
Os autores da nova pesquisa explicam, no artigo, que o planeta � semelhante � Terra de diversas maneiras, incluindo o tamanho e a massa, mas difere pela alta temperatura de superf�cie (470ºC) e pela atmosfera de g�s carb�nico a 97%, condi��es n�o muito prop�cias � vida. No estudo, os especialistas resolveram avaliar tamb�m a disponibilidade da �gua do planeta, que � “fabricada” nas nuvens. “A atividade de �gua de um ambiente pode afetar consideravelmente os organismos, incluindo aqueles que s�o capazes de viver em ambientes extremos, conhecidos como extrem�filos”, justificaram.
A equipe calculou atividade da �gua nas nuvens de V�nus e de outros planetas do Sistema Solar. Para isso, foi usada uma escala de 0 a 1, como um par�metro equivalente � umidade relativa. Segundo o artigo, estudos mostram que a vida requer uma atividade de �gua de pelo menos 0,585 para que ocorram o metabolismo e a reprodu��o. A an�lise mostrou que as altas concentra��es de got�culas de �cido sulf�rico reduzem a quantidade de �gua presente nas nuvens de V�nus para abaixo de 0,004, mais de 100 vezes menos do que o limite para a vida ativa.
“Comparativamente, a atividade representativa da �gua nas nuvens de Marte � 0,537, que est� ligeiramente abaixo da faixa habit�vel para a vida � semelhante � da segunda camada, ou estratosfera, da atmosfera da Terra. N�o h� vida ativa poss�vel em V�nus”, declarou, em coletiva de imprensa, o microbiologista John Hallsworth, principal coautor do estudo e pesquisador da Universidade de Queens Belfast, no Reino Unido.
Fosfina
Em setembro, a astr�noma brit�nica Jane Greaves anunciou que havia descoberto fosfina em camadas de nuvens de V�nus. Como na Terra, a fosfina prov�m da atividade humanas ou microbiana. A descoberta abalou a comunidade cient�fica, j� que se tratava de um ind�cio de exist�ncia de vida no planeta vizinho. Por�m, especialistas come�aram a questionar a observa��o e o m�todo usado para estabelecer a presen�a do g�s.
“Embora a equipe da professora Greaves tenha revisado a quantidade do g�s que havia dito ter detectado, n�o h� um consenso firme na comunidade cient�fica de que o sinal detectado � realmente fosfina”, explicou Chris McKay, coautor do estudo divulgado ontem e astrof�sico da ag�ncia espacial americana, a Nasa. “O micr�bio mais tolerante � seca n�o teria tido uma �nica chance nas nuvens de V�nus, e o mais tolerante a um ambiente �cido menos ainda”, acrescentou Hallsworth. A aposta � de que as tr�s sondas que est�o programadas para explorar o planeta at� 2030 confirmem os dados existentes de temperatura, press�o e �gua, e ajudem os especialistas a chegarem a um consenso.