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Estado de Minas FESTIVAL DE CANNES

Apichatpong Weerasethakul leva pr�mio com longa filmado na Col�mbia

Em 'Mem�ria', tailand�s conta a hist�ria de uma mulher que ouve estranhos ru�dos depois de ficar vi�va. Ecos do passado s�o um tema que fascina o cineasta


19/07/2021 04:00 - atualizado 19/07/2021 07:06

O tailandês Apichatpong Weerasethakul com o Prêmio do Júri que recebeu no Festival de Cannes por ''Memória''. Longa marca a primeira vez em que ele filmou na América Latina e em espanhol(foto: CHRISTOPHE SIMON/AFP)
O tailand�s Apichatpong Weerasethakul com o Pr�mio do J�ri que recebeu no Festival de Cannes por ''Mem�ria''. Longa marca a primeira vez em que ele filmou na Am�rica Latina e em espanhol (foto: CHRISTOPHE SIMON/AFP)

Na �ltima vez que tinha estado no Festival de Cannes, com “Cemit�rio do Esplendor”, Apichatpong Weerasethakul participou da mostra Um Certo Olhar. Isso depois de ganhar o pr�mio do j�ri com “Mal dos tr�picos” (2004) e a Palma de Ouro com “Tio Boonmee, que pode recordar suas vidas passadas” (2010). 

Em 2001, ele voltou � disputa principal com "Mem�ria'', que dividiu o Pr�mio do J�ri com “Ahed’s knee”, do israelense Nadav Lapid. Apichatpong Weerasethakul, que n�o se incomoda de ser chamado pelo apelido Joe, � um dos cineastas de mais personalidade no cinema mundial. Seus filmes s�o �nicos, um am�lgama de refer�ncias pop de sua inf�ncia e da viv�ncia no Norte da Tail�ndia, onde cresceu; da espiritualidade local; dos ecos do passado no presente. 

Pela primeira vez, ele transfere sua sensibilidade para outra l�ngua - o ingl�s e o espanhol - e outro pa�s, a Col�mbia. "Eu diria que foi um feliz acidente", disse Weerasethakul. "Sempre tive muita curiosidade pela cultura latino-americana e tive chance de estar l�. Me apaixonei pela paisagem, pelas pessoas e pela dan�a. Sou um p�ssimo dan�arino. Ver as pessoas dan�ando na Col�mbia foi fant�stico. Era como se estivesse testemunhando algo pelo qual estava procurando. N�o sei explicar. Comecei a escrever e a incorporar essas coisas, sob o ponto de vista de um observador."

Desde menino, ele se encantava com as hist�rias de aventuras pelas florestas da Am�rica Latina atr�s de tesouros fant�sticos, cheias de realismo m�gico, de um estado entre a realidade e os sonhos. "‘Mem�ria’ existe entre essas duas esferas. H� esse eco na minha consci�ncia, mesmo quando fa�o meus filmes na Tail�ndia", afirma. "A magia e o mist�rio da selva e das sombras, da escurid�o, tudo isso est� presente no meu cinema."

SENTIMENTOS

Quando est� filmando, o cineasta n�o sabe do que o filme trata. "Fa�o como um jeito de entender esses sentimentos dentro de mim", disse. "No caso, como me sentia com o peso desse pa�s, mas tamb�m sua leveza." O t�tulo "Mem�ria'' veio de visitas a cemit�rios que continham a palavra. "Uma mem�ria � uma mem�ria, claro, mas para os colombianos tamb�m est� ligado a uma mem�ria pol�tica", observa o diretor. "Achei que cabia perfeitamente, porque n�o falava apenas de mem�ria, mas de mem�ria da viol�ncia, do trauma."

Na sinopse, “Mem�ria”, uma coprodu��o Col�mbia, Tail�ndia, Reino Unido, M�xico, Fran�a, � a hist�ria de uma mulher, Jessica (Tilda Swinton), que n�o consegue dormir desde que se assustou com um estrondo ao amanhecer. Tiro, bomba ou coisa da sua cabe�a? Ela est� em Bogot� para visitar sua irm� e l� conhece Agnes (Jeanne Balibar), arque�loga que estuda restos mortais encontrados na constru��o de um t�nel. Jessica viaja com Agnes ao lugar da escava��o e conhece um peixeiro, Hernan (Elkin Diaz), com quem troca mem�rias. 
"O filme � sobre essa mulher que acaba de perder o marido e tenta se reencontrar, reencontrar o pa�s. Ent�o, h� uma tentativa de sincroniza��o com a mem�ria pessoal e a social." Para o diretor, somos produto do que veio antes. O passado est� em n�s. "E n�o apenas individualmente, mas coletivamente tamb�m. "Passamos para a pr�xima gera��o o que veio da anterior, e n�o apenas de humanos, mas animais, paisagens. O filme fala disso, dessa vibra��o, desses ecos, que afetam Jessica."

Ele tenta n�o comparar a Col�mbia com a Tail�ndia, mas v� semelhan�as. "Temos problemas diferentes, mas o mesmo tipo de viol�ncia e de falta de responsabiliza��o. Ningu�m � respons�vel pelos assassinatos", diz. Tamb�m viu uma certa reserva dos colombianos que � semelhante � dos tailandeses. "Acho que tem a ver com uma certa cortesia. Voc� precisa conhecer as pessoas para elas se abrirem. Ent�o, fazer um filme, para mim, foi como uma desculpa para conhecer pessoas. Eu me sinto muito privilegiado."

A experi�ncia de fazer “Mem�ria”, combinada � pandemia que se seguiu � filmagem, mostrou a Weerasethakul a fragilidade do mundo e a falta de sentido das divisas entre pa�ses. "Sinto que meus pr�ximos projetos e mesmo minha vida t�m a ver com viajar e n�o tratar outros pa�ses como diferentes, e sim como se n�o houvesse fronteiras. Esse � o tipo de ideia que gostaria de buscar." Uma volta � Am�rica Latina n�o est� descartada. S� que, primeiro, ele quer aprender a falar espanhol. (Ag�ncia Estado)


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