As enciclop�dias parecem ter perdido a relev�ncia nesta �poca em que tudo pode ser encontrado em um buscador da web, bastando digitar sobre o que se quer saber. No entanto, a escritora, professora e ensa�sta Maria Esther Maciel demonstra que esse tipo de livro tem valor inestim�vel para que possamos conhecer as coisas.
Em “Pequena enciclop�dia de seres comuns” (Todavia), a ficcionista demonstra que o conhecimento n�o vem apenas da forma objetiva do mundo. Tal qual as enciclop�dias permitiam, � preciso parar para uma leitura mais atenta caso se queira, de verdade, conhecer algo.
O novo livro de Maria Esther ser� lan�ado nesta ter�a-feira (25/5), em live da autora com as presen�as da ilustradora Julia Panad�s e do jornalista Roberto Kaz. A media��o ser� de Jos�lia Aguiar. A transmiss�o ocorrer� �s 18h30, no canal da Todavia no YouTube, Facebook e Twitter.
SENTIDOS
Fazendo refer�ncia a antigos manuais naturalistas, a enciclop�dia proposta por Maria Esther avan�a para o terreno po�tico, quando n�o se limita a apresentar os seres no que eles t�m de imanente. Para al�m da ordem concreta da exist�ncia, o ser � tamb�m resultante dos sentidos atribu�dos a ele. Esse movimento de nomear para que outros possam conhecer as coisas requer uma dose de inven��o de quem descreve, o que n�o falta a Maria Esther.
Escrito no per�odo de isolamento social imposto pela pandemia, o livro est� organizado em verbetes. S�o apresentados 76 seres dos reinos animal e vegetal.
“Tinha o projeto de anos atr�s, quando comecei a pesquisa sobre animais, de fazer algo nessa linha, uma esp�cie de animal�rio, com verbetes. Mas dadas as circunst�ncias, fiquei um temp�o sem poder escrever em decorr�ncia de algumas adversidades. Suspendi o projeto. No in�cio da pandemia, vasculhando algumas coisas, encontrei as anota��es”, revela.
A escritora demonstra que o mundo � inven��o, por mais que nos pare�a concreto. Ent�o, os seres por ela apresentados nos convocam a pensar se s�o reais ou imagin�rios. O brevi�rio se completa com os desenhos da ilustradora Julia Panad�s.
Maria Esther exibe o resultado da pesquisa que realiza h� algum tempo sobre a rela��o entre os animais e a literatura. Fascinada pela onom�stica, voltou-se para os seres que receberam nomes pr�prios de pessoas. Escolheu os dois mais comuns para iniciar a busca, Maria e Jos�. Depois, identificou v�rios com os nomes de vi�va ou viuvinha. Outro campo de seu interesse s�o os seres h�bridos.
A autora chegou a quatro grandes grupos: as Marias, os Jo�es, as vi�vas e viuvinhas e os h�bridos. O leitor, ent�o, poder� saber um pouco mais sobre a maria-boba, “uma borboleta colorida com listra de tigre” que “se destaca pela beleza da sua pupa”. Tamb�m vai conhecer o jo�o-mole, “esp�cie arb�rea de belo porte, tem tronco de casca grossa e folhas glabras das duas faces”.
No grupo das vi�vas, h� a vi�va-negra, “tecel� primorosa, procura urdir suas teias em lugares g�lidos e sombrios”. Quem n�o se encantou com o cavalo-marinho, “um peixe equ�voco, pois se parece mais com um crust�ceo de tra�os equinos?”.
OLHAR
No entanto, Maria Esther n�o queria falar de seres fant�sticos daquela forma como os h�bridos aparecem na literatura. Ela se dedicou a seres comuns, o que demonstra o quanto um olhar atento para o mundo pode surpreender.
Os bichos fascinam a autora mineira h� um bom tempo. Ela tamb�m � autora de “Literatura e animalidade” (Record), em que apresenta essa rela��o a partir de fil�sofos (Jacques Derrida, Gilles Deleuze e Giorgio Agamben) e escritores (Franz Kafka, Jorge Luis Borges, J. M. Coetzee); de “Pensar/escrever o animal: Ensaios de zoopo�tica e biopol�tica” (2010); “O animal escrito – Um olhar sobre a zooliteratura contempor�nea” (Lumme, 2008) e “Pensar/escrever o animal: Ensaios de zoopo�tica e biopol�tica” (Editora da UFSC, 2011).
“PEQUENA ENCICLOP�DIA DE SERES COMUNS”
De Maria Esther Maciel
Ilustra��es de Julia Panad�s
Editora Todavia
R$ 45,52
Live nesta ter�a-feira (25/5), �s 18h30, nos canais da editora Todavia no YouTube, Facebook e Twitter