(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas SA�DE

Combina��o promissora de drogas contra a COVID-19

Cientistas seguem mobilizados na busca por uma terapia com alta efic�cia contra o v�rus. Entre as estrat�gias est�o coquet�is com medicamentos diferentes


14/09/2021 04:00 - atualizado 13/09/2021 17:19

None
(foto: Pixabay)

Cerca de 30% da popula��o mundial recebeu, ao menos, uma dose das vacinas para o Sars-CoV-2 e, nesse cen�rio, o n�mero global de casos e �bitos decorrentes continuam altos. Em 30 de agosto – dado consolidado mais recente da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) – morreram, no mundo, 67.475 pessoas e outras 4.502.702 testaram positivo para o coronav�rus.

Sem tratamento espec�fico nem cura para a COVID-19, cientistas continuam buscando drogas capazes de evitar que a infec��o progrida. Apesar de avan�os nesse sentido, um medicamento com alta efic�cia para a doen�a ainda n�o foi encontrado.

� poss�vel, inclusive, que o tratamento seja composto por uma combina��o de drogas. At� agora, os estudos com seres humanos mostram que, enquanto algumas funcionam no in�cio da doen�a, ao menos tr�s – o corticoide dexametasona e os anticorpos monoclonais com a��o anti-inflamat�ria tocilizumabe e sarilumabe – s�o capazes de evitar �bitos em pacientes graves.

“Algumas das estrat�gias antivirais mais efetivas s�o coquet�is, nos quais os pacientes recebem v�rias drogas diferentes que combatem a infec��o, como aquelas usadas para tratar HIV”, conta Thomas Rogers, professor do Departamento de Imunologia e Microbiologia do Instituto de pesquisas Scripps, na Calif�rnia.

Desde o in�cio da pandemia, cientistas apostam no reposicionamento de drogas como estrat�gia para combater a COVID-19. Trata-se de investigar, entre f�rmacos j� existentes, aqueles com potencial para tratar uma doen�a para a qual n�o foram desenvolvidos inicialmente.

Intelig�ncia artificial e aprendizado de m�quina permitem identificar milhares de compostos promissores que, por�m, precisam ser testados em c�lulas, animais e, depois, no homem, para ter a efic�cia e a seguran�a comprovadas. Apenas a minoria passa no teste, mas foi assim que se identificaram os rem�dios utilizados atualmente no combate � COVID-19.

A OMS, os Estados Unidos e o Reino Unido lideram os principais projetos de reposicionamento de drogas que, quando identificadas, s�o testadas em multicentros de v�rios pa�ses, incluindo no Brasil. O maior deles � o brit�nico Recovery, com 12 mil pacientes, encabe�ado pela Universidade de Oxford.

Foi gra�as a esse projeto, do qual participam mais de 42 mil profissionais em todo o mundo, que se comprovou a efic�cia da dexametasona, um corticoide de baixo custo e amplo acesso, para pacientes graves.

Tamb�m foi o Recovery que descobriu, recentemente, que a combina��o de dois anticorpos monoclonais – casirivimabe e imdevimabe – reduzem �bitos de pacientes que n�o conseguem montar a pr�pria resposta imunol�gica. At� agora, s� havia indica��o de uso dessa classe de medicamentos para a doen�a leve.

“A pandemia da COVID-19 ainda tem um longo caminho a percorrer e, embora a doen�a continue a ceifar vidas, continuaremos nossa busca para encontrar novos tratamentos eficazes que sejam acess�veis a todos”, comenta Peter Horby, do Departamento Nuffield de Medicina da Universidade de Oxford e vice-presidente do Recovery. Ele conta que, atualmente, o projeto est� investigando tr�s medicamentos e um protocolo de tratamento.

No fim de julho, come�aram os primeiros testes do empaglifozin, uma droga de baixo custo utilizada para diabetes 2 que pode reduzir a inflama��o, melhorar a fun��o cardiovascular e aumentar o transporte de sangue e oxig�nio do paciente com covid. Os testes ser�o feitos em 185 hospitais do Reino Unido, do Nepal e da Indon�sia, com 41 mil pessoas.

Al�m dessa droga, o Recovery avalia a efic�cia de baricitinibe (imunomodulador usado no tratamento de artrite reumatoide), dimethyl fumarate (tamb�m imunomodulador, mas para psor�ase e esclerose m�ltipla) e o uso de corticosteroides em dose normal versus alta dosagem.

Em testes, drogas com bons resultados para casos leves nem sempre ajudam pacientes que enfrentam quadros graves da doença
Em testes, drogas com bons resultados para casos leves nem sempre ajudam pacientes que enfrentam quadros graves da doen�a (foto: Carla Bernhardt/AFP)
ALVO DIF�CIL 

Atualmente, as apostas da ci�ncia e da medicina est�o em tr�s tipos de medicamentos: os corticosteroides, que lutam contra a hiperinflama��o caracter�stica da doen�a grave, os anticorpos monoclonais, tamb�m anti-inflamat�rios, e os antivirais. Esses �ltimos ainda n�o mostraram muitos benef�cios em estudos.

O remdesivir, �nico medicamento aprovado em definitivo – e n�o em car�ter emergencial – para tratar a covid leve pela ag�ncia regulat�ria norte-americana Food and Drug Administration (FDA), se saiu bem nos primeiros testes, mas decepcionou nos seguintes.

V�rus n�o t�m c�lulas, o que dificulta a descoberta de um alvo para atac�-los. Uma estrat�gia que vem sendo estudada �, em vez de se focar no micro-organismo, tentar impedir que seus receptores nas c�lulas do hospedeiro abram as portas para que eles entrem. Por�m ainda n�o h� medicamentos prontos, com esse conceito.

Al�m das estrat�gias medicamentosas, outras abordagens t�m sido estudadas desde o in�cio da pandemia. Uma delas � o uso de soro convalescente. A ideia � que o plasma de pessoas que tiveram a doen�a pode refor�ar o sistema imunol�gico de pacientes porque tem anticorpos neutralizantes naturais.

Por�m, os estudos n�o t�m demonstrado resultados promissores. Cientistas canadenses publicaram as descobertas de um dos maiores ensaios cl�nicos sobre a t�cnica, com 930 volunt�rios de Canad�, Estados Unidos e Brasil.

Os pesquisadores descobriram que o soro convalescente n�o foi capaz de evitar o progresso da doen�a e a intuba��o dos pacientes graves. Dependendo do perfil de anticorpos do doador, ele poderia at� piorar o estado cl�nico.

Mas Phillip B�lgin, um dos principais investigadores e pesquisador da Funda��o Ste. Justine, diz que o resultado n�o � definitivo. “As informa��es obtidas no nosso estudo podem ser analisadas com os resultados de v�rios estudos semelhantes em andamento no mundo para fornecer informa��es e percep��es mais robustas que guiar�o a pr�tica cl�nica e a pol�tica de sa�de globalmente”, diz.

No Brasil, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) est�o avaliando a efic�cia da t�cnica. De acordo com a assessoria de imprensa do Idor, ainda n�o h� dados consolidados.

Duas perguntas para...

C�sar Omar Carranza Tamayo

Membro do Comit� T�cnico de Medicina Tropical da Sociedade Brasileira de Infectologia, professor da Universidade Cat�lica de Bras�lia e infectologista do Hospital Anchieta.

Embora n�o exista cura para a COVID-19, o que h� de mais avan�ado no tratamento?

Atualmente, s�o os anticorpos monoclonais, mol�culas desenvolvidas em laborat�rio. Existem os utilizados para preven��o das formas graves da doen�a, h� v�rios licenciados em outros pa�ses e na Anvisa para uso emergencial. Eles t�m como fun��o se unir aos receptores da prote�na spike do coronav�rus. Com isso, se evita que o v�rus ingresse nas c�lulas, diminuindo o risco de a pessoa evoluir de um caso leve para um grave. Lembrando que esses anticorpos devem ser utilizados no in�cio da infec��o. Se o paciente j� est� num quadro mais grave, n�o tem indica��o. Outro anticorpo � o tocilizumabe, que, apesar de ter resultados conflitantes – ou seja, estudos que mostram benef�cios e outros que n�o mostram tantos –, pode ser utilizado para pacientes graves. Mas, infelizmente, os estudos mostram que n�o h� nada capaz nem de prevenir a infec��o nem de matar o v�rus.

Muitas pessoas continuam comprando hidroxicloroquina e ivermectina acreditando que ficar�o protegidas do Sars-CoV-2. Quais os principais malef�cios dessas drogas em caso de uso sem indica��o?

Infelizmente, ainda h� pessoas que usam hidroxicloroquina e ivermectina como supostas terapias preventivas do coronav�rus. Assim como o antibi�tico azitromicina e a colchicina, v�rios estudos foram descontinuados porque j� est� bem definido que n�o h� efic�cia na preven��o da doen�a. E v�rias dessas drogas t�m efeitos adversos. A hidroxicloroquina pode causar arritmias card�acas, problemas oftalmol�gicos. A ivermectina tem um potencial de toxicidade porque, para esse suposto uso preventivo contra covid, s�o utilizadas doses maiores que as recomendadas. H� paciente que pode ter rea��es hep�ticas. J� temos presenciado alguns graus de hepatite associados � ivermectina que diminu�ram ap�s a cessa��o do uso do f�rmaco. A melhor ferramenta preventiva que temos dispon�vel � a vacina, lembrando que ela basicamente evita contrair a covid e que se desenvolva um quadro grave. Infelizmente, a vacina n�o evita a pessoa de se infectar, mas o que est� sendo demonstrado em pa�ses com cobertura vacinal elevada � que, apesar de o n�mero de casos de covid aumentar, os vacinados n�o s�o os que evoluem para as formas mais graves.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)