
Nos �ltimos cinco anos, a produ��o tem sido prof�cua, mas somente agora, aos 66, ele come�a a mostrar um novo trabalho solo. Com previs�o de lan�amento para fevereiro, Chamas, primeiro �lbum desde Paulo Santos – M�sica para performances de Eder Santos (2002), foi produzido durante a pandemia. A primeira faixa, Ber�o do ar, acaba de ser lan�ada com um v�deo, produzido com a bailarina e core�grafa Gabriela Chiaretti e o diretor Lucas Campos.
Foi uma fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante reuni�o ministerial de 22 de abril, que despertou em Paulinho a vontade de realizar o trabalho. Reproduzida � exaust�o desde que a reuni�o foi tornada p�blica em maio por decis�o do Supremo Tribunal Federal (STF), a declara��o do ministro defendia passar “a boiada” e mudar regras ligadas � prote��o ambiental enquanto a aten��o da m�dia estava voltada para o in�cio da pandemia da COVID-19.
“J� no ano passado, eu comecei a construir algumas coisas, mas a fala do ministro foi o ponto de partida. O trabalho tem esse sentido de falar do meio ambiente, da Amaz�nia, do Pantanal, pois para mim o Brasil � o ber�o do ar, da� o nome da primeira faixa. E ver tudo isso ser destru�do me deu certa ang�stia”, comenta Paulinho.
A mulher do m�sico, Josefina, trabalhou com o Uakti fazendo manuten��o nos instrumentos criados por Marco Ant�nio Guimar�es. Com o fim do grupo, ela passou a construir os instrumentos de Paulinho (como marimba de vidro e a trilobita, instrumento percussivo criado a partir de tubos de PVC), que os mant�m em um ateli� (ele prefere esse nome, j� que n�o tem um est�dio convencional) em casa.
Foi em casa que ele come�ou a produzir as 10 faixas, em que tudo � executado por ele. Ber�o do ar, por exemplo, ele gravou tocando tabla indiana e sintetizadores. “Chamas vai ser um disco eletroac�stico, em que os instrumentos ac�sticos solam e tamb�m fazem a base para timbres eletr�nicos”, ele conta.
Paulinho tamb�m tem feito muita trilha para a escola do Grupo Corpo. Quando Ber�o do ar ficou pronta, ele chamou Gabriela Chiaretti, professora da escola, e perguntou se ela n�o queria improvisar em cima do tema. No v�deo, em uma sala de aula do Corpo, a bailarina faz uma performance para a c�mera de Lucas Campos. S�o dois momentos bem distintos, um primeiro mais tranquilo e outro ca�tico, em que Paulinho tentar expressar a rela��o atual das pessoas com o meio ambiente.
Ainda que Chamas seja um trabalho solo, os �ltimos anos t�m sido de m�ltiplos parceiros. O primeiro marco p�s-Uakti foi o �lbum Curado (2016), lan�ado com o grupo paulistano de rock experimental Hurtmold.
“Este trabalho com o Hurtmold deu uma alavancada. Depois comecei a tocar com muita gente, como o (pianista, compositor e arranjador) Benjamin Taubkin e o Palavra Cantada”, ele conta. Paulinho fez os arranjos de todas as faixas de Concerto para beb�s, trabalho que a dupla Sandra Peres e Paulo Tatit lan�ou no ano passado.
Ele fez tamb�m a trilha do espet�culo on-line �taca, 365, que o ator Cac� Carvalho apresentou no in�cio de dezembro. E aguarda para este ano o lan�amento de tr�s filmes em que tamb�m assina a trilha sonora: A casa do girassol vermelho, de Eder Santos, A queda, de Diego Rocha, e O lodo, de Helv�cio Ratton.
Este �ltimo, que deve chegar aos cinemas em maio, foi exibido em outubro passado, na Mostra de S�o Paulo. Quase personagem da narrativa, a trilha criada por Paulinho pontua o clima de claustrofobia que toma conta da vida de Manfredo, protagonista da hist�ria, baseada em conto de Murilo Rubi�o.