que possa fornecer 100% de efic�cia", diz Sharif.

Embora todas as vacinas aprovadas precisem mostrar que protegem contra doen�as, nem todas as vacinas impedir�o a transmiss�o. A maioria das vacinas funcionam impedindo o pat�geno de causar doen�as, mas n�o o eliminam necessariamente do corpo, o que significa que uma pessoa vacinada ainda pode liberar part�culas virais e, assim, potencialmente infectar outras pessoas ao seu redor.

Isso tem uma implica��o importante em como escolhemos vacinar a popula��o. Para aqueles que t�m que decidir quem toma as vacinas, a �nfase deve ser colocada nos vulner�veis.

Mas se vacinarmos enfermeiras, m�dicos e profissionais de sa�de sem primeiro vacinar seus pacientes, embora esses profissionais-chave possam ser protegidos, eles ainda podem transmitir o pat�geno a outras pessoas vulner�veis.

"Uma vacina pode frear a transmiss�o, mas � improv�vel que encontremos uma vacina que pare completamente a transmiss�o do v�rus", diz Sharif. "As vacinas contra a gripe s�o, na verdade, um bom exemplo: elas n�o fazem muito para reduzir a transmiss�o, mas amenizam a doen�a."


As vacinas costumam funcionar bem com um grupo e não tão bem com outro(foto: Getty Images)
As vacinas costumam funcionar bem com um grupo e n�o t�o bem com outro (foto: Getty Images)

Weinberger diz que uma estrat�gia de vacina��o � como um quebra-cabe�a complexo de fatores sociais, m�dicos, pol�ticos e econ�micos. Mas o que deve ficar claro � que, embora a mortalidade seja muito mais alta em alguns grupos, eles devem ser priorizados. Outros precisam se acostumar a conviver com o v�rus.

Como a idade afeta a propaga��o do v�rus ainda � um grande mist�rio. Weinberger levanta preocupa��es sobre algumas das primeiras pesquisas que sugeriam que as crian�as eram menos contagiosas.

Esses estudos, diz ela, n�o foram ideais para chegar a essa conclus�o, porque foram realizados quando as crian�as na Europa estavam fora da escola. Ser� que essas crian�as podem pegar o v�rus na escola e passar para os av�s quando eles vierem busc�-los?

O melhor entendimento da dissemina��o do v�rus revelar� as melhores estrat�gias de vacina��o da popula��o. "Estamos fazendo um trabalho muito bom para acelerar o processo (de desenvolvimento de uma vacina), mas para tomar algumas decis�es precisamos do conhecimento primeiro", diz Weinberger.

Desde que come�amos a tratar pessoas com covid-19, o conhecimento m�dico sobre drogas terap�uticas avan�ou significativamente, mesmo que raramente tenha sido coberto pelos notici�rios — algo que Sharif acha intrigante.

Poucas pessoas podem estar cientes do progresso com os imunoterap�uticos porque eles s�o um pouco menos glamourosos, diz ele. Todos n�s podemos imaginar uma vacina, todos devemos ser capazes de nos lembrar de quando tomamos uma. Mas se lhe pedissem para imaginar uma imunoterapia, voc� poderia invocar uma imagem?

"�s vezes, colocamos uma venda e dizemos que as vacinas s�o a �nica salva��o, mas n�o � o caso", diz Sharif. "As vacinas podem levar de 14 a 28 dias e requerem m�ltiplas inje��es e exposi��es. A imunoterapia pode funcionar em minutos e horas."

"A esperan�a mais imediata para os idosos que sofrem com a covid-19 pode ser quando encontrarmos um medicamento que reduza o tempo de interna��o de semanas para dias", diz Sharif. Ou mesmo um que acabe com a necessidade de tratamento intensivo.

Centenas de medicamentos est�o sendo pesquisados %u200B%u200Bcomo tratamentos potenciais para covid-19. No momento, uma das drogas mais promissoras � a dexametasona, um ester�ide capaz de reduzir a taxa de mortalidade de pacientes que recebem oxig�nio que foi aprovado para uso no Reino Unido e no Jap�o e foi dado ao presidente dos EUA, Donald Trump, quando ele foi hospitalizado com a doen�a.

No momento, h� cinco medicamentos autorizados para "uso de emerg�ncia", incluindo a dexametasona, nos EUA pela FDA, equivalente americana � Anvisa.

Destes, nenhum ainda recebeu a aprova��o do FDA ap�s um ensaio cl�nico, portanto, s�o usados %u200B%u200Bapenas em casos muito espec�ficos.

Mas o benef�cio de buscar um tratamento entre os medicamentos conhecidos � que eles j� receberam aprova��o e s�o comprovadamente seguros em outros contextos. Sua aprova��o ap�s um ensaio cl�nico bem-sucedido deve, portanto, ser relativamente r�pida — muito mais r�pida do que a quantidade de aprova��o que uma nova vacina exige.

Idosos hospitalizados com covid-19 podem se beneficiar desta pesquisa de tratamento antes de ver uma vacina. Portanto, embora as vacinas possam estar um pouco distantes, existem outras raz�es para ser otimista.

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Future.


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