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Estado de Minas CINEMA

Sul-coreano Bong Joon Ho tem chance de fazer hist�ria em Hollywood

Nascido numa fam�lia de artistas, o diretor de 'Parasita' conquistou fama mundial e pode vencer a competi��o pelo Oscar de melhor filme, no pr�ximo dia 9


postado em 26/01/2020 04:00 / atualizado em 24/01/2020 17:23

O sul-coreano Bong Joon Ho comemora o anúncio da Palma de Ouro para Parasita, no Festival de Cannes, em maio do ano passado (foto: CHRISTOPHE SIMON/AFP)
O sul-coreano Bong Joon Ho comemora o an�ncio da Palma de Ouro para Parasita, no Festival de Cannes, em maio do ano passado (foto: CHRISTOPHE SIMON/AFP)

N�o foi da noite para o dia que o diretor Bong Joon Ho, de 50 anos, nascido em Daegu, viu sua carreira decolar, em Hollywood, � frente do estrondoso sucesso Parasita, indicado em seis categorias do Oscar, incluindo a de melhor filme. Alardeado no Festival de Cannes, em maio de 2019, como uma “tragicom�dia impiedosa e cruel”, Parasita faturou, por unanimidade, a Palma de Ouro.
 
Numa carreira com mais de 26 anos, Joon Ho j� apostou em filmes sobre criminosos, em tramas protagonizadas por monstros e tamb�m no fil�o da fic��o cient�fica. O diretor sul-coreano disse ao Los Angeles Times que percebe o atual momento como uma “realiza��o pessoal” que tamb�m tem o potencial de dar “uma contribui��o para toda uma ind�stria”. Com Parasita, pela primeira vez, uma produ��o da Coreia do Sul entrou no radar da meca do cinema norte-americano.

“Um passo em falso, e parece que vou acordar de um sonho”, afirmou o cineasta, quando foram anunciados os concorrentes ao Oscar 2020, no �ltimo dia 13. Parasita compete pelas estatuetas de melhor filme (com chances crescentes, segundo publica��es americanas especializadas em cinema), melhor filme internacional (nessa categoria sua vit�ria � dada como certa), dire��o, edi��o (Jinmo Yang), desenho de produ��o (Ha-jun Lee e Won-Woo Cho) e roteiro (que Bong Joon Ho coassina com Jin Wan Han).

Tratando de fissura social, Parasita � definido por seu diretor como “uma com�dia sem palha�os; uma trag�dia sem vil�es”. Com um roteiro cheio de reviravoltas, o filme foi feito para prender e supreender o espectador, o que levou o cineasta a pedir para os ve�culos de m�dia n�o divulgarem spoilers sobre a trama. Luxo confrontado com pobreza � a espinha dorsal da hist�ria, em que os pobres vividos pelo cl� Ki-Taek passam a ter cada vez mais acesso � mans�o da milion�ria fam�lia Park.

Sem julgamento moral, o diretor explora os artif�cios de ascens�o, por meios bem question�veis, dos indiv�duos menos privilegiados. Parasita � o 11º filme de produ��o internacional a disputar a categoria principal do Oscar, cuja edi��o 2020 ser� realizada no pr�ximo dia 9 de fevereiro. E est� entre o seleto grupo de seis t�tulos a disputar, simultaneamente, as estatuetas de melhor filme e melhor filme internacional, caso de Roma, do mexicano Alfonso Cuar�n, no ano passado. Quando vencedor da categoria de melhor filme estrangeiro, no �ltimo dia 5, no Globo de Ouro, Joon Ho ressaltou que a disposi��o por parte dos espectadores norte-americanos para vencer sua resist�ncia � leitura de legendas traz a possibilidade de descoberta de “filmes incr�veis”.

FAM�LIA 

Na tradicional fam�lia do cineasta, pesou o pendor pelas artes: enquanto o pai � desenhista, o av� foi destacado escritor. Tudo bem diferente da esfera da fam�lia pobre de Parasita, que se afunda na enchente e sofre preconceitos, como o fato de ter “o cheiro de gente que anda de metr�”. Um dos pontos altos do filme est�  na interpreta��o do reconhecido ator Song Kang-Ho (que vive o patriarca do cl� pobre).

Formado em sociologia, em Yonsei, o diretor cultuava cineastas como Edward Yang (As coisas simples da vida), Hou Hsiao-Hsien (A assassina) e Shohei Imamura (�gua quente sob uma ponte vermelha). Todos influenciaram a entrada dele na Academia Coreana de Artes Cinematogr�ficas, trampolim para, com um filme feito em 16mm, ter chegado aos festivais de Vancouver e de Hong Kong.

Antes do �pice, com Parasita, Joon Ho, em 2008, cravou parceria, em Tokyo, com diretores como Michel Gondry e Leos Carax (respectivamente, dos filmes cult O brilho eterno de uma mente de sem lembran�as e Holly motors). Popular, Joon Ho obteve dois sucessos de bilheteria na Coreia do Sul – em 2006, emplacou o ponto m�ximo, com O hospedeiro, e em 2013, com a adapta��o do texto franc�s do romance gr�fico Les Transperceneige. Curiosamente, o Capit�o Am�rica das telas da Marvel, Chris Evans, est� no elenco de Expresso do amanh�, feito h� sete anos.

Mesmo com a fase extraordin�ria dos filmes de super-her�is, o diretor desconversa sobre a possibilidade de dirigi-los. F� confesso de James Gunn (respons�vel por Guardi�es das gal�xias) e do Logan de James Mangold, o cineasta se disse desconfort�vel em presenciar a “justeza dos uniformes” dos atores do fil�o. “Acho que a Marvel n�o optaria por um diretor como eu sou... � uma ind�stria que parece complicada, mas, ao mesmo tempo, bem simples para os diretores”, comentou.

Embora tenha conseguido suas indica��es, o sul-coreano lamentou a aus�ncia de pessoas e trabalhos que admira, como a descendente de chineses Lulu Wang, � frente de A despedida; e os irm�os diretores Benny e Josh Safdie (de Joias brutas, estrelado pelo n�o indicado Adam Sandler). O Oscar ainda ativou um projeto novo (nos primeiros passos) para o diretor, que expandir� Parasita, sob encomenda para a HBO, como s�rie com produ��o assinada pelo cineasta Adam McKay (de Succession).

INSPIRA��O 

As indica��es ao Oscar trazem embutidas um dado interessante. Pedro Almod�var (concorrente a melhor filme internacional por Dor e gl�ria) sempre foi cineasta de inspira��o para Bong Joon Ho. “Ele � um realizador respeit�vel, e sempre adorei seus filmes”, declarou. Mas � o mesmo Almod�var que, como presidente do j�ri do Festival de Cannes, h� dois anos, se op�s � presen�a do longa Okja, de Joon Ho, na competi��o oficial, pelo fato de ser uma produ��o da Netflix, que se recusou a lan�ar o filme nos cinemas.

O diretor sul-coreano tamb�m tem experi�ncia em j�ris de festivais renomados, como Sundance (EUA) e mesmo Cannes, onde presidiu o j�ri que atribui o pr�mio Cam�ra d'or ao melhor filme de diretor estreante em longas-metragens.

Bom term�metro para notar tend�ncias e valoriza��o de cinematografias, o rol dos candidatos a premia��es internacionais importantes, entre as quais as dos Festivais de Cannes e de Berlim, vieram favorecendo uma onda de produ��es asi�ticas. Na 69ª edi��o, o Festival de Berlim apostou na premia��o da performance do casal de atores centrais da obra chinesa So long, my son (de Wang Xiaoshuai), a atriz Yong Mei e o ator Wang Jingchun. Competiu ainda o filme do chin�s Wang Qua'an, chamado Ondog.
 
Um ano antes da consagra��o de Parasita, no Festival de Cannes, a leva de produ��es asi�ticas j� havia sido anunciada: al�m de Assunto de fam�lia (do japon�s Hirokazu Kore-Eda) ter levado o pr�mio central, em 2018, outro filme visto no Brasil, no ano passado, foi o chin�s Longa jornada noite adentro (Bi Gan), que competiu na mostra Um Certo Olhar. Vencedor do pr�mio da cr�tica, Lee Chang-Dong foi representante sul-coreano com Em chamas, tendo por competidores diretores de filmes como o chin�s Jia Zhangke (Amor at� as cinzas) e o japon�s Ry�suke Hamaguchi (Asako I & II).


CARREIRA

Confira a filmografia do diretor Bong Joon Ho

(foto: Pandora/Divulgação)
(foto: Pandora/Divulga��o)
» Parasita (2019)
Uma ardilosa fam�lia de desempregados fecha o cerco em torno de um cl� endinheirado e algo inocente capitaneado por Park, empres�rio do ramo da computa��o. Venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes e concorre a seis Oscars.

(foto: Netflix/Divulgação )
(foto: Netflix/Divulga��o )
»  Okja (2017)
Porcos gigantes s�o distribu�dos, mundo afora, numa experi�ncia que pretende revolucionar a alimenta��o em escala global. Com muito apego � d�cil Okja (exemplar da esp�cie geneticamente modificada), uma menina que vive com o av�, em meio � natureza, far� sacrif�cios extremos, a fim de interferir no destino do animal de estima��o. Concorreu � Palma de Ouro.

(foto: SnowPiercer/Divulgação)
(foto: SnowPiercer/Divulga��o)
»  Expresso do amanh� (2013)
O fiasco de um experimento clim�tico fez desaparecer toda a vida na Terra, com exce��o dos que est�o a bordo do trem do t�tulo, no qual se forja uma nova divis�o de classe. Jamie Bell, Chris Evans e Tilda Swinton est�o
no elenco.

(foto: CJ Entertainment/Divulgação)
(foto: CJ Entertainment/Divulga��o)
»  Mother: a busca pela verdade (2009)
Vi�va e m�e de um rapaz infantilizado que se v� acusado de um crime tenta compensar a fraca atua��o do advogado procurando pelo verdadeiro assassino. O t�tulo integrou a mostra Um Certo Olhar, no Festival de Cannes.

(foto: CJ Entertainment/Divulgação)
(foto: CJ Entertainment/Divulga��o)
»  O hospedeiro (2006)
O terror finca morada quando um monstro de propor��es agigantadas, �s margens do Rio Han, coloca em risco a vida de uma menina que tem familiares dispostos a resgat�-la a qualquer custo.

(foto: CJ Entertainment/Divulgação)
(foto: CJ Entertainment/Divulga��o)
»  Mem�rias de um assassino 2003)
Em 1986, os crimes cada vez mais elaborados de um serial killer acentuam os desafios para dois investigadores de limitada experi�ncia.

(foto: CJ Entertainment/Divulgação)
(foto: CJ Entertainment/Divulga��o)

»  C�o que ladra n�o morde (2000)
A a��o dr�stica de um professor desgostoso com a falta de limites de animais num condom�nio surtir� inesperadas a��es dos personagens centrais.


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