Quando se fala na cultura do Vale do Jequitinhonha , o que primeiro vem � mente s�o as cer�micas, as pinturas e os bordados t�o caracter�sticos da regi�o . Pois na exposi��o “Desde o ch�o do Jequitinhonha”, com abertura nesta quinta-feira (25/08), no Centro de Arte Popular, no Circuito Liberdade, a cria��o d� lugar ao criador.
A mostra re�ne imagens e objetos do
fot�grafo
e colecionador
Lori Figueir�
que retratam o que ele considera o bem mais precioso do Jequitinhonha: as pessoas e suas hist�rias. � o
artista
– e n�o apenas sua obra – que est� no
foco
das imagens.
O curador da exposi��o, Rafael Perp�tuo, considera que essa op��o feita por Figueir� � que confere ao conjunto de fotografias um car�ter especial, na medida em que foge do lugar-comum. “Ele evita o clich�, ao tirar o foco da arte que � produzida no Jequitinhonha e direcionar o olhar para as pessoas”, diz.
“Suas fotografias tamb�m recusam a ideia de um Vale do Jequitinhonha pobre. O que se v� � uma riqueza da natureza, das pessoas, do conhecimento e dos saberes daquela regi�o. S�o as pessoas na sua simplicidade de vida, mas longe dessa imagem de pobreza, porque ali, na verdade, tem � muita riqueza”, complementa.
Perp�tuo chama a aten��o tamb�m para o fato de que as mulheres predominam no conjunto em exposi��o e destaca que Figueir� j� lan�ou um livro dedicado exclusivamente �s artistas do Vale. S�o s�mbolos da resist�ncia, as matriarcas e filhas que preservam as tradi��es da regi�o, que sustentam as fam�lias enquanto os homens est�o na lavoura ou na cidade grande.
Com uma se��o da mostra dedicada �s mulheres em seu labor, o curador considera que s�o elas que levam o conhecimento aos mais novos e tentam perpetuar o fazer da arte popular local, em sua rela��o com o que t�m � m�o para produzir, constituindo-se, assim, como s�mbolos da preserva��o da mem�ria coletiva.
OF�CIO
A variedade, segundo Perp�tuo, tamb�m � uma marca da exposi��o. “Tem uma gama enorme de imagens, s�o aproximadamente 50 registros dessas pessoas, desses artistas, muitos deles no exerc�cio de seu of�cio, criando a cer�mica, o bordado. A mostra tamb�m tem v�rios objetos – bonecas do Vale, bordados, cer�mica –, que s�o da cole��o do Lori, que ele adquiriu com essas pessoas de quem tirou fotos”, aponta.
O curador destaca, a prop�sito, a estreita rela��o que Figueir� mant�m, h� anos, com o povo do Jequitinhonha, e que se reflete, por exemplo, na ONG Memorial do Vale, criada pelo fot�grafo.
“O Lori � nascido em Diamantina, que � a porta de entrada do Vale. Ele criou essa ONG, que tem como objetivo a preserva��o e a difus�o das obras dos artistas que produzem no Vale. Muitas das exposi��es, dos movimentos e dos eventos que acontecem em torno da cultura do Jequitinhonha s�o viabilizados atrav�s do Memorial do Vale. Ele tem esse trabalho importante de preserva��o da mem�ria. O sonho de Lori � transformar essa ONG em um museu futuramente. Ele j� tem um acervo grande l�, e uma pequena parte est� aqui, nessa exposi��o”, ressalta Perp�tuo.
Cada imagem que comp�e “Desde o ch�o do Jequitinhonha” n�o � somente a fotografia do retratado, mas sim sua pr�pria hist�ria, que Figueir� conta dando nome �s pessoas, aos povoados e �s suas origens, conforme aponta Perp�tuo.
“N�o h� imagens em v�o”, diz. O interesse do fot�grafo, segundo diz, n�o � somente a visualidade das fotografias; ele tem por inten��o preservar a imagem das pessoas como a micro-hist�ria do Vale do Jequitinhonha, a mem�ria da regi�o por meio da vida de cada um.
As fotografias apresentadas na exposi��o s�o produzidas em composi��es constru�das por Figueir�, nas quais o plano de fundo contrasta com as figuras em primeiro plano, quase sempre em uma postura ereta ou no momento da cria��o. Perp�tuo salienta que, por meio de cenas triviais, o fot�grafo capta, de forma exemplar, o cotidiano, a simplicidade e a grandeza das pessoas da regi�o. “A inten��o dos registros de Lori � mostrar que elas, as pessoas, s�o a ess�ncia do Vale do Jequitinhonha”, diz.
“DESDE O CH�O DO JEQUITINHONHA”
Exposi��o de fotografias de Lori Figueir�. Desta quinta (28/08) a 7/11. Sala de exposi��es tempor�rias do Centro de Arte Popular (Rua Gon�alves Dias, 1.608, Lourdes). De ter�a a sexta, das 12h �s 19h; s�bados e domingos, das 11h �s 17h.
Entrada franca.