
O pr�mio para Elton John veio com a cinebiografia do pr�prio cantor e compositor brit�nico (“Rocketman”). O de Lady Gaga foi gra�as ao musical “Nasce uma estrela”, mesmo g�nero cinematogr�fico da anima��o “Viva - A vida � uma festa” (2018) e de “La la land - Cantando esta��es” (2017), vencedores da categoria nos anos anteriores.
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O pr�mio conquistado por H.E.R se destaca por vir em um drama de teor pol�tico. Dirigido por Shaka King, o filme � baseado na hist�ria de Bill O’Neal, militante infiltrado pelo FBI para espionar Fred Hampton, l�der do Partido dos Panteras Negras, que acabou assassinado, aos 21 anos, em 1969, por agentes do Estado norte-americano.
Daniel Kaluuya, que interpretou Hampton, ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante. O’Neal, personagem principal, foi vivido por Lakeith Stanfield. A letra de “Fight for you”, escrita em parceria com Dernst Emile II e Tiara Thomas, tem a ver com o contexto da trama.
“Toda a fuma�a no ar / Sinta o �dio quando eles olham / Toda a dor que suportamos /� melhor voc� tomar cuidado / As armas deles n�o jogam limpo / Tudo o que temos � uma ora��o / Estava tudo em seus planos / Lave o sangue de suas m�os” diz o in�cio da can��o, cujo refr�o fala em “Liberdade para meus irm�os”, “Liberdade porque eles nos julgam” e “A liberdade vai nos manter fortes”.
Na disputa pelo Oscar de melhor can��o original, H.E.R levou a melhor sobre Celeste, com “Hear my voice” (“Os 7 de Chicago”); Fire Saga, com “Husavik” (“Festival Eurovision da Can��o”); Laura Pausini, com “Io si (seen)” (“Rosa & Momo”); e Leslie Odom Jr., com “Speak now” (“Uma noite em Miami”).
Temas sociais em pauta
Contudo, olhando o retrospecto recente da jovem cantora, essa nova conquista n�o surpreende. Tanto por seus predicados art�sticos quanto pela coragem de levar temas sociais para seus trabalhos.Depois de despontar para o estrelato ainda aos 14 anos no reality show “The next big thing”, da R�dio Disney, H.E.R � tida como um dos principais nomes do R&B na atualidade. Surgido nos anos 1940, o R&B mescla a linguagem do pop com as ra�zes da musicalidade afro-americana e sua pot�ncia vocal. Esse grande momento de H.E.R foi comprovado na mais recente edi��o do Grammy, realizada em mar�o.
Na mais cobi�ada premia��o da m�sica mundial, a cantora levou o Gramofone de can��o do ano por "I can't breathe". O t�tulo faz refer�ncia direta � luta contra a viol�ncia policial sofrida pela popula��o negra nos EUA, tema de tantos protestos ao longo do �ltimo ano.
Em portugu�s, a frase significa “n�o consigo respirar”. Exatamente as �ltimas palavras ditas pelo cidad�o negro George Floyd antes de ser assassinado pelo policial policial branco Derek Chauvin, que o sufocou pressionando o joelho em seu pesco�o durante oito minutos, em Minneapolis, no epis�dio que chocou o mundo, em maio do ano passado.
Com uma melodia suave, a m�sica fala sobre a luta pelos direitos civis igualit�rios e den�ncia o exterm�nio dos negros nos EUA. “Destrui��o de mentes, corpos e direitos humanos”; “Ancestralidade destru�da, chicoteada e confinada”; “Este � o orgulho americano, que justifica um genoc�dio, romantizando o roubo e o derramamento de sangue, isso fez da Am�rica a terra da liberdade”; e “Tirar a vida de uma pessoa preta, terra dos livres” s�o alguns dos versos.
Dois anos antes, em 2019, H.E.R j� havia conquistado dois trof�us no Grammy. Melhor performance de R&B, por "Best part" , em parceria com Daniel Caesar, e melhor �lbum de R&B, pelo hom�nimo “H.E.R”. Naquele mesmo ano, ela veio ao Brasil e se apresentou no Rock In Rio, mostrando habilidade com diversos instrumentos musicais, al�m da magn�fica voz.
Para receber a estatueta, anunciada e entregue pela atriz Zendaya, outra estrela de sua gera��o, H.E.R manteve o estilo que se tornou sua marca registrada. A artista nunca aparece em p�blico sem �culos escuros e assim foi na cerim�nia.
Ela costuma justificar como um artif�cio para preservar sua identidade. Al�m disso, H.E.R chamou a aten��o pela escolha do vestu�rio, em homenagem ao cantor Prince (1958-2016). O traje era inspirado na pe�a que Prince usou ao receber o Oscar de melhor trilha sonora original por “Purple rain”, em 1985.
Ao receber o Oscar, seu breve discurso esteve � altura do reconhecimento que tem recebido, refor�ando o poder transformador da m�sica e do cinema. “M�sicos e cineastas, acredito que temos a oportunidade e a responsabilidade de dizer a verdade e de escrever a hist�ria do jeito que ela foi e como ela nos conecta aos dias de hoje e ao que vemos acontecendo no mundo hoje”, disse.
H.E.R encerrou seus agradecimentos dizendo: “Conhecimento � poder, m�sica � poder e, enquanto eu estiver de p�, sempre lutarei por n�s. Sempre lutarei pelo meu povo e pelo que � certo. Acho que � isso o que a m�sica faz, e � isso o que a narrativa faz".