S�rie sobre strippers, 'P-Valley' quer desnudar a ind�stria do desejo

Mercedes (Brandee Evans) acredita ter chegado a hora de sua “aposentadoria”: ir para os bastidores treinar jovens em grupos de dan�a. Mas o palco ainda � dela, pois n�o h� ningu�m capaz de fazer o que ela faz no Pynk. Quando a rainha est� em cena, o tempo para, a respira��o fica em suspenso. O que importa � a m�sica e como Mercedes dan�a na barra.

P-Valley, s�rie em oito epis�dios que estreia neste domingo (12) na plataforma Starzplay, � centrada em Mercedes, em Autumn Night (Elarica Johnson) e em Miss Mississippi (Shannon Thornton), todas jovens mulheres negras do Sul dos Estados Unidos que ganham a vida como strippers no Pynk, um clube de uma pequena cidade, a fict�cia Chucalissa, no Delta do Mississippi.

Vers�o televisiva para a pe�a Pussy Valley, encenada nos EUA em 2015, a s�rie foi criada por Katori Hall, tamb�m a autora do espet�culo. “Queria olhar o mundo atrav�s dos olhos delas, mostrar a vida tanto dentro quanto fora do clube. A ideia � mudar o ponto de vista, que at� ent�o sempre foi dos homens. A s�rie vem humanizar mulheres que foram desumanizadas por tanto tempo”, comenta ela.

Al�m de ser escrita e protagonizada por mulheres, P-Valley tamb�m foi dirigida por um time de mulheres (cada um dos oito epis�dios teve uma diretora). “Como tamb�m sou negra, queria inovar a maneira de filmar o corpo de uma negra, principalmente se tomarmos como refer�ncia os v�deos de hip- hop, que sempre foram hipersexualizados. A ind�stria do desejo existe e as mulheres que participam dela, porque o querem ou porque s�o for�adas, t�m hist�rias que nunca foram apresentadas. H� uma maneira de representar essa perspectiva e n�o cair nos estere�tipos, especialmente nas cenas de nudez. Os movimentos de c�mera, a fotografia, tudo isso veio para tentar colocar a mulher no lugar mais confort�vel poss�vel.”

Com muitas cenas de dan�a (algumas realmente de tirar o f�lego) e nudez, P-Valley, no entanto, carrega no drama. Mercedes tem que lidar com a m�e manipuladora, que � pastora de uma igreja e exige o dinheiro que ela ganha a cada noite no clube; Autumn tem um passado obscuro, violento e bate na porta do Pynk para tentar um lugar para dan�arina ex�tica; e Miss Mississippi, com um rec�m-nascido no colo, tem um relacionamento abusivo com o pai da crian�a. 

No meio do grupo, h� apenas uma stripper branca, Gidget (Skyler Joy), que faz parte da segunda gera��o de dan�arinas de pole dance. Quem comanda tudo � Tio Clifford (Nicco Annan), a dona do clube, pessoa de g�nero fluido que usa em igual medida saltos alt�ssimos e uma barba sempre por fazer. 

Nicco Annan � o �nico da s�rie que tamb�m fez parte da pe�a. “Foi bom estar com ele por tanto tempo, j� que a s�rie demorou a ser desenvolvida (foram quatro anos desde o an�ncio at� a estreia). Uma das raz�es para a demora foi o elenco. Foram quase oito meses de testes, pois t�nhamos que encontrar atrizes que estivessem confort�veis com a parte corporal e tamb�m preparadas para a parte dram�tica”, afirma Katori.

A m�sica tem bastante espa�o na trama, principalmente a trap music. O subg�nero do hip-hop � origin�rio do Sul dos EUA e mistura a batida do rap com m�sica eletr�nica. Para escrever a pe�a e desenvolver a s�rie, Katori teve contato com strippers de todas as regi�es dos EUA. Mas seu ponto de vista � sempre o do Sul, pois ela � de Memphis, Tennessee.

“Sempre escrevi sobre o Sul, que � um lugar incompreendido, com uma hist�ria pesada, de escravid�o. Ent�o como sempre escrevo sobre o Sul, escrevo sobre a minha ra�a, sobre o meu povo. Sempre me preocupei em como criar hist�rias que honrem o meu povo, ainda que hoje tentem desmantelar nossas conquistas”, diz Katori.

A s�rie, em oito epis�dios, estreia neste 

domingo (12), � meia-noite, na 

plataforma Starzplay. A cada domingo 

um novo epis�dio entrar� no ar.