
A apenas meio metro abaixo do solo, arque�logos encontraram os restos de uma taverna que se acredita datar de 2.700 a.C.
O espa�o p�blico foi encontrado na antiga cidade de Lagash, no atual Iraque.
"Consistia de uma grande �rea comum que provavelmente era o lugar onde a comida era consumida", diz Sara Pizzimenti, da Universidade de Pisa, na It�lia, � BBC.
Ela � uma das pesquisadoras que vem estudando a cidade antiga h� cinco anos como parte do Projeto Arqueol�gico de Lagash.
Lagash foi uma das maiores e mais antigas cidades do sul da Mesopot�mia e um dos primeiros centros urbanos do mundo.
Fazia parte da civiliza��o sum�ria, formada por uma s�rie de cidades-estado �s margens dos rios Tigre e Eufrates, que durou do final do Per�odo Neol�tico at� o in�cio da Idade do Bronze.
Bancos, um forno e uma geladeira de 5 mil anos

Por meio de novas t�cnicas, como imagens de drones e an�lises de magnetometria — m�todo que permite aos arque�logos "ver" o solo sem escavar —, a equipe conseguiu cavar com mais precis�o.
Ao chegarem � taverna, eles descobriram bancos, uma esp�cie de geladeira de barro, um forno e restos de recipientes para armazenar alimentos, muitos dos quais ainda continham comida.
"Gra�as ao tipo de cer�mica encontrada no local e � arte gl�ptica (de talhar ou gravar em pedras preciosas), n�o h� d�vida de que a taverna tenha quase 5 mil anos", diz Holly Pittman, diretora do projeto, � BBC.
Mas como um dispositivo de resfriamento funcionava sem eletricidade?
Um refrigerador de pote de barro depende da evapora��o — e consiste de dois potes de tamanhos diferentes (um dentro do outro).
O pote externo, forrado com areia molhada, continha um pote interno, que era esmaltado para evitar a entrada de l�quido — e a comida era colocada nele. A evapora��o do l�quido externo extra�a o calor do pote interno. Qualquer coisa podia ser resfriada nesses potes.
Localizada �s margens do Rio Tigre, ao norte de onde ele encontra o Eufrates, Lagash foi um movimentado centro comercial durante o in�cio do Per�odo Din�stico, que durou de 3.200 a 2.900 a.C., quando foram fundadas algumas das primeiras cidades do mundo.
"Estamos tentando entender como esta cidade se desenvolveu do s�tio arqueol�gico menor que caracterizava a �rea em per�odos anteriores para uma rede muito maior e muito mais integrada", diz o arque�logo Reed Goodman, da Universidade da Pensilv�nia, nos EUA, � BBC.
Sobras de comida de 5 mil anos

Pr�ximo ao forno e � geladeira de barro, os arque�logos encontraram outro c�modo com tigelas de comida, frascos e potes.
E n�o estavam vazios.
“Encontramos mais de 100 tigelas com restos de comida, o que nos faz acreditar que este era um lugar em que as pessoas da �poca passavam e pegavam algo para comer ou beber”, diz Pizzimenti.
O local n�o poderia ser uma cozinha dom�stica, segundo ela, "pela quantidade enorme de comida que era preparada".
Os vest�gios de comida revelam que a taverna servia peixe aos clientes que a visitavam h� 5 mil anos.
“Dentro de cada um desses recipientes encontramos uma quantidade enorme de espinhas de peixes, muito bem preservadas”, conta Pittman.
O que intriga os arque�logos � por que a comida n�o foi consumida.
"Todas as coisas que encontramos foram simplesmente deixadas l�, ent�o algo provavelmente aconteceu, mas n�o sabemos o qu� —
e isso � algo que queremos descobrir", afirma Pizzimenti.
Falta uma pe�a do quebra-cabe�a

Eles tamb�m querem descobrir quem eram os visitantes da taverna e qual era seu status social.
Escava��es anteriores no s�tio arqueol�gico revelaram que a cidade de Lagash abrigava tr�s complexos de templos, onde as classes altas viviam.
Mas os arque�logos acham que a taverna n�o estava localizada em uma �rea nobre da cidade.
"A vizinhan�a onde a taverna foi encontrada n�o parece ser uma �rea nobre. Parece que era um lugar frequentado por pessoas comuns", diz Pizzimenti.
Eles acreditam que a taverna era um lugar em que as pessoas que trabalhavam fora de casa podiam fazer suas refei��es di�rias.
"O que precisamos descobrir � se essas pessoas trabalhavam na produ��o de cer�mica", afirma Pittman.
A equipe est� ansiosa para descobrir mais sobre a vida das pessoas comuns em Lagash.
"Esperamos fornecer um bom contraponto a esse tipo de narrativa que h� muito tempo defende esses lugares como espa�os apenas para ricos e pobres, com muito pouca diversidade no meio", diz Goodman.