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Estado de Minas CORPO HUMANO

Por que algumas pessoas t�m o olfato superpoderoso

Conhecida clinicamente como hiperosmia, a condi��o � relativamente rara - mas ser� que � poss�vel desenvolver esse 'superpoder'?


29/11/2020 15:03 - atualizado 29/11/2020 17:48


Embora a hiperosmia possa se manifestar devido à genética ou condições raras, algumas pessoas também podem treinar o nariz para apurar o alfato(foto: Getty Images)
Embora a hiperosmia possa se manifestar devido � gen�tica ou condi��es raras, algumas pessoas tamb�m podem treinar o nariz para apurar o alfato (foto: Getty Images)

Certos cheiros fazem voc� se sentir incomodado ou at� enjoado? O seu nariz � t�o bom que � capaz de identificar os aromas mais sutis do seu vinho preferido? � poss�vel que determinadas fragr�ncias despertem em voc� sentimentos negativos ou positivos?

Se voc� respondeu "sim" a uma dessas perguntas, voc� pode ter um superolfato.

Conhecida clinicamente como hiperosmia, a condi��o � caracterizada por um olfato mais apurado do que a m�dia. Algumas pessoas podem ser mais sens�veis a aromas agrad�veis, enquanto outras podem ser mais afetadas por odores ruins.

Como a hiperosmia � relativamente rara, os pesquisadores ainda sabem pouco sobre ela.

Mas algumas raz�es por tr�s deste "superpoder" s�o conhecidos:

Quest�es gen�ticas e de sa�de

V�rios estudos mostram que h� uma rela��o entre a hiperosmia e diversos problemas de sa�de — incluindo doen�a de Lyme, enxaqueca, dist�rbios de fluidos corporais e defici�ncia hormonal —, al�m de certos medicamentos.

Embora n�o esteja totalmente claro o que leva � hiperosmia nesses casos, acredita-se que a condi��o pode ser provocada pelo efeito que essas doen�as t�m sobre os eletr�litos do corpo, afetando assim os sinais gerados pelos receptores de odores.

Outras pesquisas tamb�m sugerem que certas muta��es e condi��es gen�ticas, como a superexpress�o do gene KAL1 — respons�vel pela produ��o de uma prote�na chamada anosmina-1, que parece controlar o crescimento e o movimento das c�lulas nervosas envolvidas no processamento do olfato — est�o associadas ao olfato agu�ado.

Um estudo mostrou at� mesmo que o c�digo gen�tico para uma determinada prote�na que se vincula aos cheiros, ajudando-os a alcan�ar os receptores no nariz, varia entre a popula��o, o que explica por que algumas pessoas podem ter um olfato naturalmente melhor do que outras.

Gravidez

Muitas mulheres que engravidam costumam reclamar de certos cheiros que at� ent�o n�o as incomodava, mas que de repente se tornaram repulsivos. E uma revis�o de pesquisas cient�ficas confirmou que algumas gr�vidas ganham temporariamente um superolfato.

Ao comparar as descobertas de mais de 50 estudos sobre como a gravidez altera o olfato, pesquisadores conclu�ram que, embora as mulheres gr�vidas n�o apresentem um olfato generalizadamente agu�ado, elas s�o possivelmente mais sens�veis a certos odores.

Mas n�o h� evid�ncias suficientes para determinar se a capacidade delas de identificar mais cheiros em geral aumenta.

Apesar de ser um fen�meno comumente relatado, os pesquisadores ainda n�o t�m certeza de por que isso acontece.

No entanto, essa sensibilidade geralmente � tempor�ria, em inv�s de uma mudan�a permanente.

Diferen�as no c�rebro

Um estudo de 2019 teve como objetivo descobrir se os c�rebros das pessoas com olfato mais apurado funcionam de forma diferente do normal.

Os pesquisadores compararam 25 homens que declararam ter uma sensibilidade mais agu�ada para cheiros, com outros 20 homens que classificaram seu olfato como normal.

Por meio de tomografias do cr�nio, eles analisaram o volume de massa cinzenta em partes do c�rebro associadas ao olfato.

E notaram que nos participantes com superolfato havia um aumento da atividade cerebral em duas �reas importantes, respons�veis por reunir informa��es sobre cheiros, assimil�-los e memoriz�-los.

Mas embora o estudo tenha identificado essas diferen�as cerebrais, os pesquisadores n�o foram capazes de determinar se as mesmas eram de origem gen�tica ou foram adquiridas.

N�o � novidade que o cheiro e a mem�ria est�o fortemente ligados. Mas as descobertas de um estudo de 2014 sugerem que essa pode ser a base para a hiperosmia.

A pesquisa analisou 55 participantes que diziam ter um olfato melhor que a m�dia. E comparou com um grupo de pessoas da mesma idade e g�nero que acreditavam ter um olfato normal.

Os participantes com olfato mais apurado foram convidados a preencher um question�rio estruturado sobre suas experi�ncias com determinados cheiros. E associaram certos aromas, como fragr�ncias e odores corporais, como suor, a consequ�ncias negativas e mem�rias desagrad�veis — descobriram que esses cheiros despertavam sentimentos de irrita��o e repulsa.

Mas o estudo n�o investigou se os participantes tamb�m eram sens�veis a outros cheiros, ent�o � dif�cil saber se tinham um olfato normal ou realmente agu�ado.


Os aromas podem estar fortemente associados às memórias, e há indícios de que isso possa estar ligado à hiperosmia(foto: Getty Images)
Os aromas podem estar fortemente associados �s mem�rias, e h� ind�cios de que isso possa estar ligado � hiperosmia (foto: Getty Images)

Outros estudos tamb�m revelaram que a sensibilidade a certos odores, incluindo o de resinas fen�licas (como formol) e de piridina (cheiro de peixe) em subst�ncias qu�micas org�nicas -, est� ligada a experi�ncias negativas.

E sugerem que a sensibilidade a esses cheiros se desenvolve com base em experi�ncias negativas no local de trabalho - como, por exemplo, ao ser exposto a odores de subst�ncias qu�micas.

Treinamento

Mas ser� que o olfato mais apurado � um superpoder que dura para sempre ou pode ser tempor�rio?

Em 2003, eu conduzi um estudo com 230 volunt�rios para testar a profundidade de olfato deles em rela��o ao cheiro de �lcool fenilet�lico (aroma de rosas) ou eucaliptol (parecido com cheiro de menta). A profundidade est� relacionada � menor concentra��o de um odor que pode ser detectada pelo olfato — conhecida como "limiar".

Usamos um dispositivo customizado que liberou oito concentra��es diferentes de cheiros — alguns quase impercept�veis, outros muito fortes.

Descobrimos que 2% do grupo demonstrou o que chamamos de "fen�meno super�smico" em um �nico teste. Outros 10% apresentaram esse fen�meno em v�rios momentos — o teste foi realizado 10 vezes em ocasi�es diferentes, com intervalos de uma semana.

Esse fen�meno se deu quando os participantes conseguiram identificar os cheiros em pelo menos tr�s n�veis abaixo daquele em que normalmente detectariam — e foram capazes de continuar detectando os aromas pelo menos 10 vezes ao longo do teste.

O teste foi realizado uma vez por semana durante 10 semanas.

Em quase todos os casos em que ocorreu "superosmia", o fen�meno foi seguido por uma perda r�pida e repentina deste olfato t�o apurado antes do fim do teste. Portanto, sem qualquer explica��o do por que, fomos capazes de ver evid�ncias de pessoas com olfato agu�ado de curto prazo, quando focadas em certos cheiros.

De uma maneira geral, � improv�vel que todo mundo que tenha um olfato poderoso deva seu "superpoder" aos genes ou a um problema de sa�de.

Basta lembrar dos sommeliers ou perfumistas — eles treinam seus narizes para serem capazes de reconhecer uma variedade de cheiros espec�ficos.

Na verdade, o treinamento do olfato pode at� permitir que pessoas que sofreram perda olfativa recuperem esse sentido.

Tudo indica que os donos de narizes privilegiados s�o um misto de pessoas que podem ser geneticamente programadas para sentir cheiros melhor, daquelas que treinam para ter um olfato mais apurado e de outras que apresentam alguma doen�a subjacente.

H� ainda aquelas, incluindo mulheres gr�vidas, que podem ter apenas uma sensibilidade a cheiros — e n�o hiperosmia de verdade.

* Carl Philpott � professor de rinologia e olfatologia da Universidade de East Anglia em Norwich, no Reino Unido. Este artigo foi publicado originalmente no site de not�cias acad�micas The Conversation e republicado aqui sob uma licen�a Creative Commons.

Leia a vers�o original desta reportagem (em ingl�s) no site BBC Future.


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