(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conte�dos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e seguran�a do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/m�s. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

Sai no Brasil 'Os testamentos', o premiado livro de Margaret Atwood

Com tiragem de 100 mil exemplares, novo romance avan�a em rela��o � trama de 'O conto da aia', lan�ado h� 34 anos, e da aclamada s�rie de TV


postado em 07/11/2019 04:00 / atualizado em 06/11/2019 20:15

Margaret Atwood ganhou o prêmio Booker Prize 2019 com Os testamentos(foto: Tolga Akmen/AFP)
Margaret Atwood ganhou o pr�mio Booker Prize 2019 com Os testamentos (foto: Tolga Akmen/AFP)
“E assim eu entro, embarco na escurid�o ali dentro; ou ent�o na luz.” Foi dessa maneira que, 34 anos atr�s, a escritora canadense Margaret Atwood terminou a saga de Offred, a narradora/protagonista de O conto da aia.
 
O destino da personagem ao entrar em uma caminhonete ficaria em aberto n�o fosse a adapta��o televisiva do romance, que deu continuidade � trajet�ria desta e de outras mulheres em Gilead, parte do territ�rio dos Estados Unidos transformado em uma teocracia fundamentalista crist�. Ali, todas as mulheres perdem os direitos e s�o divididas em castas. 

Atwood, que completa 80 anos em 18 de novembro, recebeu no in�cio de outubro o Booker Prize, o mais prestigioso pr�mio liter�rio em l�ngua inglesa, por Os testamentos, a continua��o de O conto da aia – em 2000, ela venceu o mesmo pr�mio com o romance O assassino cego. Lan�ado em setembro em l�ngua inglesa, o novo volume chega �s livrarias brasileiras nesta sexta-feira (8).
 
Amparada pelos n�meros do romance original – reeditado pela Rocco em 2017, O conto da aia est� h� quase 100 semanas nas listas dos mais vendidos do Brasil –, a mesma editora lan�a Os testamentos com tiragem inicial de 100 mil exemplares.

Ao longo de tr�s temporadas – a quarta est� prometida para 2020 pela plataforma de streaming norte-americana Hulu –, a s�rie The handmaid's tale acompanha a trajet�ria de Offred, na verdade June Osborne, a mulher que perdeu marido e filha e se viu transformada em aia. � basicamente uma reprodutora, constantemente estuprada por seu comandante para gerar um filho dele. Depois de sofrer abusos de toda ordem nas duas primeiras temporadas, na terceira June finalmente inicia sua vingan�a.

N�o haveria sentido em escrever um livro contando a hist�ria que a TV j� apresentou – e com a anu�ncia da pr�pria Atwood, produtora da s�rie. Importante autora de l�ngua inglesa da atualidade, Atwood � tamb�m uma das mais prol�ficas. Estreou na literatura em 1961, com o livro de poesia Double Persephone. Publicou quase 60 t�tulos, entre romances, ensaios, livros infantis, contos e quadrinhos. Boa parte de suas protagonistas s�o mulheres.

ESTILO

Como continua��o, Os testamentos cumpre seu papel � altura. N�o reproduz a s�rie, vai muito al�m dela. Pode ser lido independentemente da produ��o para a TV. Atwood se mant�m fiel ao estilo do livro anterior. Mas em vez de uma, tem tr�s protagonistas/narradoras.

Os testamentos � ambientado uma d�cada e meia depois dos acontecimentos de O conto da aia. As tr�s mulheres que conduzem a hist�ria – uma em formato de di�rio, as outras duas em transcri��es de depoimentos – t�m rela��o pr�xima com June. Personagem do primeiro romance e a grande antagonista feminina da s�rie, Tia Lydia, a famigerada executora que comanda as aias por meio de regras draconianas, � a mais interessante delas.

As outras s�o Daisy, jovem que vive no Canad� e, mesmo criada fora do sistema opressivo de Gilead, acaba se envolvendo com ele. A mais jovem � Agnes, adolescente filha de um comandante que vive na ignor�ncia imposta �s mulheres daquele lugar. Em dado momento, as duas personagens descobrem que n�o s�o quem acreditavam ser – e a busca pela hist�ria familiar vai se tornar o real motivo das jovens. F�s da s�rie n�o v�o demorar muitas p�ginas para entender quem s�o elas.

Ao colocar, sobrepostos, os relatos das tr�s mulheres, Atwood constr�i uma narrativa alternativa (tanto por isso muito mais real) de como foi o regime de Gilead. O depoimento de Tia Lydia � o mais revelador. O livro acompanha como aquela mulher de meia-idade, culta e justa, se torna um monstro. “Voc� ficaria surpreso em saber como a mente se deteriora na aus�ncia de outras pessoas. Uma pessoa sozinha n�o � uma pessoa inteira: existimos na rela��o com os outros”, ela escreve em determinado momento.

SANGUE 

Para conseguir se salvar logo depois do golpe que instaura o regime de Gilead, Tia Lydia se torna colaboradora. A ela foram dadas duas op��es. Preferiu sobreviver, mesmo “com sangue nas m�os”. � medida que a trama se avoluma, a mulher, al�ada a l�der devido � sua intelig�ncia pol�tica, mostra o quanto � consciente da corrup��o daquela teocracia. Mesmo desiludida – os coment�rios que faz das pequenezas que cercam o regime t�m alguns lances de humor –, tem consci�ncia de que entrou em um caminho sem volta.

Se em O conto da aia Atwood precisava contextualizar o que se passava naquele universo dist�pico, em Os testamentos Gilead e suas regras j� s�o de pleno conhecimento. Dessa maneira, a escrita � mais direta, sem as sutilezas da narrativa anterior. Contudo, isso n�o representa um defeito – mais objetiva, a autora consegue, por vezes, dar clima quase de thriller ao romance. H� momentos bastante cinematogr�ficos no livro.

Grande contadora de hist�rias, a autora encerra o novo romance da mesma forma que o anterior – com o ep�logo em um futuro distante, em que estudiosos analisam os depoimentos daquele passado de horrores.

Nos agradecimentos, Atwood usa a passagem do tempo para justificar a produ��o do novo livro. “Trinta e cinco anos � um bom tempo para se pensar em respostas poss�veis, e as respostas mudaram tanto quanto mudou a sociedade, e conforme possibilidades se tornaram realidades. Os cidad�os de muitos pa�ses, inclusive os Estados Unidos, est�o atualmente sob muito mais press�o do que estavam h� tr�s d�cadas.”
June (Elisabeth Moss): de vítima a anjo vingador(foto: Ely Dassas/divulgação)
June (Elisabeth Moss): de v�tima a anjo vingador (foto: Ely Dassas/divulga��o)

O risco do desgaste

Neste domingo (10), �s 21h, o Paramount Channel exibe o 13º e �ltimo epis�dio da terceira temporada de The handmaid's tale. A produ��o esmerada, que virou hit mundial ao estrear em 2017, levou os principais pr�mios da televis�o naquele ano (foram oito Emmys) e fez a estrela de sua protagonista, Elisabeth Moss, crescer em Hollywood. No entanto, como s�rie, perdeu f�lego gradativamente.

O sucesso levou o projeto a se estender. Na terceira temporada isso ficou claro. Dois epis�dios – os de n�mero 8, centrado no passado de Tia Lydia, e o 9, que mostra June perdendo a sanidade – s�o meras “barrigas”. Arrastados, podem ser descolados da trama principal. Somente na reta final a s�rie volta a ganhar o ritmo de antes – � tudo muito intenso, r�pido, com viradas sensacionais.

Apesar do desgaste – ao longo dos anos, The handmaid's tale perdeu telespectadores em decorr�ncia da crescente viol�ncia da trama –, a produ��o se destaca no universo serial para al�m da originalidade da hist�ria. Com fotografia e dire��o de arte sem retoques, cada sequ�ncia traz um plano original, a anos-luz dos enquadramentos quadrados e rasteiros da produ��o televisiva.

De mulher alquebrada a uma esp�cie de anjo vingador, June (Moss) � a hero�na humana em seus melhores e piores momentos. A dose de insanidade colocada na personagem nos �ltimos epis�dios da atual temporada vem sendo comemorada pelos f�s. Agora, resta saber como ser� o desdobramento. O quarto e derradeiro ano de The handmaid's tale foi confirmado para 2020. Mas deve atrasar, pois a produ��o s� come�a a ser rodada em mar�o.

(foto: Rocco/reprodução)
(foto: Rocco/reprodu��o)
OS TESTAMENTOS
De Margaret Atwood
Tradu��o: Simone Campos Rocco
448 p�ginas
R$ 54,90


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)