O pr�mio mais cobi�ado por Lorrane, al�m do reconhecimento, como o trof�u como o que recebeu do MCTI, � a oportunidade de batizar corpos celestes (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
Nascida em Belo Horizonte e criada na regi�o do Barreiro, Lorrane Olivlet, de 27 anos, realizou o sonho de qualquer entusiasta da astronomia: descobrir corpos celestes e poder batiz�-los. Liderando equipes, ela foi respons�vel pela identifica��o de 50 asteroides, atrav�s do programa International Astronomical Search Collaboration, uma parceria da Nasa com o governo brasileiro. E, como divulgadora cient�fica, buscou aproximar outras pessoas � 'ca�a de asteroides'.
O programa disponibiliza imagens do telesc�pio Pan-STARRS, localizado no Hava�, para qualquer brasileiro interessado em contribuir para a identifica��o dos corpos celestes desconhecidos. Volunt�rio, o projeto de “ci�ncia cidad�” oferece um software para equipes interessadas em desbravar o Cintur�o Principal, localizado entre J�piter e Marte.
Al�m da contribui��o para o desenvolvimento cient�fico (inter)nacional, a principal motiva��o do esfor�o � localizar os “neos”, corpos que podem estar em rota de colis�o com a Terra. Lorrane explica que o grande risco s�o os asteroides pequenos, dif�ceis de identificar, mas que podem causar grandes estragos se atingirem �reas densamente povoadas, como S�o Paulo.
Estudando em uma escola p�blica de uma periferia durante o ensino b�sico, ela cedo percebeu as dificuldades de acesso ao conhecimento em astronomia. (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
'Quero transformar o Brasil'
A jovem mineira � formada em Engenharia Biom�dica pela Fumec, e cursa atualmente Engenharia Mec�nica na UFMG. Divulgadora cient�fica na �rea da astronomia h� quase 14 anos, Lorrane publicou o livro 'Meu primeiro contato com o c�u: Introdu��o ao sistema solar' em 2019. Seu interesse come�ou cedo, aos 3 anos, quando ganhou um livrinho para crian�as que falava sobre o cosmos.
Estudando em uma escola p�blica de uma periferia durante o ensino b�sico, ela cedo percebeu as dificuldades de acesso ao conhecimento em astronomia. Pela internet, conheceu outros jovens que tamb�m queriam furar essa barreira e decidiu fundar um grupo que incentivasse o interesse pela �rea. Assim surgiu o InSpace, em 2019, que hoje tem membros em todo o pa�s e at� em Mo�ambique.
Ca�a aos asteroides
O programa de "ca�a aos asteroides", da Nasa, entrou no radar de Lorrane h� um bom tempo, mas praticamente ningu�m sabia do que se tratava, segundo ela. Em 2021, o Minist�rio de Ci�ncia, Tecnologia e Inova��o (MCTI) fez uma parceria com a ag�ncia aeroespacial dos EUA e abriu inscri��es para equipes interessadas.
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Lorrane quis participar, e seus colegas do InSpace rapidamente se prontificaram. Naquele ano, quase ningu�m sabia mexer no software disponibilizado pela Nasa — a equipe foi pioneira. Em seguida, a jovem mineira come�ou a produzir conte�dos ensinando outras pessoas como ca�ar os asteroides, e virou l�der de v�rias equipes.
Foram mais de mil objetos registrados como poss�veis asteroides, dos quais 50 foram confirmados pela Administra��o Nacional da Aeron�utica e Espa�o (Nasa). O processo de formalizar a descoberta, e por fim nome�-los oficialmente, pode levar alguns anos.
O pr�mio mais cobi�ado por Lorrane, al�m do reconhecimento entre os pares e eventuais trof�us como o que recebeu do MCTI, � a oportunidade de batizar corpos celestes. “Na astronomia, � muito raro voc� ter a oportunidade de nomear alguma coisa. Estrelas, crateras, planetas, voc� n�o pode. Esses asteroides especificamente, entre a �rbita de J�piter e Marte, s�o os �nicos que voc� pode dar o seu nome, ou o de algu�m que voc� gosta."
Sua dedica��o � ca�a dos corpos celestes foi m�xima. “Fui l�der de um monte de equipes, em 2021 e 2022. Eu usava meus hor�rios de noite e madrugada para participar, porque tenho aula. Qualquer momento que dava, eu estava l� analisando as imagens”.
O maior m�rito do programa, na opini�o de Lorrane, foi estimular a divulga��o cient�fica e a participa��o de jovens em um momento de aumento do negacionismo cient�fico. “Eu quero transformar o Brasil. Gosto muito de levar a ci�ncia �s pessoas, e acho que isso faz falta no nosso pa�s.”
A jovem conta que o projeto melhorou muito, e o software est� ficando mais acess�vel. Os interessados podem procurar Lorrane nas redes sociais (@lolivlet), onde ela ensina como dar os primeiros passos para ca�ar asteroides.