
Celebra��o do amor, do respeito e da liberdade. Assim � o clipe da can��o “Duas pessoas”, lan�ado pelo mineiro Aldrin Gandra, fruto de um insight depois da conversa do compositor com dois vizinhos. “Eles moram juntos h� mais de 20 anos. Certa noite, depois de algumas ta�as de vinho, um deles desabafou: ‘N�o sou o fulano gay e ele n�o � o beltrano gay. Somos apenas duas pessoas que trabalham com dignidade, pagam suas contas e respeitam o pr�ximo”, conta o m�sico.
A frase do vizinho n�o saiu da cabe�a de Gandra, que comp�s parte da can��o, mas ela ficou inacabada. Quando Damares Alves, ministra da Mulher, da Fam�lia e Direitos Humanos, disse que homem s� pode usar azul e mulher cor-de-rosa, aquilo mexeu com o m�sico. “N�o fiz a can��o por motivos pol�ticos nem para o movimento LGBTQIA. Fiz, sim, um desabafo contra todos os tipos de preconceito”, explica.
AMOR
O cantor, compositor e guitarrista diz que seu clipe fala de homofobia e racismo, mas tamb�m de amor. “Estamos precisando de mais amor”, defende. A letra de “Duas pessoas” diz assim: “Ele gosta de homem, o que � que tem?/ Ela gosta de mulher, o que � que tem?/ Cada um cuida de si, do seu amor, do seu carinho/ Cada um cuida de si, do seu humor, do seu cantinho”.
Empres�rio do ramo de panifica��o, Aldrin se divide entre a m�sica e o trabalho na padaria da fam�lia, no Centro de Belo Horizonte. “Com a pandemia, est� muito dif�cil para n�s, artistas. Temos de atacar em outras frentes, inclusive para conseguir recursos para investir em nossa arte”, comenta.
"N�o fiz a can��o por motivos pol�ticos nem para o movimento LGBTQIA. Fiz, sim, um desabafo contra todos os tipos de preconceito"
Aldrin Gandra, m�sico
Foi na Bagueteria Francesa que Aldrin Gandra conheceu o videoartista Eder Santos, o produtor Andr� Hallak e Bar�o Fonseca, diretores da Trem Chic, produtora de cinema de BH. Numa conversa com Hallak, falou de sua nova can��o. “Eles gostaram muito, principalmente porque ela trata de tema t�o atual. Compraram a ideia, cobraram um valor simb�lico, pois fizeram o clipe pelo tema, n�o pelo dinheiro. Foi uma honra trabalhar com essas pessoas t�o competentes”, diz.
Os participantes do clipe “Duas pessoas”, dirigido por Fonseca, se movimentam sem parar, como se rompessem as barreiras do preconceito. “� muito colorido, bonito de ver. Chamamos v�rios artistas da cena mineira. Todos eles volunt�rios, n�o quiseram cobrar cach�”, conta. L� est�o Ana Lu�za, Bel Lima, Claudio Dias, Ed Marte, Marcelo Veronez, Michelle Castro, P�mela Rocha e Tulio Dayrell, entre muitos outros.
Assista:
REFLEX�O
Gandra comemora a receptividade do v�deo. “As visualiza��es j� passam de 50 mil. Bruno Gouveia, vocalista do Biqu�ni Cavad�o, ligou para me cumprimentar”, diz.
“Quadrado azul” (2011), primeiro disco autoral dele, tamb�m abordava temas sociais. “A faixa-t�tulo � uma reflex�o sobre viol�ncia, abusos de todos os n�veis e inconsci�ncia ecol�gica”, comenta.
M�sica n�o se limita a entretenimento, tem “efeito multiplicador”, defende o compositor. “Mostro temas do cotidiano e das rela��es interpessoais, com letras embasadas em minha forma��o em psicologia.” Em 2018, ele lan�ou “Acabar com a guerra”, cuja letra questiona o exterm�nio de civis e crian�as.
Aldrin Gandra tem 48 anos, estudou na escola de m�sica da Funda��o Cl�vis Salgado, participou da Orquestra de Viol�es do Pal�cio das Artes e atualmente produz o pr�prio trabalho. Participou de v�rias bandas de MPB, rock e blues mineiras, entre elas a Merlin.
Admirador de Cazuza, Queen, Fred Mercury e dos roqueiros dos anos 1980, ele tamb�m � f� do paulista Itamar Assump��o (“um transgressor”, diz), de Caetano Veloso e do Clube da Esquina. “Sou fruto da mistura de MPB com rock”, conclui.
“AZUL E ROSA”
“Ele usa cor-de-rosa/ e o que � que tem?
Ela usa azul-calcinha/ e o que � que tem?
Cada um cuida de si/ de sua voz/ de sua verdade
Cada um cuida de si/ de sua cor/ de sua vaidade
Cada um cuida de si/ de seu valor/ de sua identidade”
. Trecho da can��o “Duas pessoas”
“DUAS PESSOAS”
De Aldrin Gandra
Clipe dirigido por Bar�o Fonseca, dispon�vel no YouTube