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Estado de Minas CI�NCIA

Como explos�o de cometa formou misteriosos 'campos de vidro' do deserto do Atacama

Na �poca da explos�o, a paisagem daquela regi�o do planeta era muito diferente da aridez absoluta atual: havia vegeta��o abundante, animais gigantes e possivelmente lagoas.


12/11/2021 12:06 - atualizado 13/11/2021 19:46


Cristais no deserto do Atacama, no Chile
(foto: Nicol�s Blanco)

No lugar que hoje � o deserto do Atacama, no norte do Chile, provavelmente um evento apocal�ptico ocorreu h� pelo menos 11 mil anos. Um cometa teria explodido ao se aproximar da superf�cie da Terra, gerando um jato de fogo com ventos semelhantes aos de um furac�o ou um tornado.

Naquela �poca, a paisagem daquela regi�o do planeta era muito diferente da aridez absoluta atual: havia vegeta��o abundante, animais gigantes e corpos d'�gua, possivelmente lagoas.

O inferno gerado pela explos�o do cometa no c�u n�o s� teria a capacidade de destruir os seres vivos na Terra, mas tamb�m criaria um mist�rio para os ge�logos at� os dias de hoje.

� que em um ponto do deserto do Atacama, chamado de pampa do Tamarugal, foram descobertas em 2008 rochas com forma��es cristalinas de origem incerta at� pouco tempo atr�s.

Na semana passada, um grupo de cientistas publicou os resultados de um novo estudo em que conclu�ram que os campos de vidro foram criados pelo efeito da explos�o de um cometa.


Rochas com cristais no Atacama
Segundo ge�logos, os campos de vidro do deserto do Atacama foram preservados pela hiperaridez do terreno (foto: Nicol�s Blanco)

"Esta explos�o desceu em dire��o � superf�cie do solo como um plasma muito quente, a cerca de 1.700° C", explica o ge�logo Nicol�s Blanco � BBC News Mundo (servi�o em espanhol da BBC). "Esse plasma foi acompanhado por ventos com for�a de furac�o, semelhantes aos dos tornados. O calor combinado com os ventos gerou os corpos derretidos com parte do material do cometa, fundindo e incorporando essas rochas que tamb�m foram derretidas."

Em 2008, o ge�logo descobriu os campos de vidro junto com seu colega Andrew Tomlinson (ambos do Servi�o Nacional de Geologia e Minera��o do Chile, Sernageomin). Isso levou � pesquisa de Blanco, Tomlison, Peter Schultz, Scott Harris e Sebasti�n Perroud publicada em 2 de novembro na revista Geology.

Um mist�rio do deserto

Os campos de vidro est�o espalhados em uma faixa de cerca de 70 km de extens�o nos pampas do Tamarugal.

As forma��es rochosas que apresentam incrusta��es cristalinas, ap�s serem analisadas, foram catalogadas como origin�rias do Pleistoceno Superior. Ou seja, teriam pelo menos 10,5 mil anos de idade.


Atacama e suas rochas com cristais
Essas rochas com forma��es cristalianas n�o t�m valor comercial, mas s�o muito valiosas para os estudos de geologia (foto: Nicol�s Blanco)

"A rocha � do tipo esc�ria, como s�o conhecidas na ind�stria sider�rgica, com vidros de cor verde escura que n�o t�m valor econ�mico em si, porque n�o possuem uma beleza particular", explica Blanco.

"Dentro desse material fundido, existem pequenos cristais microsc�picos que lhe conferem a caracter�stica especial que possui."

As mudan�as em nosso planeta que criaram o deserto teriam gerado a hiperaridez pela qual muitas dessas rochas foram preservadas quase que no mesmo momento em que foram formadas.

"Isso n�o � muito comum. Existem algumas evid�ncias em algumas partes da �frica e da Austr�lia, com climas �ridos, e � mais f�cil observ�-las l�. Mas em �reas com vegeta��o � muito dif�cil (de enxerg�-las), por isso � uma descoberta bastante interessante para a ci�ncia ", conta Alejandro Cecioni, subdiretor nacional de geologia da Sernageomin, � BBC News Mundo.

Quando Blanco e Tomlinson encontraram as rochas, se perguntaram como elas teriam se formado. "O exemplo do impacto de meteoritos na superf�cie da Terra j� � conhecido: eles formam crateras e deixam vest�gios de rocha derretida que indicam os efeitos da alta temperatura e press�o do impacto."

"Mas nesta regi�o essas crateras de impacto n�o existem. Ent�o, como se explica uma fonte de calor diferente do impacto de um meteorito?"

Por que um cometa?

Esses tipos de forma��es cristalinas podem ser encontrados em outras partes do planeta, onde a atividade vulc�nica, a colis�o de um meteorito ou a queda de um raio deixaram uma marca no solo.


Teste nuclear dos EUA
Testes de armas nucleares t�m caracter�sticas similares ao evento ocorrido no Atacama, por tamb�m deixarem rochas fundidas, explica pesquisador (foto: Getty Images)

Mas naquele ponto do deserto do Atacama n�o h� evid�ncias de vulc�es ou vest�gios do impacto de um corpo espacial de tal magnitude. O que os pesquisadores descobriram s�o tr�s minerais que consideram essenciais.

As an�lises mostraram que nos vidros ocorre a fus�o de cubanita, trolita e baddeleyita, sendo que os dois primeiros minerais s�o aqueles detectados em meteoritos e cometas.

Nos anos 2000, a miss�o Stardust da NASA trouxe para a Terra amostras do cometa Wild-2 com a presen�a de cubanita e trolita.

Como n�o havia evid�ncia de queda de meteorito, os cientistas acreditam que a fus�o de minerais e a forma��o cristalina foram causadas pelo impacto de um cometa.

"Esses tr�s elementos eram indicativos de que o processo de forma��o estava em alt�ssima temperatura e era gerado por esse processo t�rmico que vinha do espa�o", afirma Blanco.

A Teoria do Grande Fogo

Um evento com caracter�sticas semelhantes ao impacto de que falam os cientistas n�o foi documentado pela humanidade.

O "evento de Tunguska", uma grande detona��o na R�ssia no in�cio do s�culo 20, � atribu�do � explos�o a�rea de um meteorito, uma vez que n�o deixou uma cratera na superf�cie da Terra. Mas n�o causou tanta devasta��o quanto se sabe que ocorreu no Atacama, no Chile.

"Os dois eventos coincidem com a destrui��o da megafauna local. Naquela �poca, (onde hoje � o Atacama) havia animais de grande porte que ficavam em um ambiente com vegeta��o, que tamb�m queimou em temperaturas muito altas, o que n�o � muito comum", diz Cecioni, que faz parte do Servi�o Nacional de Geologia e Minera��o do Chile.


Explosão de Tunguska
No caso de Tunguska, na R�ssia, as �rvores apontaram a dimens�o da explos�o do corpo celeste (foto: Getty Images)

Uma teoria anterior aventava a hip�tese de que as forma��es de vidro eram causadas pelo inc�ndio na vegeta��o, mas Blanco afirma que n�o h� evid�ncias de que um inc�ndio de superf�cie possa gerar uma quantidade de calor superior a 1.700°C, a ponto de derreter os minerais encontrados.

Em geral, inc�ndios florestais podem gerar temperaturas de at� 500°C. "Nenhum inc�ndio florestal em lugar nenhum deixou evid�ncias de vidro derretido dessa magnitude. Nos grandes inc�ndios florestais em v�rias partes do mundo, nunca foi relatada a exist�ncia de fus�o de solos", diz o ge�logo.

Por esse e outros motivos, ele e seus colegas consideram que as evid�ncias da forma��o das misteriosas rochas com cristais s�o produto de um evento de libera��o de energia como a explos�o de um cometa.

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