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Estado de Minas COMIDA

O que h� por tr�s da nossa vontade de 'beliscar' comidas o tempo todo

Para entender nossa vontade de comer repetidamente, � importante falar das orexinas


25/11/2021 11:19 - atualizado 26/11/2021 11:14

Mulher abrindo a boca para comer sushi, de olhos fechados
Para entender nossa vontade de comer repetidamente, � importante falar das orexinas (foto: Getty Images)

Voc� acabou de comer e assistiu a um epis�dio da sua s�rie preferida - e j� � novamente atacado pela fome...

Todos n�s conhecemos esses per�odos de apetite constante por doces, mas voc� sabe qual � a raz�o por tr�s dessas exig�ncias fisiol�gicas? Existem v�rias pesquisas que est�o tentando decifrar esse enigma.

Para responder a isso, precisamos falar das orexinas. Tamb�m chamadas de hipocretinas, as orexinas A e B s�o duas pequenas prote�nas produzidas por certas c�lulas nervosas (neur�nios) do hipot�lamo.

Essa regi�o importante do nosso c�rebro est� relacionada com a regula��o do sistema nervoso aut�nomo e com diversas fun��es, como a reprodu��o, a termorregula��o - ou a fome.


Embora as suas fun��es fossem inicialmente relacionadas � regulagem da alimenta��o (especialmente o est�mulo do apetite), atualmente s�o conhecidos outros efeitos que influenciam todo o organismo.

Elas influenciam, por exemplo, a regula��o do sono, as fun��es end�crinas e cardiovasculares, a regula��o dos gastos energ�ticos e da termog�nese, os sistemas de recompensa e o humor. Elas tamb�m desempenham papel importante em diversas doen�as, como a narcolepsia, a obesidade e a depend�ncia.

Por que as orexinas causam vontade de comer mais?

As orexinas desempenham papel fundamental na nossa rea��o ao estresse.

Elas tamb�m modulam diversos comportamentos importantes para a nossa sa�de mental e f�sica, como o despertar, os comportamentos viciantes, as mudan�as emocionais, a maior sensibilidade � dor e, especialmente, as mudan�as de apetite.

Al�m disso, os n�veis de orexinas s�o alterados em doen�as mentais, como a depress�o e os transtornos de ansiedade. Eles podem tamb�m explicar a diferen�a entre os sexos na rea��o ao estresse e s�o identificados como poss�vel objetivo terap�utico para o tratamento dessas altera��es.

Mas vamos nos concentrar no papel que as orexinas desempenham na nossa alimenta��o.

O sistema que regula a produ��o de orexinas � capaz de detectar mudan�as do equil�brio energ�tico e aumentar os seus n�veis em rea��o ao jejum.

E elas n�o trabalham sozinhas. As orexinas interagem com outras subst�ncias relacionadas com a regulagem do apetite, como a leptina e a grelina.

A leptina � um horm�nio liberado pelo tecido adiposo, que regula nossas reservas de gordura (que s�o uma forma de armazenamento de energia a longo prazo) e tamb�m o nosso apetite, ao induzir a sensa��o de saciedade. J� a grelina � um horm�nio digestivo secretado pelo est�mago pouco antes das refei��es programadas. Ela estimula a ingest�o de alimentos de forma muito intensa a curto prazo.

Mas como elas se relacionam com as nossas prote�nas protagonistas, as orexinas?


Prato com relógio no meio
O sistema que regula a produ��o de orexinas reage ao jejum (foto: Getty Images)

A regula��o da energia e do apetite mediada pelas orexinas ocorre gra�as �s informa��es recebidas de outras regi�es do hipot�lamo, que registram, entre outras, as varia��es dos n�veis de glicose, leptina (indutora da saciedade) e grelina (indutora da fome).

Os neur�nios que produzem as orexinas s�o capazes de reunir essas informa��es e desencadear uma rea��o em fun��o das necessidades do organismo. E, infelizmente (para n�s), elas podem associar a ingest�o de alimentos a uma recompensa. Acredita-se que a orexina A esteja relacionada com alguns dos fatores ambientais que causam a "fissura" - aquele desejo irresist�vel observado na adic��o, onde a fun��o da orexina tamb�m j� foi identificada - e a reca�da.

Qual papel elas desempenham ao longo da vida?

O seu papel regulador em muitas fun��es do organismo fez com que fosse estudada sua rela��o com altera��es associadas a determinadas situa��es, como a menopausa.

Nessa etapa da vida da mulher, s�o frequentemente descritas altera��es do sono, aumento do peso e do per�metro abdominal, al�m de um estado de maior ansiedade.

Para tentar compreender o papel que podem desempenhar as orexinas e outros horm�nios, foi estudada a forma em que seus n�veis s�o alterados e se essas varia��es podem ser associadas a alguns dos sintomas observados.

Nesses casos, sabe-se que ocorre um aumento dos n�veis de orexina A, paralelamente � redu��o dos n�veis de produ��o de estrog�nios verificada nessa etapa da vida.

Contudo, os poucos estudos cl�nicos realizados neste campo at� o momento n�o s�o conclusivos e nenhuma associa��o clara foi encontrada entre os n�veis de orexina A e as outras vari�veis t�picas do estado p�s-menopausa - como o impacto do tratamento hormonal substitutivo sobre esses n�veis, as altera��es da qualidade do sono e o �ndice de massa corporal.

A rela��o entre as orexinas e os dist�rbios alimentares

Podemos ver que o papel da orexina na sa�de mental � importante. Por isso, n�o podemos deixar de lado outro exemplo marcante: a rela��o desse horm�nio com a anorexia nervosa.

Esse dist�rbio do comportamento alimentar � caracterizado por peso corporal excepcionalmente baixo, percep��o alterada da imagem do corpo, intenso receio de ganhar peso e outras manifesta��es cl�nicas consequentes do baixo peso, como a perda da menstrua��o, para as mulheres.

Em consequ�ncia da ingest�o de alimentos insuficiente e desequilibrada, as pessoas que sofrem de anorexia nervosa frequentemente apresentam s�ria desnutri��o que afeta todo o organismo, incluindo o funcionamento cerebral.

Sobre este tema, estudos recentes sugerem que os n�veis de orexina A e o desempenho cognitivo s�o inferiores entre as mulheres que sofrem de anorexia nervosa.

Al�m disso, tamb�m se concluiu que baixos n�veis desse horm�nio s�o associados a menor flexibilidade cognitiva e resultados inferiores em testes psicol�gicos que avaliam a tomada de decis�es em situa��es de risco.

Mas seria necess�rio ampliar e confirmar essas conclus�es, que abrem uma interessante via de pesquisa relacionando a neuropsicologia e o gasto energ�tico, para podermos conhecer seus mecanismos de a��o.

*Maria Asunci�n Martinez Brocca � professora do Departamento de Medicina da Faculdade de Medicina e chefe do Servi�o de Endocrinologia e Nutri��o do Hospital Universit�rio Virgen Macarena, da Universidade de Sevilha, na Espanha.

**Este artigo foi publicado originalmente no site de not�cias acad�micas The Conversation e republicado sob licen�a Creative Commons. Leia a vers�o original em espanhol e franc�s.

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