
O Skank entra nesta segunda-feira (4) no est�dio Sonast�rio, em Nova Lima. O que vai sair das sess�es de grava��o � uma inc�gnita. Tampouco se sabe como ser� lan�ado o resultado do trabalho. “Foi uma mera coincid�ncia. (O in�cio das grava��es) N�o tem nada a ver com a not�cia”, afirmou ontem o baterista Haroldo Ferretti.
“A not�cia” de que ele fala foi o an�ncio de que a banda vai encerrar suas atividades. Em entrevista � Folha de S.Paulo, seguida de nota divulgada no site oficial da banda, o vocalista e guitarrista Samuel Rosa afirmou que o Skank vai fazer uma turn� de despedida ao longo de 2020.
E que, ao final do giro nomeado 30 anos, o grupo ir� se separar “sem previs�o de volta”. O Skank nasceu em BH, em 1991 – o primeiro show, em 5 de junho daquele ano, foi no extinto Aeroanta, em S�o Paulo.
“N�o teve briga nem nada que pesasse para uma decis�o figadal. Somente um desejo por experimenta��o, por correr riscos e buscar outras formas de realiza��o sem ser como Skank”, afirmou a banda na nota. A decis�o partiu de Samuel.
“Foi consensual. Em uma banda como a nossa, que � uma sociedade de cinco pessoas (Samuel, Ferretti, o tecladista Henrique Portugal, o baixista Lelo Zaneti e o empres�rio Fernando Furtado), as decis�es nem sempre v�m de todo mundo junto. Mas, uma vez tomadas, todo mundo se envolve”, disse o baterista ao Estado de Minas.
A turn� 30 anos vai reunir tr�s dezenas de hits da banda, mais uma in�dita. As datas ser�o anunciadas em janeiro – ser� na segunda quinzena que o grupo colocar� o p� na estrada. At� o fim deste ano, a agenda da banda tem seis shows confirmados.

“Mesmo que o Skank tenha tido mudan�as dentro de sua est�tica at� agora, certas coisas s�o imposs�veis de mudar quando se trata de uma rela��o dos mesmos quatro indiv�duos. Quem sabe se hoje, individualmente, n�o sejamos melhores do que coletivamente?”, afirmou Samuel no texto sobre a dissolu��o da banda.
O vocalista pretende lan�ar um trabalho solo em 2021. Na verdade, n�o � de hoje que ele envereda por projetos al�m do Skank. Um de seus parceiros mais constantes fora da banda � L� Borges. Juntos, os dois estrearam em palco em 1999, em um show no Pal�cio das Artes – h� tr�s anos, lan�aram um CD e DVD ao vivo.
Nando Reis, que divide v�rias can��es com Samuel (os dois j� gravaram juntos um especial de TV), Milton Nascimento, Emicida, Negra Li e Beto Bruno s�o outros parceiros do vocalista em incurs�es sem o Skank. Samuel ainda tem um show em formato solo.
Por outro lado, os demais integrantes do Skank tamb�m v�m enveredando por outras praias. Portugal e Zaneti se uniram ao DJ Anderson Noise para o projeto Nie Myer, que mistura jazz e m�sica eletr�nica.
O tecladista vem fazendo seus pr�prios shows com m�sicos da cidade – tem um projeto mensal no Baretto e, nesta ter�a (5), faz no Jack Rock Bar a estreia do Palco Brasil, programa��o dedicada ao rock nacional. Os convidados desta edi��o s�o L�o Jaime e Maurinho Berrod�gua, ex-Tianast�cia.
No encerramento da nota sobre o fim da carreira, o Skank cita que “o single recente Algo parecido soma mais de 31 milh�es de plays no Spotify e 12 milh�es de views no Youtube” e conclui: “Que seja a senha para um pr�ximo cap�tulo, que come�a com a turn� e depois se divide em quatro”.
No fim da tarde de domingo (3), Samuel publicou um depoimento em sua conta no Instagram: “N�s, da banda, teremos a chance, depois de 30 anos muito bem vividos, de nos jogarmos ao desamparo de trilhas solit�rias. Tenho certeza de que ser� instigante e desafiador, e de quantos mais ingredientes a vida precisa, n�o � mesmo? Ent�o o Skank, mais uma vez, faz um derradeiro convite a quem nos acompanha e j� est� acostumado; mudan�a, movimento. A toada sempre foi essa, e foi exatamente o que nos fez perpetuar e soar relevantes ao longo de 30 anos quase. N�o foi l� das tarefas mais f�ceis, mas foi prazeroso, muito, diria eu”.
NO CORA��O MULTID�ES
Confira os principais aspectos da trajet�ria da banda
1992
Uma banda desconhecida, de Belo Horizonte, cidade sem tradi��o de m�sica pop, lan�a um CD independente numa �poca em que nem mesmo o vocalista tinha um aparelho de compact disc em casa. Com esta cartada, ousada para a �poca, o Skank fez seu cart�o de apresenta��es. Em 1993, o �lbum Skank foi relan�ado pela Sony Music, at� hoje a gravadora da banda.
1994
Tributo ao Rei, um �lbum com jovens bandas relendo Roberto Carlos, apresentou o Skank em uma grava��o atualizada de � proibido fumar. A vers�o fez um sucesso tremendo, levando a reboque uma p� de can��es autorais de Calango, o segundo �lbum da banda. Ainda influenciado pelo dancehall jamaicano, o grupo emplacou Jackie Tequila, O beijo e a reza, Te ver, Pacato cidad�o, Amola��o. Com o disco, entrou para o grupo do milh�o (bandas que vendiam mais de 1 milh�o de c�pias) e passou a ser conhecido em todo o Brasil.
1996
Uma garota com um “vestidinho preto indefect�vel”. Com a letra cheia de mal�cia de Chico Amaral, Garota nacional n�o foi somente o carro-chefe do �lbum O samba pocon�, disco mais vendido da banda. Foi tamb�m uma can��o que ultrapassou fronteiras e fez a banda virar hit em alguns pa�ses da Am�rica do Sul e da Europa. Na Espanha, a vers�o em portugu�s fez mais sucesso do que a em espanhol.
1998
Se todo mundo est� fazendo igual, vamos fazer diferente. O pop cheio de metais do Skank foi copiado � exaust�o na �poca. J� prevendo um esgotamento do formato, a banda lan�ou Siderado, disco no molde dos anteriores, mas que tinha um diferencial: seu primeiro single, Resposta (Samuel e Nando Reis), era uma balada amorosa com �nfase nas cordas. � o lado can��o do grupo, que vai se intensificar nos discos posteriores.
2000
Hora de come�ar de novo. Iniciada a nova d�cada, o Skank se reinventa. Abole os metais, experimenta novos letristas (L� Borges, Fausto Fawcett) e vai atr�s de outras refer�ncias. Beatles, Clube da Esquina, brit pop. Maquinarama, disco em que a banda volta a gravar em BH, � um marco inicial da fase mais adulta do grupo.
2001
Crise do CD, pirataria em alta, � hora de deixar o est�dio de lado e lan�ar um projeto ao vivo. Em seu primeiro produto no formato (o chamado MTV ao vivo) o Skank foi at� Ouro Preto, fechou a ic�nica Pra�a Tiradentes, que, lotada, cantou todo o repert�rio de hits. Foi ali que, pela primeira vez, o p�blico levantou as camisetas nas m�os na hora da m�sica Tr�s lados, ainda hoje um dos grandes momentos de show da banda.
2010
Prestes a fechar para a reforma para a Copa do Mundo de 2014, o Mineir�o, que em 1997 havia recebido a banda para a grava��o do clipe � uma partida de futebol, reuniu 50 mil pessoas para um show de gra�a do Skank. Especial de TV, CD, DVD e Blu-ray, o projeto Multishow ao vivo – Skank no Mineir�o foi um desfile de hits (o show durou tr�s horas), que rendeu n�o s� os produtos, como tamb�m uma extensa turn� nacional.
2011
Cada um tem seu pr�prio show preferido. O de Samuel Rosa foi o que o Skank fez no Rock in Rio daquele ano, que acabou rendendo mais um DVD. Mais do que as m�sicas dan�antes, chamou a aten��o o coro de milhares de vozes cantando a balada Sutilmente.