(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas CLIMA

Por que calor de 40�C � suport�vel no deserto e t�o perigoso nos tr�picos

Muitos lugares e popula��es do mundo est�o vulner�veis a altas temperaturas, mas ondas de calor de magnitude similar podem ter impactos muito diferentes, dependendo de fatores como a umidade ou a prepara��o de uma regi�o para o calor extremo.


08/06/2023 17:12 - atualizado 11/06/2023 12:42
669


Duas mulheres usando ventiladores portáteis e guarda-chuvas enquanto caminham na rua
Mulheres usando apetrechos contra o calor em Bangkok, Tail�ndia (foto: RUNGROJ YONGRIT/EPA-EFE/REX/Shutterstock)

Antes mesmo do in�cio da esta��o quente no hemisf�rio norte, j� foram quebrados recordes de temperatura este ano.

A Espanha, por exemplo, sofreu temperaturas em abril – 38,8°C – que seriam fora do comum at� no pico do ver�o.

O sul e o sudeste asi�tico foram particularmente atingidos por uma onda de calor muito persistente, com recordes de temperatura de todos os tempos registrados em pa�ses como o Vietn� (44°C) e a Tail�ndia (45°C).

Singapura tinha um recorde mais modesto que tamb�m foi batido, com temperaturas atingindo 37°C. E Xangai, na China, registrou a temperatura mais alta em mais de um s�culo no m�s de maio: 36,7°C.

Sabemos que as mudan�as clim�ticas tornam essas temperaturas mais prov�veis, mas ondas de calor de magnitude similar podem ter impactos muito diferentes, dependendo de fatores como a umidade ou a qualidade de prepara��o de uma regi�o para o calor extremo.

Por isso, como um pa�s �mido como o Vietn� lida com uma onda de calor de 44°C e como compar�-lo com o calor seco ou uma onda de calor n�o t�o forte em Singapura, que � ainda mais �mida?

O clima e a fisiologia

A recente onda de calor no sudeste asi�tico pode vir a ser lembrada pelo seu n�vel de estresse provocado por calor no corpo.

O estresse t�rmico � causado principalmente pela temperatura, mas outros fatores clim�ticos, como umidade, radia��o e vento, tamb�m s�o importantes.

Nossos corpos ganham calor do ar � nossa volta, do sol ou dos nossos pr�prios processos internos, como a digest�o e os exerc�cios. Em resposta, nossos corpos precisam perder parte desse calor.

N�s perdemos um pouco de calor diretamente para o ar � nossa volta e pela respira��o. Mas a maior parte do calor � perdida pela transpira��o.

Quando o suor na superf�cie da pele evapora, ele absorve energia da pele e do ar � nossa volta, na forma de calor latente.

Mas os fatores meteorol�gicos afetam todo este processo. A aus�ncia de sombra, por exemplo, exp�e o nosso corpo � luz do sol direta, enquanto a umidade mais alta faz com que a velocidade de evapora��o da nossa pele diminua.

� esta umidade que tornou t�o perigosa a recente onda de calor no sudeste asi�tico, que j� � uma regi�o do mundo extremamente �mida.


Homem com guarda-sol andando ao lado de plantação seca
Homem caminha ao lado de planta��o de milho em meio � seca na regi�o de Jiujiang, prov�ncia de Jiangxi, na China (foto: ALEX PLAVEVSKI/EPA-EFE/REX/Shutterstock )

Os limites do estresse t�rmico

Condi��es de sa�de pr�-existentes e outras circunst�ncias pessoais podem tornar algumas pessoas mais vulner�veis ao estresse t�rmico.

Mas o estresse t�rmico pode atingir um limite acima do qual todos os seres humanos, mesmo aqueles que n�o s�o claramente vulner�veis aos riscos causados pelo calor – ou seja, pessoas saud�veis, em forma e bem aclimatadas – simplesmente n�o conseguem sobreviver, mesmo com n�vel moderado de esfor�o.

Uma forma de determinar o estresse t�rmico � a chamada Temperatura Global de Bulbo �mido (WBGT, na sigla em ingl�s).

Em condi��es totalmente ensolaradas, esta temperatura equivale a cerca de 39°C, combinada com 50% de umidade relativa. Este limite provavelmente ter� sido excedido em alguns lugares, durante a recente onda de calor que se espalhou por todo o sudeste asi�tico.

Em lugares menos �midos, longe dos tr�picos, a umidade e, portanto, a temperatura de bulbo �mido e o risco ser�o muito mais baixos.

A onda de calor na Espanha no �ltimo m�s de abril, com temperaturas m�ximas de 38,8°C, teve temperaturas globais de bulbo �mido de “apenas” cerca de 30°C.

J� a onda de calor de 2022 no Reino Unido, com temperaturas de mais de 40°C, teve umidade de menos de 20% e valores de WBGT de cerca de 32°C.


Termômetro marcando 40ºC em ponto de ônibus
Term�metro marcando 40�C em Madri, na Espanha (foto: Getty Images)

Dois dos autores deste artigo (Eunice Lo e Dann Mitchell) participaram de uma equipe que, recentemente, usou dados clim�ticos para mapear o estresse t�rmico em todo o mundo.

A pesquisa destacou regi�es com maior risco de exceder esses limites, incluindo a �ndia e o Paquist�o, o sudeste asi�tico, a pen�nsula ar�bica, a �frica equatorial, a regi�o equatorial da Am�rica do Sul e a Austr�lia.

Nessas regi�es, os limites de tens�o t�rmica s�o excedidos com cada vez mais frequ�ncia, devido ao aumento do aquecimento global.

Na verdade, a maior parte das pessoas j� � vulner�vel em n�veis bem abaixo dos limites de capacidade de sobreviv�ncia. � por isso que observamos grandes quantidades de mortes em ondas de calor significativamente mais fracas.

Al�m disso, essas an�lises globais, muitas vezes, n�o captam alguns extremos muito localizados, causados por processos microclim�ticos.

Um bairro de uma cidade, por exemplo, pode capturar calor com mais efici�ncia do que o bairro vizinho ou pode ser ventilado por uma brisa fresca do mar, ou estar na “sombra de chuva” de um morro local, o que diminui a sua umidade.

Variabilidade e aclimata��o

Os tr�picos tipicamente possuem menos varia��o de temperatura.

Singapura, por exemplo, fica quase no Equador e sua temperatura m�xima di�ria � de cerca de 32°C por todo o ano. J� em Londres, a temperatura m�xima t�pica no meio do ver�o � de apenas 24°C. Mesmo assim, o recorde de temperatura em Londres (40°C) � maior que o de Singapura (37°C).

Como algumas regi�es como o sudeste asi�tico j� sofrem alta tens�o de calor com frequ�ncia, talvez isso indique que as pessoas sejam bem aclimatadas para lidar com o calor.

Relatos iniciais sugerem que o intenso estresse t�rmico da recente onda de calor, surpreendentemente, causou poucas mortes diretas – mas ainda n�o foi publicado o relato preciso das mortes por causas indiretas.

Por outro lado, a relativa estabilidade do calor ao longo do ano talvez deixe as pessoas menos preparadas para as grandes oscila��es de temperatura associadas � recente onda de calor.

N�o � improv�vel, mesmo na aus�ncia das mudan�as clim�ticas, que as varia��es normais possam produzir ondas de calor significativas que quebrem recordes locais em v�rios graus Celsius. Por isso, at� ficar pr�ximo do limite fisiol�gico pode representar um risco muito grande.

 

*Alan Thomas Kennedy-Asser � pesquisador de ci�ncias clim�ticas da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

Dann Mitchell � professor de ci�ncias clim�ticas da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

Eunice Lo � pesquisadora de ci�ncias clim�ticas e sa�de da Universidade de Bristol, no Reino Unido.

Este artigo foi publicado originalmente no site de not�cias acad�micas The Conversation e republicado sob licen�a Creative Commons. Leia aqui a vers�o original em ingl�s.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)