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Pablo Escobar: por que cientistas falam em 'bomba-rel�gio' e querem matar famosos hipop�tamos do colombiano

Levados ilegalmente para a Col�mbia pelo traficante de drogas Pablo Escobar, os animais se tornaram uma grande dor de cabe�a.


11/02/2021 10:54 - atualizado 11/02/2021 11:21


Os hipopótamos levados por Pablo Escobar para seu zoológico particular se multiplicaram e invadiram o rio Magdalena(foto: Getty Images)
Os hipop�tamos levados por Pablo Escobar para seu zool�gico particular se multiplicaram e invadiram o rio Magdalena (foto: Getty Images)


Pablo Escobar � um nome que a Col�mbia tenta esquecer h� 30 anos. Um dos criminosos mais famosos de todos os tempos, ele foi o fundador do cartel de drogas de Medell�n na d�cada de 1980, respons�vel por sequestros, bombardeios e assassinatos. A certa altura, ele foi considerado um dos homens mais ricos do mundo.

Mas o chef�o da coca�na tamb�m � respons�vel pelo que os cientistas chamam de uma bomba-rel�gio ecol�gica.

Um grupo de hipop�tamos importados originalmente por Escobar para seu zool�gico particular d�cadas atr�s se multiplicou e, de acordo com os cientistas, agora est� se espalhando por um dos principais cursos de �gua do pa�s, o rio Magdalena. No m�s passado, um estudo publicado na revista Biological Conservation apontou que o abate dos animais seria a �nica forma de mitigar seu impacto ambiental.

"� �bvio que sentimos pena desses animais, mas, como cientistas, precisamos ser honestos", disse a bi�loga colombiana Nataly Castelblanco, uma das autoras do estudo, � BBC. "Os hipop�tamos s�o uma esp�cie invasora na Col�mbia e se n�o matarmos uma parte de sua popula��o agora, a situa��o pode ficar fora de controle em apenas 10 ou 20 anos."

A ascens�o dos chamados "hipop�tamos da coca�na" come�ou em 1993, depois que as autoridades mataram Pablo Escobar e confiscaram sua luxuosa propriedade Hacienda Napoles, a cerca de 250 km (155 milhas) a noroeste da capital Bogot�.

Os animais encontrados l� foram distribu�dos para zool�gicos de todo o pa�s, mas n�o os hipop�tamos. "Era logisticamente dif�cil transport�-los, ent�o as autoridades simplesmente os deixaram l�, provavelmente pensando que os animais morreriam", disse Castelblanco.

Em vez disso, eles prosperaram.

Ao longo dos anos, os cientistas tentaram calcular quantos hipop�tamos vivem nas �guas %u200B%u200Bda Col�mbia, com estimativas que variam de 80 a 120 animais. "� o maior rebanho de hipop�tamos fora da �frica, que � sua regi�o nativa", disse o veterin�rio e conservacionista Carlos Valderrama � BBC.


Hacienda Napoles já foi uma propriedade de luxo de Pablo Escobar e agora é um parque temático(foto: Getty Images)
Hacienda Napoles j� foi uma propriedade de luxo de Pablo Escobar e agora � um parque tem�tico (foto: Getty Images)

E as proje��es apontam que os n�meros devem ficar cada vez maiores.

Castelblanco e seus colegas dizem que a popula��o chegar� a mais de 1.400 esp�cimes j� em 2034 se n�o for feito um abate. Todos eles descendem do grupo original de um macho e tr�s f�meas. No estudo, eles colocam um cen�rio ideal em que 30 animais precisariam ser abatidos ou castrados todos os anos para impedir que isso aconte�a.

Castelblanco explica que os "hipop�tamos da coca�na" aproveitaram uma oportunidade evolutiva. Eles n�o t�m predadores naturais na Am�rica do Sul, o que significa que podem se reproduzir com muito mais facilidade.

O clima tamb�m ajuda: na �frica, a popula��o � em parte controlada por secas, que n�o ocorrem na Col�mbia.

As condi��es em sua casa na Am�rica do Sul parecem t�o ideais para os hipop�tamos que estudos mostram que eles come�am a se reproduzir em idades mais precoces, disse ela.


Sem abate, os cientistas acreditam que a população de hipopótamos pode chegar a mais de 1.400 em uma década(foto: Getty Images)
Sem abate, os cientistas acreditam que a popula��o de hipop�tamos pode chegar a mais de 1.400 em uma d�cada (foto: Getty Images)

Cientistas que estudam o impacto ambiental dos hipop�tamos acreditam que eles podem afetar o ecossistema local de v�rias maneiras: desde o deslocamento de esp�cies nativas j� amea�adas de extin��o, como o peixe-boi, at� a altera��o da composi��o qu�mica da �gua, o que pode colocar em risco a pesca — embora outros estudos sugiram que eles tamb�m podem ajudar o meio ambiente.

"Os hipop�tamos est�o se espalhando pela maior bacia hidrogr�fica da Col�mbia, a partir da qual muitos milhares de pessoas vivem", disse. "Hipop�tamos t�m sido vistos a uma dist�ncia de at� 370 km da Hacienda Napoles."

'� como estar em um filme de Jurassic Park'

Este n�o � o primeiro grupo de cientistas a pedir um abate. Mas alguns especialistas se op�em � ideia. Enrique Ordo�ez, bi�logo da Universidade Nacional da Col�mbia, disse que os "hipop�tamos da coca�na" oferecem esperan�a de preservar o n�mero global de hipop�tamos. Eles s�o considerados uma esp�cie vulner�vel por ONGs como a Uni�o Internacional para a Conserva��o da Natureza (IUCN, na sigla em ingl�s).

Um programa de esteriliza��o seria a melhor maneira de controlar sua popula��o, disse ele � CNN.


A castração de hipopótamos é um exercício perigoso e logisticamente complicado, dizem os especialistas(foto: Courtesy of Carlos Valderrama)
A castra��o de hipop�tamos � um exerc�cio perigoso e logisticamente complicado, dizem os especialistas (foto: Courtesy of Carlos Valderrama)

Mas esses procedimentos est�o longe de ser simples (ou baratos) e Carlos Valderrama tem experi�ncia nisso. Em 2009, ele realizou a castra��o de um "hipop�tamo da coca�na" macho como parte de um experimento para estudar op��es para controlar o crescimento da popula��o.

"Estamos falando de um animal que pode pesar cinco toneladas e ser muito agressivo", disse Valderrama. "Embora tiv�ssemos sedado o animal, ele quase derrubou o guindaste que us�vamos para ajudar no procedimento. Era como estar com um dinossauro em um filme de Jurassic Park."

O veterin�rio disse que a principal li��o do experimento foi que a castra��o por si s� n�o era uma op��o, especialmente considerando a conta de US$ 50 mil (R$ 270 mil). Estat�sticas oficiais do governo mostram que apenas quatro animais foram submetidos � esteriliza��o entre 2011 e 2019.

"Muitos desses hipop�tamos vivem na natureza. Simplesmente n�o � poss�vel encontr�-los facilmente. Enquanto isso, eles continuar�o se reproduzindo", disse Valderrama.

Polariza��o

Ent�o, o que est� impedindo as autoridades de tomar medidas mais dr�sticas? A resposta curta: opini�o p�blica. Depois que a m�dia colombiana noticiou o estudo, a bi�loga Nataly Castelblanco come�ou a receber mensagens com ataques e amea�as de morte.

"Algumas pessoas na Col�mbia podem ficar muito bravas quando o assunto � hipop�tamos", disse ela. "As pessoas tendem a entender muito mais sobre as esp�cies invasoras quando falamos sobre plantas ou criaturas menores, e n�o quando falamos de um mam�fero enorme que muitos podem achar fofo."


Muitos colombianos são contra matar os
Muitos colombianos s�o contra matar os "hipop�tamos da coca�na", como Vanesa, vista aqui em 2009 (foto: Getty Images)

Os hipop�tamos tamb�m s�o perigosos e frequentemente aparecem nas listas dos animais mais mortais do mundo. Em 2016, a BBC informou que seus ataques matavam pelo menos 500 pessoas por ano na �frica.

N�o houve registro de mortes por esse motivo na Col�mbia, mas em maio de 2020 a m�dia local noticiou que um trabalhador rural foi gravemente ferido por um hipop�tamo em uma cidade perto de Hacienda Napoles.

Ainda assim, houve um grande protesto quando soldados do Ex�rcito colombiano atiraram no hipop�tamo Pepe em 2009, depois que ele foi considerado uma amea�a �s comunidades locais. Foi o suficiente para levar as autoridades a tornar os hipop�tamos legalmente protegidos, o que � um obst�culo a qualquer plano de abate.

David Echeverri, bi�logo que trabalha para a ag�ncia ambiental colombiana Conare, admite que a opini�o p�blica est� atrapalhando os esfor�os. Ele disse � BBC que um abate j� havia sido discutido, mas que a morte de hipop�tamos provavelmente n�o aconteceria em breve.

"� um assunto que polariza as pessoas", disse ele, "e � por isso que temos que continuar procurando outras solu��es".


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