Elias Andreato estrela pe�a 'Van Gogh', agora em vers�o on-line e gratuita

Pe�a consagradora de Elias Andreato, “Van Gogh” volta ao cartaz neste domingo (21/3), com temporada gratuita at� 4 de abril, na plataforma Zoom. O espet�culo teve trajet�ria de oito anos, foi visto em Nova York e rendeu a ele os pr�mios Shell e Apetesp de melhor ator em 1993.

Sob a dire��o de Marcia Abujamra, respons�vel pela montagem original, Andreato, de 66 anos, protagoniza a vers�o filmada, rodada em fevereiro, com o apoio de oito t�cnicos. Chegou a ter receio de registrar um trabalho t�o emblem�tico, pois poderia quebrar o encanto de quem se emocionou na �poca e ainda desapontar aqueles que possam descobri-lo agora.

A diretora garante que essa preocupa��o se desfez. “Fiquei impressionada como o Elias deu ao texto muito mais energia e rapidez, deixando de lado as pausas t�o exploradas no passado”, revela Marcia Abujamra.

Elias escreveu “Van Gogh” em homenagem ao irm�o mais velho, o artista gr�fico Elifas Andreato, estabelecendo conex�es entre as rela��es dos dois e a dos irm�os Theo e Vincent Van Gogh, marcadas pela depend�ncia psicol�gica e financeira.

Foi diferente reviver essa hist�ria agora. “Estou muito mais estruturado emocionalmente. Naquela �poca, achava que morreria em breve (logo depois da estreia, Elias descobriu um grave quadro de hepatite C). Amadureci meu v�nculo com o Elifas e, apesar de muito mais velho, acho que a minha imagem empresta um peso maior � de Van Gogh”, afirma.

Entusiasmada com o reencontro, Marcia engatou o projeto in�dito “O veneno do teatro” sobre seu tio, o ator e diretor Antonio Abujamra (1932-2015), e convidou Elias para dar vida ao provocador por excel�ncia.

“Quando ela me ligou, avisei que era loucura, um erro de escala��o”, diz Andreato, que teve contato com Abujamra, ent�o diretor, nos bastidores da pe�a “Muro de arrimo” (1975), na qual trabalhou como camareiro e contrarregra.

Marcia deu de ombros e seguiu em frente. “Sabia que o Elias encontraria o meu tio pelo humor ferino que os dois sempre carregaram”, conta. Exibido em 27 e 28 de fevereiro pela plataforma Sympla, o solo deve ser retomado em breve.

Mesmo depois de um ano sem ouvir os aplausos da plateia – e tampouco com a perspectiva desta reconex�o –, Andreato foge das lamenta��es.

“Claro que vivemos um per�odo dific�limo, mas atravessei o ano (de 2020) exercendo minha profiss�o. Ganhei bem em alguns projetos, pouco ou quase nada em outros, s� que tive o privil�gio de n�o ter parado, como grande parte das pessoas”, diz, comprovando a sua conhecida resili�ncia.

Em 14 de mar�o de 2020, Elias pisou pela �ltima vez em um palco diante da plateia disposta a aplaudi-lo. Era uma sess�o do mon�logo “Arap”, no Teatro Eva Herz, em S�o Paulo. Logo depois, a suspens�o das atividades culturais presenciais, por causa da pandemia, levou-o a se exilar em seu apartamento no bairro de Perdizes.

N�o demorou para que ele colocasse em pr�tica formas alternativas de se manter ativo. O primeiro desafio foi entender o funcionamento da linguagem digital e transmitir, diretamente da sala de casa, uma adapta��o de “Arap” para um projeto da Secretaria Estadual da Cultura.

Depois, Andreato criou o solo “Pessoa”, sobre a obra do poeta portugu�s Fernando Pessoa. Ap�s sess�es via plataforma Zoom para amigos, engatou uma temporada remota.

Personagens marcantes de seus 44 anos de carreira o “visitaram” durante o confinamento. Foi o caso de “Oscar Wilde”, apresenta��o gravada no Teatro S�rgio Cardoso e exibida em outubro e dispon�vel no YouTube, assim como ocorreu com  “Arap”.

Em agosto de 2020, Elias fez o primeiro trabalho em grupo como encenador no novo formato. Com Karin Rodrigues e Chris Couto, a com�dia dram�tica “Para duas” ganhou ensaios ao ar livre, na �rea externa da casa de uma das atrizes, e as transmiss�es se deram ao vivo do Teatro Cacilda Becker.

Radicalmente diferente foi o processo de “Di�rio de um louco”, que est� em cartaz at� 28 de mar�o na plataforma Sympla, com sess�es aos s�bados e domingos.

Em 1980, Elias Andreato estrelou esta pe�a inspirada no conto do russo Nicolai Gogol, sob o comando de Marcio Aur�lio, e agora dirige o ator Rainer Cadete atrav�s da tela do computador – um em S�o Paulo e o outro no Rio de Janeiro.