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Estado de Minas

Brasil disputa Festival de Berlim; Kleber Mendon�a Filho est� no j�ri

Pa�s tem 'Todos os mortos', de Caetano Gotardo e Marco Dutra, em competi��o pelo Urso de Ouro e emplaca 18 filmes em se��es paralelas. Mostra alem� come�a nesta quinta (20)


19/02/2020 04:00 - atualizado 18/02/2020 19:32

Cena de 'Todos os mortos', que disputa o Urso de Ouro em Berlim
Cena de 'Todos os mortos', que disputa o Urso de Ouro em Berlim (foto: Vitrine Filmes/Divulga��o)
Dezenove produ��es, entre longas, m�dias e curtas, ficcionais ou document�rios, alguns deles coprodu��es com outros pa�ses, tornam a presen�a brasileira maci�a no 70º Festival de Cinema de Berlim, que tem in�cio nesta quinta-feira (20).
“� uma participa��o expressiva em um momento t�o complicado, em que a atividade art�stica vem sofrendo ataques no pa�s. � muito bom n�o ser exce��o e fazer parte da for�a coletiva, mostrando o resultado de uma constru��o que est� sendo feita h� muitos anos”, afirma o diretor paulista Caetano Gotardo.

Todos os mortos, que Gotardo dirigiu com Marco Dutra, � o principal longa nacional no festival alem�o. Ele disputa o Urso de Ouro com outros 17 longas de 19 pa�ses – h� diversas coprodu��es; incluindo o filme brasileiro, que tem participa��o da Fran�a.
 
A estreia de Todos os mortos na competi��o est� marcada para o pr�ximo domingo (23). O diretor pernambucano Kleber Mendon�a Filho (Bacurau, Aquarius) integra o j�ri oficial, presidido pelo ator brit�nico Jeremy Irons. A mostra vai at� 1º de mar�o.

Ambientado na S�o Paulo de 1899 e 1900, Todos os mortos acompanha v�rios personagens que integram duas fam�lias: os Soares, brancos; e os Nascimentos, negros. A narrativa se situa pouco mais de uma d�cada ap�s a aboli��o da escravid�o (1888) e mostra os Soares j� decadentes, mas ainda presos � ideia de superioridade e posse oriunda do per�odo escravista.

S�o personagens femininas que protagonizam a hist�ria, com roteiro dos dois diretores. Uma delas � a ex-escrava In� Nascimento, que luta para reunir os que lhe s�o pr�ximos em um mundo ainda hostil a ela. Outra personagem de destque � Isabel Soares, integrante de uma fam�lia outrora poderosa.

“(No filme) A gente tenta entender esse Brasil de uma elite que se deu essa chance ao abolir a escravid�o, mesmo sendo um dos �ltimos a faz�-lo. Naquele momento do Brasil rep�blica, ele � um dos mais industrializados e est� numa esp�cie de rota comercial internacional. Ou seja, � um pa�s integrado ao mundo e as pessoas n�o sabiam o que seria do s�culo 20”, comenta Dutra. “� um filme que tenta olhar o passado para entender o presente”, acrescenta Gotardo.

Mesmo sendo um longa de �poca, os diretores n�o ficaram preocupados com uma “absoluta reconstru��o do per�odo”, comenta Gotardo. Rodaram em S�o Paulo – a loca��o principal foi uma casa dos anos 1920 no Bairro da Liberdade – e em Amparo, no interior do estado.
 
“A gente n�o tinha no��o de qu�o dif�cil seria fazer um filme de �poca. A maioria das constru��es do per�odo que est�o bem preservadas s�o museus ou espa�os ocupados e muito ativos, onde n�o d� para fazer um filme. Foi muito dif�cil chegar em um consenso para mostrar a S�o Paulo de 120 anos atr�s. Tanto que fizemos uma mistura de tempos”, diz Dutra.
 
Ter quatro mulheres e uma crian�a como protagonistas em um filme panor�mico foi uma consequ�ncia de como a narrativa foi se firmando. “Os personagens homens s�o muito apegados a uma ideia de que as coisas est�o se resolvendo no pa�s. J� as mulheres s�o mais cr�ticas. Tanto a In�, que trabalhava para os Soares, quanto a pr�pria Isabel, que reconhece a fal�ncia financeira da fam�lia antes do marido”, diz Dutra.

No elenco est�o atrizes que j� trabalharam anteriormente com os diretores, como Clarissa Kiste, que esteve em Trabalhar cansa (2011, primeiro longa de Dutra, codirigido com Juliana Rojas) e Gilda Nomacce (Trabalhar cansa e As boas maneiras, de 2017, outra dire��o conjunta de Dutra e Rojas). O filme ainda tem participa��es da atriz portuguesa Leonor Silveira, presente no elenco de produ��es de Manoel de Oliveira, e da cantora Ala�de Costa.

Uma produ��o mineira est� entre os selecionados de Berlim. Rodado em dezembro de 2018 em Belo Horizonte, a convite da Mostra de Cinema de Tiradentes (onde teve seu lan�amento, em janeiro de 2019), Vaga carne � um m�dia-metragem de Grace Pass� (que tamb�m o escreveu e protagonizou) e Ricardo Alves Jr. O filme ter� sua premi�re neste s�bado (22), dentro da mostra F�rum Expandido, dedicada a produ��es mais experimentais.
Grace Passô escreveu e estrela 'Vaga carne'
Grace Pass� escreveu e estrela 'Vaga carne' (foto: EntreFilmes/Divulga��o)

O filme nasceu da pe�a hom�nima, sobre uma voz que, depois de ter invadido subst�ncias l�quidas, gasosas e s�lidas, toma posse do corpo de uma mulher. Juntos, voz e corpo procuram por uma identidade pr�pria – Vaga carne tamb�m tem uma edi��o em livro. O filme j� foi exibido em Nova York, e o espet�culo foi encenado em Portugal e na Alemanha.
 
“A dramaturgia que a Grace criou � muito rica em significados, portanto, sempre reverbera diferentes leituras em quem assiste tanto � pe�a quanto ao filme, seja no Brasil ou fora”, comenta Alves Jr. Para ele, a produ��o dialoga diretamente com a se��o do festival alem�o em que vai ser exibida. “F�rum Expandido tem como proposta expandir a compreens�o do que � um filme, testar os limites da conven��o e abrir novas perspectivas de linguagem. Pois o projeto que a Grace vem desenvolvendo � uma experi�ncia de expans�o de linguagem, j� que tem literatura, teatro e cinema.”



Karim A�nouz exibe document�rio

Filmado ao longo de um dia com uma c�mera de celular, o document�rio Nardjes A. � o primeiro filme de Karim A�nouz desde A vida invis�vel, que venceu a mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes no ano passado e foi o escolhido pelo Brasil para representar o pa�s no Oscar. Nardjes A. ter� sua estreia na mostra Panorama, paralela � competi��o oficial do Festival de Berlim, neste domingo (23).

“Glauber deve estar se virando na cova. Filmar com telefone n�o foi uma escolha est�tica. Foi necessidade mesmo”, afirma o diretor cearense, h� muitos anos dividido entre o Brasil e a Alemanha. Ele conta que Nardjes A. nasceu por acaso. Na Arg�lia para rodar Argelino por acidente (t�tulo provis�rio), filme que remonta � hist�ria de seus pais – ele, um engenheiro argelino; ela, uma bioqu�mica brasileira –, A�nouz se deparou com um momento hist�rico. “H� um ano, em 22 de fevereiro, come�aram a acontecer manifesta��es espont�neas no pa�s. � uma galera muito jovem, 1 milh�o de pessoas na rua, e acabei meio que 'sequestrado' por isso”, diz. A popula��o argelina se levantou contra a possibilidade de um quinto mandato do presidente Abdelaziz Bouteflika.

Filmado com celular, 'Nardjes A.' acompanha um dia de protestos populares na Argélia
Filmado com celular, 'Nardjes A.' acompanha um dia de protestos populares na Arg�lia (foto: MPM FILM/DIVULGA��O )
Os protestos ocorriam sempre �s sextas-feiras. “Foi a primeira vez que as pessoas sa�ram para as ruas depois da Guerra Civil Argelina (1991-2002). At� ent�o, as pessoas s� podiam se reunir em est�dio de futebol. Comecei a registrar este momento para talvez integrar meu outro filme, mas com as coisas espont�neas acontecendo na rua, vi ali um sopro de esperan�a. Da� resolvi fazer o filme.” A�nouz seguiu durante um �nico dia em Argel a atriz e ativista Nardjes. Estava acompanhado apenas do celular e de um fot�grafo.

O cineasta participa da Panorama dois anos depois de ter lan�ado o document�rio Aeroporto central na mesma mostra. Ainda em Berlim, concorreu ao Urso de Ouro com Praia do Futuro (2014). “� bacana participar da Berlinale, al�m do mais porque h� uma sele��o grande de document�rios de den�ncia. E a gente v� muito pouca coisa da Arg�lia na m�dia”, afirma. Atualmente, ele est� montando Argelino por acidente. Esta participa��o em Berlim ser� a primeira de A�nouz num festival internacional desde a infrut�fera campanha brasileira para tentar uma indica��o ao Oscar de filme internacional. “Foi muito importante participar da campanha. Acho que o que mais aprendi foi como navegar dentro da ind�stria.”

TV PROMOVE RETROSPECTIVA

At� 1º de mar�o, �ltimo dia do Festival de Berlim, o Canal Brasil exibe filmes que participaram de edi��es anteriores do festival. Nesta semana, as atra��es ser�o M�e s� h� uma (2016), de Anna Muylaret, vencedor do Teddy (pr�mio dedicado a filmes de tem�tica LGBT), que acompanha um adolescente n�o convencional e seu encontro com sua fam�lia biol�gica (sexta, 21, �s 23h10); Greta (2019), de Armando Pra�a, que apresenta Marco Nanini como um enfermeiro gay que tenta ajudar uma artista trans � beira da morte (s�bado, 22, �s 23h10); e Synonymes (2019), de Nadav Lapid, coprodu��o entre Israel, Fran�a e Alemanha vencedora do Urso de Ouro de 2019 (domingo, 23, �s 23h10).

Confira os t�tulos brasileiros no 70º Festival de Berlim

MOSTRA COMPETITIVA
» Todos os mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra

MOSTRA GERA��O
» Alice J�nior, de Gil BaroniIrm�, Luciana Mazeto e Vinicius Lopes
» Meu nome � Bagd�, de Caru Alves de Souza
» R�, de Julia Zakia e Ana Fl�via Cavalcanti

MOSTRA PANORAMA
» Cidade p�ssaro, de Matias Mariani
» O reflexo do lago, de Fernando Segtowick
» Vento seco, de Daniel Nolasco
» Nardjes A.,de Karim A�nouz (coprodu��o)
» Un crimen com�n, de Francisco M�rquez (coprodu��o)

MOSTRA F�RUM
» Luz nos tr�picos, de Paula Gait�n
» Vil, m�, de Gustavo Vinagre
» Chico Ventana tambien quisiera ter un submarino, de Alex Piperno (coprodu��o)

MOSTRA F�RUM EXPANDIDO
» (Outros) Fundamentos, de Aline Motta
» Apiyemiyeki?, de Ana Vaz
» Jogos dirigidos, de Jonathas de Andrade
» Letter from a guarani woman in search of her land without evil, de Patricia Ferreira
» Vaga carne, de Grace Pass� e Ricardo Alves Jr. 

MOSTRA ENCONTROS
» Los conductos, de Camilo Restrepo (coprodu��o)


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