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Estado de Minas ENTREVISTA

Walter Salles: ''Central do Brasil' parte em busca de um pai, mas tamb�m de um pa�s'

Diretor do longa que teve duas indica��es ao Oscar, Walter Salles afirma que seu filme de 1998 ''contrasta frontalmente com o 'odiai-vos uns aos outros' que virou a narrativa oficial no pa�s''


postado em 05/11/2019 04:00 / atualizado em 05/11/2019 09:18

Videofilmes/Divulgação
Fernanda Montenegro concorreu � estatueta de melhor atriz por seu papel em 'Central do Brasil' (foto: Videofilmes/Divulga��o)

Em entrevista ao Estado de Minas, o cineasta Walter Salles comenta as rea��es ao seu filme mais premiado, Central do Brasil (1998), avalia as mudan�as ocorridas no Nordeste nesse per�odo e fala de seu interesse pelo boxe, que o levou a criar a s�rie Irm�os Freitas.


A exibi��o de Central do Brasil em hor�rio nobre na Rede Globo, no m�s passado, rendeu milhares de coment�rios nas redes sociais. Para muitos, foi a primeira oportunidade de assistir ao seu longa-metragem mais premiado. Acompanhou as rea��es? Qual o significado de Central, lan�ado em 1998, para o Brasil de 2019?
Perceber o filme ecoar 20 anos depois de ser realizado foi um presente para toda a fam�lia que fez Central do Brasil. Parte dessa rea��o talvez se deva ao fato de que o filme contrasta frontalmente com o “odiai-vos uns aos outros” que virou a narrativa oficial no pa�s. Central do Brasil parte em busca de um pai, mas tamb�m de um pa�s poss�vel, em que possamos nos ver refletidos, com nossos desejos, mas tamb�m nossas diferen�as pessoais, pol�ticas e religiosas. H� um desejo inclusivo a nortear o filme, o que definitivamente n�o caracteriza os tempos em que estamos vivendo hoje.

Em uma das entrevistas para divulga��o de Bacurau, Kleber Mendon�a Filho declarou: “Vi Central do Brasil durante a montagem de Bacurau, e o sert�o que Walter (Salles) filmou em 1997 n�o � mais o sert�o que existe hoje. Ainda era o sert�o dos anos 1980, 1970, 1960. Tinha tra�os muito claros dessas d�cadas. Tamb�m era um sert�o onde a internet ainda n�o tinha tido um impacto. Esses 20 anos fazem muita diferen�a. Hoje, o sert�o faz parte do mundo de uma maneira que n�o fazia antes. Ele era muito mais isolado culturalmente e socialmente”. Voc� concorda com a an�lise do cineasta pernambucano? 
Sim, concordo. Central do Brasil descrevia um Brasil pr�-digital, mas tamb�m exprimia um desejo de reconstru��o, o de uma sociedade mais justa depois dos anos sombrios da ditadura e do desgoverno Collor. A parcela de pessoas que vivia abaixo da linha de pobreza diminu�a pela primeira vez no final dos anos 1990, o que se acentuou de 2000 a 2014. Havia a percep��o de que uma social-democracia seria poss�vel no pa�s. Foi essa percep��o que se inviabilizou com o impeachment de Dilma, em 2016. Hoje, os ataques constantes � democracia criam um quadro de instabilidade institucional que n�o v�amos desde os anos de chumbo. Bacurau antecipa brilhantemente esse estado: filme de resist�ncia, um reflexo potente da realidade dist�pica que estamos vivendo.
RT Features/Divulgação
Fernanda Montenegro em cena de 'A vida invis�vel', de Karim A�nouz (foto: RT Features/Divulga��o)

O que achou da participa��o de Fernanda Montenegro em A vida invis�vel, de Karim A�nouz, representante brasileiro na disputa por um Oscar de produ��o em l�ngua estrangeira? E das homenagens que ela recebeu pelo pa�s ao completar 90 anos?
Fiquei muito comovido por A vida invis�vel, que redefine os c�digos do melodrama no cinema brasileiro. Fernanda est� luminosa no filme, como sempre. E, como em Central do Brasil, sua atua��o potencializa o filme de Karim. Quanto �s cartas, gosto desses rios submersos que unem �s vezes os filmes. A comemora��o dos 90 anos de Fernanda foi daqueles momentos em que nos lembramos do privil�gio que � ser brasileiro. E do presente que � viver no mesmo tempo que ela.
Voc� � um dos criadores da s�rie Irm�os Freitas. O que o atraiu na hist�ria real de Arcelino “Pop�” e Luiz Cl�udio? Por que contar essa hist�ria em epis�dios, e n�o em longa-metragem?
Sempre fui fascinado pelo universo do boxe, que reflete o da trag�dia grega: no ringue, h� um protagonista e um antagonista em luta pela sobreviv�ncia e pelo reconhecimento, e no entorno h� o coro grego, o p�blico. � um universo essencialmente f�lmico. O boxe �, como o futebol, uma das poucas formas de romper as barreiras sociais no Brasil, e h� tamb�m nessa hist�ria um drama humano raro, que fala de busca de pertencimento e de identidade. Com S�rgio Machado, tentamos primeiro desenvolver o roteiro de um longa, dentro do n�cleo de desenvolvimento da produtora Videofilmes. Pouco a pouco, ficou claro que a hist�ria de Pop� e Luiz Claudio n�o caberia em apenas duas horas, precisava de mais tempo para se desenvolver plenamente. � da� que surge a s�rie Irm�os Freitas, que Sergio Machado e Aly Muritiba dirigiram.


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