
As mudan�as na apresenta��o se devem � pandemia do novo coronav�rus. O evento, embora presencial, teve menos convidados que o normal, transmiss�es de outros lugares do globo e uma din�mica mais acelerada e pr�xima de um programa de TV.
Contudo, o Oscar manteve a pompa e contou com a reuni�o de algumas das principais estrelas do mundo, dessa vez distribu�dos em mesas espa�adas, tamb�m atendendo aos protocolos sanit�rios.
Iniciada �s 21h (Bras�lia), a entrega dos pr�mios se estendeu at� pouco mais de meia-noite. Antes das categorias serem apresentadas, a atriz Regina King fez um breve discurso, destacando os esfor�os da ind�stria cinematogr�fica diante das dificuldades impostas pela COVID-19. Ela tamb�m lembrou dos casos de viol�ncia policial contra a popula��o negra nos EUA, que abalaram o pa�s com m�ltiplos protestos ao longo do �ltimo ano.
A expectativa era por uma premia��o diversa, com uma lista de indica��es mais plural no que diz respeito � representatividade. E assim foi. Um momento hist�rico da cerim�nia foi a entrega do Oscar de melhor dire��o. A cineasta chinesa Chloe Zhao se tornou a segunda mulher na hist�ria da premia��o a vencer a categoria de melhor dire��o, com "Nomadland". Antes dela, apenas Kathryn Bigelow, por "Guerra ao terror", em 2010, havia conseguido.
Nas 92 edi��es anteriores, a Academia indicou apenas cinco mulheres na categoria melhor dire��o: Lina Wertmuller por “Pasqualino sete belezas”, em 1976; Jane Campion por “O piano”, em 1993; Sofia Coppola por “Encontros e desencontros”, em 2003; Kathryn Bigelow por “Guerra ao terror”, em 2010; e Greta Gerwig por “Lady Bird: A hora de voar”, em 2017. Neste ano, al�m de Chloe, Emerald Fennell concorria com "Bela vingan�a".
"Sempre encontrei bondade nas pessoas que conheci em todo o mundo, ent�o isso � para qualquer um que teve a f� e a coragem de se apegar � bondade que carregam dentro de si e de outras pessoas, por mais dif�cil que seja", declarou Zhao ao receber a estatueta.
A presen�a das mulheres, t�o cobrada nos �ltimos anos pelos movimentos que lutam por um cinema mais justo e igualit�rio entre os g�neros, foi vencedora tamb�m em melhor roteiro original. Emerald Fennell levou o pr�mio por "Bela vingan�a". O filme aborda, de maneira “agridoce”, a cultura do estupro com a trajet�ria vingativa da protagonista Cassie(Carey Mulligan), contra homens que a abusam de mulheres vulner�veis.
Cinema asi�tico segue em alta
Depois do sucesso de "Parasita" na edi��o do ano passado, o cinema asi�tico voltou a ser destaque no Oscar. Al�m do pr�mio para a chinesa Chloe Zhao, a coreana Yuh-Jung Youn venceu em melhor atriz coadjuvante, pelo papel da av� em "Minari - Em busca da felicidade".
Em um dos momentos mais divertidos da cerim�nia, ela fez uma paida com Brad Pitt, apresentador da categoria. "Sr. Brad Pitt, onde estava voc� quando a gente estava filmando?. Ela tamb�m brincou sobre a “sorte” que teve ao vencer uma categoria t�o concorrida, na qual estavam indicadas Maria Bakalova ("Borat: Fita de cinema seguinte"), Glenn Close ( "Era uma vez um sonho"), Olivia Colman ( "Meu pai") e Amanda Seyfried ("Mank").
Comparado com edi��es anteriores, � poss�vel dizer que foi uma cerim�nia mais s�ria, com menos interven��es dedicadas ao humor. Mas outro grande momento de descontra��o da festa foi quando o DJ Questlove interagiu com alguns dos convidados e convenceu Glenn Close a se levantar e rebolar, para o del�rio do p�blico nas redes sociais e alegria dos criadores de memes.
Emo��o e favoritismo desbancado
Tamb�m houve espa�o para emo��o, com a tradicional homenagem p�stuma aos artistas do cinema que morreram ao longo do �ltimo ano. Sean Connery e Chadwick Boseman foram os �ltimos homenageados.
Boseman, que concorria ao Oscar p�stumo de melhor ator por “A voz suprema do blues”, morreu em agosto de 2020, v�tima de um c�ncer de intestino. Considerado favorito ao pr�mio, que j� havia vencido no Globo de Ouro, ele perdeu a estatueta para Anthony Hopkins, de “Meu pai”. Hopkins, de 83 anos, interpretou um homem idoso atordoado pela dem�ncia em um dos filmes mais fortes da premia��o. Ele n�o esteve presente na cerim�nia.
As premia��es de atua��o principal encerraram a cerim�nia, em uma das principais mudan�as vistas neste ano. Tradicionalmente, a categoria principal, de melhor filme, era a �ltima a ser apresentada. Dessa vez, ela foi a anti-pen�ltima, coroando “Nomadland”.
Frances McDormand levou o Oscar de melhor atriz, por “Nomadland” - grande vencedor da noite com tr�s estatuetas. No entanto, ela foi extremamente sucinta ao receber seu terceiro Oscar na carreira. “N�o tenho palavras: minha voz est� em minha espada”, disse McDormand, citando Macduff, da obra shakespeariana “Macbeth”. Ela continuou dizendo: “Sabemos que a espada � nosso trabalho e gosto de trabalhar. Obrigado por saber disso, e obrigado por isso”, numa fala que durou alguns segundos.
Nesse modelo mais din�mico de apresenta��o, prevaleceram as declara��es mais enxutas. Mas houve espa�o para mensagens mais fortes. Travon Free e Martin Desmond Roe, diretores de "Dois estranhos", vencedor do Oscar de melhor curta, lembraram das mortes di�rias de negros nos EUA pelas m�os da pol�cia e fizeram um apelo para que a popula��o branca “n�o seja indiferente � nossa dor”
O filme, dispon�vel na Netflix, aborda a viol�ncia policial contra a popula��o negra. No filme, o protagonista vive em um loop temporal em que acaba assassinado por um policial todos os dias ap�s acordar, independente das mudan�as que fa�a em seu caminho.