
* Esta reportagem foi publicada no dia 8 de setembro de 2017, ap�s um terremoto de magnitude 8,2 no M�xico. Ela est� sendo republicada e atualizada agora, em 2021, porque o fen�meno dos misteriosos flashes de luz se repetiu em outro terremoto nesta semana .
Um terremoto de magnitude 7,1 atingiu Acapulco , no sul do M�xico, na ter�a-feira (07/09), matando pelo menos uma pessoa. Como j� havia acontecido, durante um outro terremoto no M�xico em 2017, algo muito incomum ocorreu.
Foram registradas luzes semelhantes �s de uma aurora boreal, segundo relatos de moradores nas redes sociais e reportagens de ve�culos de imprensa locais.
Mas o que s�o esses misteriosos clar�es de luz? E o que eles t�m a ver com o terremoto?
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Segundo pesquisadores da Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, essas luzes aparecem devido a movimentos em camadas do solo, que geram cargas el�tricas enormes quando acontecem perto de falhas geol�gicas da Terra.
S�o conhecidas como "luzes de terremoto" e s�o documentadas desde os anos 1600, de acordo com um comunicado da Associa��o Sismol�gica dos Estados Unidos.
Dois dias antes do terremoto de 1906 em San Francisco, por exemplo, um casal enxergou raios de luz no c�u. Em 1998, um globo brilhante de luzes rosa e p�rpura foi visto 11 dias antes de um terremoto devastador em Quebec, no Canad�.

Pouco antes do sismo de 2009 em L'Aquila, na It�lia, transeuntes viram "chamas de luz" saindo dos paralelep�pedos no centro hist�rico da cidade poucos segundos antes do tremor.
C�meras de seguran�a tamb�m registraram raios de luz durante o terremoto de magnitude 8,0 em Pisco, no Peru, em 2007.
V�rios v�deos publicados no YouTube mostram esferas de luz na �poca do terremoto seguido de tsunami em Fukushima, no Jap�o, em 2011. E agora algo parecido est� acontecendo no M�xico.
Experimentos em laborat�rio
Essas luzes de terremoto podem surgir antes ou durante os movimentos s�smicos.
Os raios mais comuns no c�u s�o resultado da acumula��o de carga el�trica nas nuvens. Mas experimentos feitos em laborat�rio na Universidade de Rutgers indicam que essas luzes na verdade s�o originadas pelo aumento de carga el�trica no solo quando surgem rachaduras na terra.
Os resultados foram apresentados em reuni�o da Sociedade Americana de F�sica pelo engenheiro biom�dico Troy Shinbrot, em 2014.
Seu laborat�rio criou um modelo em miniatura das tens�es, for�as e rupturas que acontecem durante um terremoto.
Eles encheram tanques com diferentes subst�ncias, de farinha at� pequenas bolas de vidro, e os agitaram sem parar com o objetivo de criar rachaduras.

A observa��o desse fen�meno indicou que o atrito provocava centenas de volts de eletricidade, o que sugere que at� mesmo movimentos sutis do solo em falhas geol�gicas s�o suficientes para carregar a Terra e provocar raios no c�u.
"Pegamos um pote cheio de farinha e o agitamos at� que aparecessem rachaduras - isso produziu 200 volts de energia", disse Shinbrot.
A equipe liderada por Troy Shinbrot observou tamb�m outros dois tipos de materiais em part�culas que se unem e deslizam de maneira parecida � da Terra nas zonas mais propensas a sismos.
Assim, eles descobriram que, ao ser movidos, todos desenvolvem uma voltagem el�trica, que pode ser muito maior se acontecer em meio a falhas geol�gicas.
"Eu n�o conhe�o um mecanismo que possa explicar isso, parece ser um novo tipo de f�sica", afirmou.
Advert�ncia para prevenir desastres
Ainda n�o h� uma explica��o para os motivos por tr�s da forma��o dessa carga nem por que as luzes aparecem algumas vezes e outras n�o.
"Nem todo grande terremoto � precedido por raios. Nem todos os raios que atingem o c�u ser�o seguidos por um terremoto", disse Shinbrot.

"Percebemos que as luzes parecem anteceder alguns grandes terremotos de magnitude 5 ou maiores. Mas a voltagem nem sempre � a mesma. �s vezes � alta, e outras, � baixa", acrescentou.
Ainda assim, esses sinais luminosos de advert�ncia poderiam ajudar a prevenir desastres.
No caso do terremoto de L'Aquila, sabe-se que um morador viu as luzes de dentro de sua casa duas horas antes do sismo e levou sua fam�lia para um local seguro.
Depois disso, surgiram projetos para observar e registrar essas luzes em regi�es especialmente vulner�veis aos movimentos s�smicos.
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