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Estado de Minas

O que tem a dizer o elenco de Bacurau, o filme mais comentado do ano

Conhe�a os atores da produ��o brasileira que j� levou mais de 300 mil pessoas aos cinemas. Ou�a podcast


postado em 13/09/2019 04:00 / atualizado em 08/05/2020 17:03

(foto: Victor Jucá/Divulgação)
(foto: Victor Juc�/Divulga��o)


"Domingas?"
Foi apenas com o nome de uma das personagens, acrescido de uma interroga��o, que S�nia Braga respondeu ao e-mail de Kleber Mendon�a Filho depois de o diretor pernambucano enviar o roteiro de Bacurau. O convite para repeti��o da parceria iniciada em Aquarius (2016) ainda n�o havia sido formalizado. Mas a atriz paranaense, logo ap�s a primeira leitura, deduziu que haveria um papel para ela no terceiro longa-metragem do diretor de O som ao redor (2012). Reconhec�veis pelas atua��es marcantes em produ��es internacionais, os rostos de S�nia e do alem�o Udo Kier (Lili Marlene, Dogville) representam exce��es no elenco de Bacurau, t�o numeroso quanto desconhecido.

Atores falam sobre o filme no primeiro epis�dio do podcast Pensar

Elenco desconhecido, claro, at� a exibi��o – e o recebimento do Pr�mio do J�ri – no Festival de Cannes, em maio �ltimo. "Fiquei realmente emocionada com os gritos e aplausos l� na Fran�a, foi maravilhoso! Da nossa entrada com a m�sica de (Geraldo) Vandr� at� o impacto da rea��o das pessoas no Palais (des Festivals) na hora da cena da cabana", revela a atriz Ingrid Trigueiro, paraibana de Jo�o Pessoa.

Int�rprete de Deyse, ela cita sequ�ncia que divide com o mineiro Carlos Francisco, com desfecho inesperado e cat�rtico. Atriz de forma��o teatral que havia estreado no cinema com Central do Brasil, Ingrid destaca as consequ�ncias da reuni�o de atores de origens e gera��es diferentes em Bacurau. "As pessoas t�m seus sotaques, suas cores, seus corpos."

Boa parte do elenco foi selecionada no "reservat�rio de grandes atores do Nordeste", destaca um dos diretores, Kleber Mendon�a Filho, em entrevista por telefone ao Estado de Minas. Mas a regi�o de origem n�o foi crit�rio de inclus�o ou exclus�o, tanto que o filme conta com mineiros – B�rbara Colen, Wilson Rabelo – em pap�is importantes. "Tudo come�a com o medo de cair em algo pasteurizado, falso, autorit�rio, como j� se viu em muitas novelas e outras produ��es", defende Kleber.

O ator mineiro Wilson Rabelo, que interpreta Plínio em Bacurau(foto: Victor Jucá/Divulgação)
O ator mineiro Wilson Rabelo, que interpreta Pl�nio em Bacurau (foto: Victor Juc�/Divulga��o)

"Ent�o, quando dois realizadores de uma cidade grande (Recife) v�o fazer um filme no sert�o, � preciso que o texto fa�a justi�a � regi�o. E os atores precisariam se encaixar nessa ideia, como profissionais e como pessoas", explica o cineasta, que assina o longa com Juliano Dornelles. "Ent�o, quando dois realizadores de uma cidade grande (Recife) v�o fazer um filme no sert�o, � preciso que o texto fa�a justi�a � regi�o. E os atores precisariam se encaixar nessa ideia, como profissionais e como pessoas", explica o cineasta, que assina o longa com Juliano Dornelles.

Confira as vis�es divergentes de dois escritores brasileiros sobre Bacurau

"Al�m de filmes de western como Os imperdo�veis, uma de minhas refer�ncias foi o povo de Barra (Rio Grande do Norte, local das filmagens): costumava ficar observando as experi�ncias de vida que essas pessoas carregavam no olhar", revela o recifense Thom�s Aquino, int�rprete do anti-her�i Pacote, que busca uma reden��o, "uma nova esperan�a": "Para ele, a viol�ncia n�o precisaria existir mais."

"Al�m de filmes de western, como Os imperdo�veis, uma de minhas refer�ncias foi o povo de Barra (RN): costumava ficar observando as experi�ncias de vida que essas pessoas carregavam no olhar", revela o recifense Thom�s Aquino, int�rprete do anti-her�i Pacote,

Thom�s Aquino, int�rprete do anti-her�i Pacote


O paraibano Thardelly Lima conta que n�o foi dif�cil visualizar seu personagem, o prefeito Tony Jr.. Venho de uma cidade do interior (Cajazeiras) onde tamb�m encontramos a rotatividade de poder dentro de uma mesma fam�lia. O desafio foi tentar fugir do caricato grosseiro, bufanesco, asqueroso, e tentar jogar com um ar de proximidade com aqueles moradores", afirma Thardelly, que tamb�m fez o filme pernambucano Divino amor e grava em outubro uma s�rie para a Netflix. Thom�s, por sua vez, tem outros quatro longas para estrear nos pr�ximos meses.

Kleber Mendon�a Filho lembra que 54 atores t�m falas em Bacurau. "No auge do drama, a c�mera passeia pelos rostos e fica muito claro que o Brasil � um lugar com caras muito diversas. Tanto � que, no convite para figura��o, fizemos quest�o de convidar de beb�s a pessoas de 100 anos: de todos os tipos, todos os sexos, todas as cores", enfatiza o diretor. "A diversidade de Bacurau � a diversidade do pa�s e das comunidades oprimidas do planeta", resume o ator Wilson Rabelo.

Quem � quem no elenco de Bacurau

O personagem
Lunga
(foto: Victor Jucá/Divulgação)
(foto: Victor Juc�/Divulga��o)

O ator
Silvero Pereira, Momba�a (CE)

"As plateias vibram com o filme. Existe um movimento que parece que elas est�o vendo uma partida de futebol. Gosto dessa analogia, porque parece que o cinema brasileiro vira uma paix�o nacional. Diariamente, minha caixa de mensagens nas redes sociais est� lotada de pessoas que foram ver o filme, que sa�ram encantadas e querem dizer suas sensa��es. Tamb�m recebi muitos desenhos de Lunga como uma figura de quadrinhos. Tem sido incr�vel!"

A personagem
Luciene
(foto: Victor Jucá/Divulgação)
(foto: Victor Juc�/Divulga��o)

A atriz
Suzy Lopes, Cajazeiras (PB)

"Tem muitas mensagens que s�o ditas no filme. Confesso que tenho dificuldade em dizer uma mensagem na linha: 'Galera, vamos resistir. Vamos resistir que a gente consegue. A gente � forte e pode se organizar e pode vencer'. Mas existem tantas mensagens intercaladas, guardadas, algumas muito expl�citas, mas para mim a mensagem muito forte que passa � da resist�ncia. Vamos resistir, vamos nosunir, vamos nos organizar e vamos vencer. Essa, para mim, � a grande mensagem de Bacurau. Acho que esse filme dialoga muito, infelizmente, com o nosso momento."

O personagem
Damiano
(foto: Victor Jucá/Divulgação)
(foto: Victor Juc�/Divulga��o)

O ator
Carlos Francisco, Belo Horizonte (MG)

“As pessoas t�m se envolvido muito com a trama, de tal maneira que acabam abandonando a postura silenciosa, de espectador. Durante as proje��es, elas vibram, torcem e aplaudem muito ao final. E os relatos s�o de absoluta identifica��o com Bacurau e seus personagens. No set de grava��o, o que mais impressionou foi o volume de pessoas envolvidas nas v�rias �reas trabalhando juntas no meio do sert�o e como tudo flu�a. A sensa��o era de que a cidade inteira parecia cuidar da gente, nos acolhia.”

A personagem
Isa
A atriz
Luciana Souza, Salvador (BA)

"Acredito que Bacurau � um filme que fala por muitos. Muitos depoimentos que ou�o de amigos e at� de pessoas que eu n�o conhe�o s�o de um sentimento de alma lavada. � como se enfim tiv�ssemos algo muito potente para representar a voz de uma popula��o indignada com as mazelas hist�ricas do nosso pa�s. Acho que Bacurau � uma voz potente que fala e com for�a para ecoar em todo o canto deste Brasil."

O personagem
Tony Jr.
(foto: Victor Jucá/Divulgação)
(foto: Victor Juc�/Divulga��o)

O ator
Thardelly Lima, Cajazeiras (PB)

"Meu personagem faz parte daquele poder pol�tico centralizado que vai passando de gera��o para gera��o na mesma fam�lia. Fiz recentemente outro filme pernambucano, Divino amor, que tamb�m retrata uma distopia, mas toca na ferida do conservadorismo crist�o. J� Bacurau escancara as possibilidades de leituras sobre um Nordeste forte e vivo. O que mais impressiona naquela comunidade � que tem trans, gay, prostituta, m�dica alco�latra... E ningu�m se mete na vida de ningu�m. Como deve ser." 

O personagem
Pacote
(foto: Victor Jucá/Divulgação)
(foto: Victor Juc�/Divulga��o)
 O ator
Thomas Aquino, Recife (PE)

"Pacote � um personagem t�pico her�i do Oeste. Ele possui um passado sombrio e tenta se redimir no presente. Como refer�ncia, recebi um dos filmes de Clint Eastwood, Os imperdo�veis. E eu sou muito f� de Clint Eastwood. Em Parelhas (RN), eu costumava ficar observando as pessoas. Os olhares dessas pessoas dizem muita coisa. S�o olhares s�bios, de te convidar para entrar na casa, mas que ao mesmo tempo isso � muito do povo nordestino."

O personagem
Raolino
O ator
Uir� dos Reis, Fortaleza (CE)

"As pessoas se divertem de uma maneira muito estranha com o filme. Provavelmente por conta da identifica��o que elas t�m. H� sempre uma vibra��o muito grande diante das cenas de luta pela liberdade dessas pessoas, pelo direito � vida dessas pessoas. Acho que essa vibra��o tem a ver com o fato de que a gente � muito vilipendiado, pelo Sudeste por exemplo, e obviamente pelos Estados Unidos."

O personagem
Pl�nio
O ator
Wilson Rabelo, Belo Horizonte (MG)

"� um filme realmente cosmopolita. Temos n�s tr�s mineiros (Wilson e B�rbara), v�rios atores do Nordeste e estrangeiros. � um filme que contemplou a diversidade que faz parte de Bacurau, do Brasil e do mundo, voltado para as comunidades oprimidas de todos os lugares. Esses embates de resili�ncia cultural perante o imperialismo acontecem em todo o planeta."

A personagem
Teresa
(foto: Victor Jucá/Divulgação)
(foto: Victor Juc�/Divulga��o)
 A atriz
B�rbara Colen, Belo Horizonte (MG)

"Como obra art�stica, ver um filme com tanta qualidade t�cnica, com esse n�vel de cinema reconhecido mundialmente, � um alento para as pessoas que trabalham com cultura. Ajuda a retomar a confian�a em n�s mesmos, a sentir que a gente consegue fazer obras art�sticas de muita qualidade. E nesse momento em que os artistas est�o sendo t�o atacados e criminalizados, nos d� autoestima ver projetos do qual a gente se orgulha."

Figurante
A atriz
Sebastiana Maria de Medeiros, Parelhas (RN)

"Tem grande repercuss�o quando as minhas cenas passam, principalmente aquela que virou bord�o mundial: 'Que roupa � essa, menino?' Todos reagem. As minhas respostas eram sempre espont�neas. N�o tinha roteiro. Nunca me deram um. Eu falava com as minhas palavras. Quando termina a sess�o, querem tirar foto comigo. Estou gostando! Queria que viessem mais e mais filmes para eu gravar. Bacurau � sobre o nordestino, nossa heran�a do canga�o. Mostra que a gente n�o abaixa a cabe�a."


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