
Criticado mundialmente pela acelera��o da destrui��o da Amaz�nia, o Brasil est� acompanhado por parte dos pa�ses ricos no descumprimento das metas ambientais firmadas no Acordo de Paris.
Relat�rio de dezembro da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) sobre como os integrantes do G20 t�m caminhado para atingir seus compromissos de redu��o da emiss�o de carbono at� 2030 projeta que Brasil, Estados Unidos, Canad�, Cor�ia do Sul e Austr�lia n�o devem alcan�ar seus objetivos, caso n�o adotem medidas ambientais extras.
Al�m disso, avalia��es de organismos e universidades internacionais tamb�m apontam que na��es desenvolvidas n�o alcan�aram a promessa de atingir repasse de US$ 100 bilh�es anuais at� 2020 para a��es clim�ticas nos pa�ses pobres.O presidente americano, Joe Biden, reconheceu que o pa�s n�o est� fazendo o suficiente para conter o aquecimento global e anunciou metas mais ambiciosas de corte nas emiss�es dos Estados Unidos nesta quinta-feira (22/04), durante C�pula de L�deres sobre o clima convocada por sua administra��o, com participa��o de 40 pa�ses.
Na abertura do encontro virtual, o americano se comprometeu a reduzir as emiss�es de gases de efeito estufa em 50% a 52% at� 2030, em compara��o aos n�veis de emiss�es de 2005.

Biden tamb�m anunciou que os Estados Unidos t�m como nova meta alcan�ar em 2050 a neutralidade clim�tica (quando as emiss�es restantes ap�s a redu��o s�o totalmente compensadas com medidas ambientais). O compromisso anterior do pa�s era alcan�ar isso em 2060.
Pressionado a reduzir a destrui��o da Amaz�nia, o presidente Jair Bolsonaro tamb�m divulgou novas metas ambientais. O presidente se comprometeu em zerar o desmatamento ilegal at� 2030, o que, segundo sua gest�o, significar� uma redu��o de quase 50% nas emiss�es brasileiras. Al�m disso, acompanhou os EUA na antecipa��o da meta brasileira de neutralidade clim�tica, de 2060 a 2050.
O an�ncio, por�m foi recebido com ceticismo por ambientalistas, j� que o governo Bolsonaro defende propostas que tendem a elevar a derrubada da floresta, como a legaliza��o da minera��o em terras ind�genas e a flexibiliza��o das regras de licenciamento ambiental.
O objetivo da c�pula convocada por Biden � justamente ampliar os compromissos firmados no Acordo de Paris, em que 196 pa�ses se comprometeram com medidas para evitar que a temperatura do planeta se eleve acima de 1,5ºC em cem anos — meta que ainda est� distante de ser cumprida, considerando a evolu��o atual das emiss�es globais.
A press�o sobre a China
Maior poluidor mundo, respons�vel por 28% das emiss�es de carbono, a China tem alcan�ado seus compromissos, mas sofre press�o para adotar objetivos mais ambiciosos.
Substituindo energia f�ssil por fontes renov�veis, a pot�ncia asi�tica j� conseguiu atingir sua meta de reduzir em 40% a 45% a emiss�o de carbono por unidade de PIB (Produto Interno Bruto) entre 2005 e 2020 e tem como objetivo elevar essa redu��o para 60% a 65% em 2030.
O pa�s, por�m, vem sendo pressionado a antecipar de 2060 para 2050 sua meta de neutralidade clim�tica. O presidente Xi Jinping j� disse que o pa�s pretende alcan�ar esse objetivo antes do previsto, mas n�o se comprometeu com uma data.

Pa�ses ricos n�o cumprem meta de doar US$ 100 bi a pa�ses pobres
Outro compromisso que n�o tem sido cumprido por pa�ses ricos, segundo levantamento da Organiza��o para Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE), � a meta firmada na Confer�ncia do Clima de Copenhague (COP15), em 2009, de alcan�ar at� 2020 o patamar anual de US$ 100 bilh�es em doa��es para a��es clim�ticas nas na��es pobres (grupo que n�o inclui o Brasil, considerado um pa�s de renda m�dia).
N�o h� dados fechados ainda para os �ltimos dois anos, mas estimativa da OCDE divulgada em novembro � que o resultado de 2018 ficou distante da meta, em US$ 78,9 bilh�es. O montante representou um aumento de 11% em rela��o a 2017 (US$ 71,2 bilh�es).
Essas estimativas, por�m, n�o s�o consideradas totalmente confi�veis por cientistas. Em artigo recente publicado na revista Nature Climate Change, pesquisadores da Brown University (EUA), da Universidade Livre de Bruxelas (B�lgica) e de entre outras institui��es ressaltam que faltam regras claras sobre que tipos de recursos deveriam ser contabilizados nessa meta.
"A promessa de 2009 de mobilizar US$ 100 bilh�es por ano at� 2020 em financiamento clim�tico para na��es em desenvolvimento n�o foi espec�fica sobre que tipos de financiamento poderiam contar. Indetermina��o e alega��es question�veis tornam imposs�vel saber se as na��es desenvolvidas cumpriram (com a promessa)", afirmam.
"A promessa original afirmava que 'este financiamento vir� de uma ampla variedade de fontes, p�blicas e privadas, bilaterais e multilaterais, incluindo fontes alternativas de financiamento', mas n�o especificou regras sobre o que poderia ser contabilizado nessas categorias", acrescenta o artigo.
Durante a C�pula de L�deres nesta quinta-feira, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, refor�ou a responsabilidade dos pa�ses ricos em apoiar os mais pobres.
"Podemos fazer isso juntos em todo o mundo e isso significar� que as na��es mais ricas se unir�o e ultrapassar�o o compromisso de US$ 100 bilh�es j� assumido em 2009, e eu enfatizo a import�ncia disso", discursou.
Brasil cobra mais recursos para Amaz�nia

O governo brasileiro tem reagido � press�o internacional pela redu��o do desmatamento cobrando apoio financeiro internacional para preserva��o da Amaz�nia.
Para o governo brasileiro, as grandes pot�ncias, sendo as maiores respons�veis pela emiss�o de carbono e o aquecimento global, t�m obriga��o de contribuir com a prote��o da floresta e a viabiliza��o de iniciativas de desenvolvimento que gerem renda para a popula��o local.
Segundo o relat�rio da ONU, Estados Unidos, Uni�o Europeia, China e �ndia respondem por cerca de 55% das emiss�es globais de carbono.
J� o Brasil, enfatizou Bolsonaro em seu discurso na c�pula, � respons�vel por menos de 3% das emiss�es globais — n�mero que � considerado subestimado por ambientalistas.
Para o cientista Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avan�ados da Universidade de S�o Paulo e presidente do Painel Brasileiro de Mudan�as Clim�ticas, o argumento usado por Bolsonaro n�o reduz as responsabilidades brasileiras na compara��o com pa�ses ricos e outras grandes pot�ncias poluidoras.
Segundo ele, considerando a emiss�o de carbono per capita, ou seja, proporcional ao tamanho da popula��o, a polui��o brasileira se aproxima dos n�veis chineses. O motivo da alta � justamente a acelera��o do desmatamento, j� que a derrubada de florestas � a principal causa das emiss�es brasileiras.
"O Brasil est� se aproximando das emis�es per capita da China de 9,5 toneladas de gases do efeito estufa por ano por habitante. O Brasil j� passou de 8,5 toneladas. Com o grande aumento do desmatamento, das queimadas de floresta, est� chegando quase em nove", ressaltou � reportagem.
"Estamos num n�vel muito inferior ao dos que mais emitem em termos per capita, os Estados Unidos est�o na faixa de 16 toneladas por habitante por ano, mas o Brasil est� aumentando. Portanto, as responsabilidades do Brasil s�o equivalentes", argumentou ainda.
Pa�ses desenvolvidos como EUA e Noruega t�m respondido aos apelos do Brasil por recursos cobrando antes a redu��o do desmatamento. Apenas ap�s resultados concretos nesse campo aceitam negociar repasses financeiros.
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