
A atriz se saiu bem, muito melhor do que a sequ�ncia final da cerim�nia. Meio mundo acreditava que o pr�mio de melhor ator seria para Chadwick Boseman (1976-2020), que receberia um trof�u p�stumo por “A voz suprema do blues”.
S� que o vencedor (com justi�a) foi Anthony Hopkins por “Meu pai”. Na hora do an�ncio, o ator brit�nico estava no d�cimo sono em sua casa, no Pa�s de Gales. Sem discurso de agradecimento, o Oscar 2021 terminou abruptamente em um grande v�cuo. TV ao vivo, Soderbergh!
O anticl�max, no entanto, n�o invalidou as v�rias vit�rias de uma noite que, enfim, celebrou a diversidade, demanda recorrente n�o s� da comunidade cinematogr�fica quanto do mundo. Como previsto, “Nomadland” tornou-se o grande vencedor deste ano, com dois trof�us que eram dados como certos – melhor filme e dire��o – e um terceiro, justo, por�m inesperado (atriz para Frances McDormand, que passou a fazer parte do exclusivo grupo de int�rpretes com tr�s Oscars).
Vencedora, Zhao � ignorada na China
A cineasta chinesa Chlo� Zhao tornou-se a primeira asi�tica a vencer na categoria de dire��o – e em 93 edi��es de Oscar, foi apenas a segunda mulher. "Pensei muito sobre como seguir adiante quando as coisas se tornam dif�ceis", disse ela em seu discurso. "Nomadland" � um drama baseado em fatos sobre pessoas sem casa que percorrem os Estados Unidos em caminhonetes e vivem de fazer bicos.
A celebra��o de Zhao s� n�o foi a contento na China natal – ela se mudou para a Inglaterra na adolesc�ncia e radicou-se nos EUA desde que fez faculdade de cinema. Ao meio-dia desta segunda-feira (26/4), todas as publica��es com o seu nome e a men��o a "Nomadland" desapareceram da rede social Weibo, o Twitter chin�s.
A imprensa chinesa manteve sil�ncio sobre sua vit�ria. Recentemente, Zhao virou alvo de ataques de nacionalistas chineses nas redes sociais, que desenterraram entrevistas da diretora em que ela parece criticar o pa�s.
Diversidade
A imprensa sul-coreana, por seu lado, celebrou a vit�ria de Youn Yuh-jung como melhor atriz coadjuvante por “Minari – Em busca da felicidade”. Foram v�rias men��es nos jornais e redes sociais que destacaram o discurso do primeiro Oscar de atua��o para o pa�s. “N�o h� competi��o em nossa sociedade. Acabei de receber o pr�mio porque tive um pouco mais de sorte”, resumiu a veterana atriz.
Mia Neal e Jamika Wilson foram as primeiras mulheres negras a receber o Oscar de cabelo e maquiagem e penteado, por “A voz suprema do blues”. Com a vit�ria de Daniel Kaluuya (“Judas e o messias negro”) como ator coadjuvante, ele entrou para o time de 16 int�rpretes (n�mero �nfimo em quase um s�culo de premia��o) negros a receber um pr�mio de atua��o.
Audi�ncia baixa na TV
Os dados preliminares da audi�ncia do Oscar nos Estados Unidos foram impressionantes. Para menos, diga-se de passagem. De acordo com a empresa de pesquisa de mercado Nielsen, 9,85 milh�es de telespectadores americanos sintonizaram a TV para assistir � cerim�nia. Isto representa uma queda de 58,3% em rela��o a 2020, que j� havia batido recordes de audi�ncia negativa.
Como evento televisivo, o Oscar da pandemia funcionou para mostrar que a cadeia do cinema est� ativa e que, em meio � crise abissal em decorr�ncia da COVID-19, ela sobreviver�, apesar das marcas no caminho. Tinha que ser uma cerim�nia s�bria, enxuta, tanto por causa dos protocolos sanit�rios quanto pelo clima geral.
E assim foi, mesmo com alguns, poucos e bons, momentos de suspiro. Al�m da aus�ncia de glamour e de celebridades que cercam, ano a ano, a cerim�nia, o espectador teve que lidar ao longo de tr�s horas com imagens de grupos de quatro pessoas sentadas � mesa, conforme foi a disposi��o da restrita plateia de 170 pessoas (os indicados, as equipes dos filmes e seus convidados) presente na Union Station.
Sim, o espectador mais atento percebeu que havia ali o toque de cinema a que Soderbergh tinah se referido. A c�mera muito pr�xima pegou com perfei��o o momento em que Riz Ahmed deu um meio sorriso ao apresentar como vencedor do Oscar de melhor som o filme “O som do sil�ncio”, que ele protagonizou.
Soderbergh tamb�m explorou como p�de o cen�rio art d�co da Union Station, com um “teatro” montado � meia luz, que garantiu uma experi�ncia intimista, ao contr�rio das transmiss�es costumeiras de grande espet�culo.
Mas como segurar uma audi�ncia diante de uma cerim�nia que premia filmes que boa parte da popula��o n�o assistiu? Porque, mesmo que v�rios concorrentes tenham sido lan�ados no streaming, a grande sala ainda � a principal tela do cinema.
No Brasil, por exemplo, dois premiados da noite, “Nomadland” e “Bela vingan�a”, n�o estrearam. O longa de Chlo� Zhao est� previsto para estrear na pr�xima quinta-feira (29/4) – como em BH as salas continuam fechadas, ele dever� permanecer in�dito por mais tempo na capital mineira. “Minari” estreou na semana passada – em outras capitais, n�o aqui. “Judas e o Messias Negro” s� ficou em cartaz por duas semanas em BH, em fevereiro.
Quem melhor resumiu o Oscar 2021 foi Frances McDormand, que, ao agradecer a estatueta de melhor filme (ela � tamb�m produtora de “Nomadland”) conclamou o p�blico a “assistir ao filme na maior tela poss�vel”. Para o Oscar continuar a ser relevante, o cinema tem que resistir.
P�rola da festa
Confira momentos divertidos, inusitados e emocionantes nas tr�s horas de cerim�nia
Muito prazer, Sr. Pitt – “Onde estava quando est�vamos filmando? Prazer em finalmente conhec�-lo, Sr. Brad Pitt”, disse Youn Yuh-jung em seu discurso de agradecimento pelo pr�mio de melhor atriz coadjuvante (por “Minari – Em busca da felicidade”). Pitt, que anunciou o pr�mio, � o produtor do filme.
Milagre do imposs�vel – “Quisemos fazer um filme que comemora a vida e, depois de quatro dias de filmagem, o imposs�vel aconteceu. Um acidente na estrada levou a minha filha (Ida, morta aos 19 anos). Ida, isso foi um milagre que acabou de acontecer e voc� faz parte desse milagre”, disse, chorando, o cineasta dinamarqu�s Thomas Vinterberg, ao receber o Oscar de melhor filme internacional por “Druk: Mais uma rodada”
Muito prazer, Sr. Pitt – “Onde estava quando est�vamos filmando? Prazer em finalmente conhec�-lo, Sr. Brad Pitt”, disse Youn Yuh-jung em seu discurso de agradecimento pelo pr�mio de melhor atriz coadjuvante (por “Minari – Em busca da felicidade”). Pitt, que anunciou o pr�mio, � o produtor do filme.
Milagre do imposs�vel – “Quisemos fazer um filme que comemora a vida e, depois de quatro dias de filmagem, o imposs�vel aconteceu. Um acidente na estrada levou a minha filha (Ida, morta aos 19 anos). Ida, isso foi um milagre que acabou de acontecer e voc� faz parte desse milagre”, disse, chorando, o cineasta dinamarqu�s Thomas Vinterberg, ao receber o Oscar de melhor filme internacional por “Druk: Mais uma rodada”

Perdeu, mas ganhou – “Isso � ‘Da Butt’, uma m�sica da banda EU (Experience Unlimited), que estava no brilhante filme de Spike Lee, ‘School daze’ (Revolu��o estudantil)”. Glenn Close, aos 74 anos, havia acabado de perder o Oscar pela oitava vez. Mas ganhou a noite, ao terminar um jogo nonsense em que os convidados tinham que adivinhar se uma m�sica antiga tinha levado ou n�o o Oscar. O texto estava no roteiro, mas o rebolado que a atriz fez at� o ch�o, n�o.
Ganhou, mas dormiu – No Bafta, o pr�mio nacional do cinema brit�nico, ele estava pintando quando foi anunciado que havia vencido a disputa de melhor ator. No Oscar, estava dormindo. Na manh� de segunda-feira (26/4), poucas horas ap�s a cerim�nia da Academia de Artes e Ci�ncias Cinematogr�ficas de Hollywood, Anthony Hopkins postou um v�deo agradecendo o pr�mio pelo filme “Meu pai”. “Aos 83 anos, eu realmente n�o imaginava que ganharia”, afirmou o ator, que fez um tributo a Chadwick Boseman, “tirado de n�s cedo demais”.