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Estado de Minas CINEMA

Festival de Cannes revela hoje os vencedores de edi��o 'pand�mica'

Spike Lee, que preside o j�ri, acenou com resultado de teor pol�tico. H� 24 longas disputando a Palma de Ouro, quatro deles dirigidos por mulheres


17/07/2021 04:00 - atualizado 17/07/2021 11:06

Spike Lee chega para a sessão oficial de
Spike Lee chega para a sess�o oficial de "The french dispatch", na segunda passada. Filme se tornou queridinho da cr�tica. Diretor norte-americano preside o j�ri, que tem o brasileiro Kleber Mendon�a Filho como integrante (foto: CHRISTOPHE SIMON/AFP )

O Festival de Cannes, na Fran�a, chega neste s�bado (17/07) ao fim de sua 74ª edi��o, aquela em que o mais badalado e prestigioso festival de cinema do mundo buscou mostrar que, apesar da pandemia, a ind�stria cinematogr�fica sobrevive. 

Depois da edi��o mais recente, em 2019 (no ano passado, o festival foi cancelado em virtude da pandemia do novo coronav�rus), que abriu caminho para que “Parasita”, de Bong Joon Ho, se tornasse uma for�a global de p�blico e cr�tica, o resultado de hoje poder� (ou n�o) ratificar o caminho da renova��o, t�o necess�rio nestes tempos.

A premia��o, a partir das 19h15 (14h15 no hor�rio de Bras�lia, com transmiss�o pelo canal do YouTube do festival), poder� ter brasileiros. Entre os curtas-metragens, que fique claro, j� que nenhum longa nacional foi selecionado para a disputa principal do evento. O curta paulista “C�u de agosto”, de Jasmin Tenucci, e o potiguar “Sideral”, de Carlos Segundo, competem pela Palma de Ouro

Na quinta-feira (15/07), o curta “Cantareira”, do paulista Rodrigo Ribeyro, ficou em terceiro lugar na mostra Cin�fondation, dedicada a estudantes de cinema. “A representatividade desse pr�mio � o que mais importa, principalmente em se tratando de uma competi��o entre filmes majoritariamente europeus ou oriundos de outros pa�ses desenvolvidos”, disse ele.

A hist�ria, ficcional, tem rela��o com a pr�pria viv�ncia do diretor. Ribeyro, assim como Bento, seu personagem, deixou a Serra da Cantareira para estudar e trabalhar em S�o Paulo. Pronto h� um ano, o curta foi enviado para alguns festivais brasileiros, sem sucesso. Cannes foi sua primeira sele��o.

Entre os longas da competi��o oficial pela Palma de Ouro, s� h� uma certeza: a imprevisibilidade da decis�o do j�ri, presidido pelo cineasta Spike Lee. Ele sinalizou, no entanto, que as escolhas dever�o ter uma forte carga pol�tica. 

Vinte e quatro t�tulos est�o na corrida. At� este ponto, h� alguns sinais, que poder�o ter sido (ou n�o) observados pelos jurados. “A cr�nica francesa”, do cineasta americano Wes Anderson, que homenageia o jornalismo, tornou-se um queridinho da cr�tica.

Foi aplaudid�ssimo ap�s sua exibi��o oficial,que reuniu um elenco de luxo – Bill Murray, Tilda Swinton, Adrien Brody, Owen Wilson, Timoth�e Chalamet e Benicio del Toro. A atriz L�a Seydoux, que testou positivo para a COVID-19, n�o foi ao festival (sua aus�ncia foi mais do que sentida, j� que ela est� em outros tr�s filmes exibidos em Cannes). O longa tem a est�tica melanc�lica e sofisticada que caracteriza a obra de Anderson. � composto por quatro cap�tulos e se passa em uma cidade francesa fict�cia, em meados do s�culo 20.

Outro filme bem cotado � “Mem�ria”. Filmado na Col�mbia, coproduzido pelo M�xico, protagonizado pela brit�nica Tilda Swinton e dirigido pelo tailand�s Apichatpong Weerasethakul, Palma de Ouro em 2010 por "Tio Boonmee, que pode recordar suas vidas passadas".

� o primeiro t�tulo do cineasta rodado fora da Tail�ndia, em ingl�s e espanhol. A hist�ria se concentra em uma cultivadora de orqu�deas que visita sua irm� doente em Bogot�. Alguns sons estranhos, como estrondos, que apenas ela escuta, impedem-na de descansar. Come�a, ent�o, uma busca para encontrar a origem do fen�meno misterioso.

A cr�tica especializada tamb�m se encantou com o finland�s “Compartment nº 6”, de Juho Kuosmanen, que acompanha a hist�ria uma estudante finlandesa e um mineiro russo que dividem uma cabine de segunda classe durante uma longa viagem de trem, logo ap�s o fim da Uni�o Sovi�tica. 

A diretora francesa Julia Ducournau e o elenco de
A diretora francesa Julia Ducournau e o elenco de "Titane" antes da sess�o oficial do filme, que conquistou a cr�tica e dividiu o p�blico do festival (foto: John MACDOUGALL/AFP )


Iraniano no p�reo


Figura recorrente em Cannes, o iraniano Asghar Farhadi est� na disputa com “A hero”, que vem sendo apontado como seu melhor filme desde seu reconhecimento no mercado internacional com “A separa��o” (2011, Oscar de melhor filme estrangeiro). Na hist�ria, um homem descobre uma bolsa de dinheiro que o leva a uma s�rie de complica��es e dilemas morais.

Quatro dos 24 longas na disputa principal s�o dirigidos por mulheres. O mais ruidoso deles foi “Titane”, da francesa Julia Ducournau. Filme-sensa��o do festival, foi recebido com entusiasmo pela cr�tica, que gostou de sua estranheza. O p�blico dividiu-se. Durante a primeira sess�o do filme, cerca de 20 espectadores se sentiram mal e sa�ram da sala. Definida como chocante e imprevis�vel, a narrativa segue uma jovem serial killer que se sente atra�da por carros depois de ter um metal inserido em sua cabe�a quando crian�a.

O curta-metragem
O curta-metragem "Cantareira", do paulista Rodrigo Ribeyro, ficou em terceiro lugar na mostra Cin�fondation, dedicada a estudantes de cinema (foto: Cachorro sens�vel filmes/Divulga��o )

Brasileiros protestam na Croisette

J� s�o cinco anos desde que a equipe de “Aquarius” fez um protesto pol�tico no tapete vermelho do Festival de Cannes. Naquele ano, 2016, concorrendo � Palma de Ouro, o cineasta Kleber Mendon�a Filho, a atriz Sonia Braga e outros integrantes da equipe do longa denunciaram “um golpe” em curso no Brasil, referindo-se ao processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Desde ent�o, manifesta��es pol�ticas t�m marcado a participa��o brasileira em festivais. Todas elas fazem men��o � ascens�o ao poder de Jair Bolsonaro e ao impacto de sua gest�o no setor cultural, com o desmantelamento da Ag�ncia Nacional do Cinema (Ancine) e o esvaziamento da Cinemateca Brasileira. Isso tudo antes da pandemia, que s� tornou o cen�rio brasileiro mais sombrio. 

Cannes, como primeiro e maior palco cinematogr�fico desde o in�cio da crise sanit�ria, assistiu a diferentes manifesta��es de equipes brasileiras. A primeira delas foi na sexta retrasada (9/07), ap�s a sess�o de “O marinheiro das montanhas”, de Karim A�nouz. No final da exibi��o, os brasileiros que estavam no festival exibiram uma faixa vermelha com os dizeres “Brasil: 530 mil mortos. Fora, g�ngster genocida”.

Dois dias mais tarde, a equipe de "Medusa", que participa da Quinzena dos Realizadores, se��o paralela dedicada a novos realizadores, exibiu para a imprensa no tapete vermelho a seguinte mensagem, em ingl�s: "533 mil morreram no Brasil de uma doen�a para a qual j� existe vacina”. � o segundo longa da carioca Anita Rocha da Silveira e foi criado a partir dos acontecimentos no Brasil p�s-2015. 

A cineasta, que usou em Cannes camiseta com a frase “Vacina sim; ele n�o”, deu in�cio ao projeto ao perceber a crescente onda de conservadorismo que chegou ao pa�s. Sua protagonista � uma jovem de uma igreja neopentecostal da qual � exigida uma “perfei��o”, custe o que custar.

O filme sai de Cannes com uma grande vit�ria. “Medusa” foi comprado pela distribuidora francesa Wayna Pitch, que dever� lan��-lo com um n�mero entre 100 e 150 c�pias, tendo o p�blico jovem como alvo.

Os filmes de Anita e A�nouz (este fora de competi��o) foram os �nicos longas brasileiros selecionados para Cannes. � uma participa��o t�mida, levando-se em conta a presen�a brasileira em grandes festivais internacionais h� meros cinco anos, conforme comentou Kleber Mendon�a Filho, que integrou o j�ri oficial do festival. 

“Quando, em 2019, tivemos aqui ‘Bacurau’ e a ‘A vida invis�vel’ e no Festival de Berlim tivemos 18 filmes, estava muito claro que essa pol�tica de apoio ao cinema brasileiro finalmente mostrava os frutos. � ir�nico que a sabotagem come�ou no cl�max de um bom momento.”

UM CERTO OLHAR
PREMIA RUSSO

O longa russo “Razzhimaya Kulaki" (Punhos cerrados), de Kira Kovalenko, venceu a mostra Um Certo Olhar. O resultado foi anunciado nessa sexta-feira (16/07). O filme aborda a tentativa de uma jovem de escapar de sua fam�lia e de sua cidade, marcada pela minera��o. O j�ri presidido pela diretora brit�nica Andrea Arnold destacou a “bravura” dos longas em disputa e afirmou que eles suscitaram “vigorosos debates”.


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