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Estado de Minas Reinven��o de nossas tradi��es

Arte popular d� li��es de resist�ncia � crise em Minas

Of�cios antigos no estado reconhecidos pela identidade cultural, gera��o de emprego e renda driblam efeitos da pandemia e se recuperam, como mostra s�rie do EM


22/08/2021 04:00 - atualizado 22/08/2021 07:59

Patrimônio cultural de Minas, arte em barro do Jequitinhonha teve coleções encomendadas por redes do varejo e ganhou visibilidade na TV(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Patrim�nio cultural de Minas, arte em barro do Jequitinhonha teve cole��es encomendadas por redes do varejo e ganhou visibilidade na TV (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
A retomada do turismo, feiras e eventos cerca de um ano e meio ap�s os primeiros diagn�sticos de COVID-19 no Brasil renova o �nimo nas oficinas do rico e diversificado artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha, patrim�nio cultural de Minas Gerais reconhecido pelo Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico (Iepha).


Enraizada no cotidiano das comunidades que vivem no Alto, M�dio e Baixo Jequitinhonha, a atividade conta com o talento e a criatividade de gera��es de ceramistas para enfrentar as dificuldades e o baque nas vendas.

O necess�rio isolamento social para conter o coronav�rus afetou o com�rcio dessa arte por per�odos longos de quarentena, mas artes�s de Coqueiro Campo, na cidade de Minas Novas, e Campo Alegre, em Turmalina, encontraram alternativa. Elas se dedicaram a cole��es formadas por milhares de pe�as utilit�rias e decorativas encomendadas pelas grandes redes de varejo Tok&Stok e Camicado.

 N�o faltaram esperan�a e vida ao trabalho que transforma barro em bonecas, panelas, vasos, borboletas e flores, de formas e cores variadas, segundo a presidente da Rede de Artesanato do Vale do Jequitinhonha, Maria do Carmo Barbosa Sousa.

“Temos uma hist�ria bonita, de evolu��o”, define Maria do Carmo. Contribuiu ainda para manter a produ��o, – que al�m de fazer parte de uma identidade mineira gera emprego e renda –, o ganho de visibilidade das pe�as. Em plena pandemia, flores de barro modeladas no Jequitinhonha decoraram um dos ambientes da casa do “Big brother Brasil”, da TV Globo.
Atuando há 24 anos nos teares de Resende Costa, Divonei dos Reis participa de estratégias renovadas, como vendas on-line e representação(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Atuando h� 24 anos nos teares de Resende Costa, Divonei dos Reis participa de estrat�gias renovadas, como vendas on-line e representa��o (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)

Na por��o meridional da Serra do Espinha�o, nos munic�pios de Diamantina, Presidente Kubitschek e Buen�polis, a coleta das flores sempre-vivas, tradi��o centen�ria, e o artesanato feito com essa planta nativa ensaiam recupera��o com iniciativas importantes para valoriza��o desses trabalhos, como destaca Maria de F�tima Alves, uma das coordenadoras da Comiss�o de Defesa dos Direitos das Comunidades Extrativistas (Codecex). “As comunidades se valeram da sua hist�rica resili�ncia em per�odos de crise”, afirma.

O design de artesanato voltado ao turismo e ao consumo regional se junta � busca de parceria com escolas para cria��o de pe�as e produtos, e o surgimento das feiras virtuais. O reconhecimento, no ano passado, do Sistema Agr�cola Tradicional de Apanhadores (as) de Flores Sempre-vivas como patrim�nio agr�cola mundial pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Alimenta��o a e Agricultura (FAO/ONU) amenizou a crise nas vendas.
Novos modelos explorando a beleza das flores nativas, como as sempre-vivas, e as artesanais ajudam na recuperação das vendas(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Novos modelos explorando a beleza das flores nativas, como as sempre-vivas, e as artesanais ajudam na recupera��o das vendas (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Hist�rias de supera��o e reformula��o do com�rcio de produtos artesanais sem comprometer a originalidade de of�cios antigos e ligados � cultura e ao patrim�nio em Minas s�o tamb�m relatadas em outros polos que deram fama e identidade a essa arte, ao mesmo tempo uma cadeia produtiva do estado.

� o que vai mostrar esta segunda parte da s�rie de reportagens “Reinven��o das nossas tradi��es”, do Estado de Minas. H� poucas estimativas sobre a import�ncia da arte popular para a economia. Os dados dispon�veis indicam entre 300 mil e meio milh�o de artes�os atuando numa cadeia produtiva que pode movimentar mais de R$ 2 bilh�es por ano.

Aliar o talento de novas cole��es � capacidade de manejar as vendas digitais ocupou parte da rotina das bordadeiras de Caet�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. “Da noite para o dia, tivemos que aprender a mexer com a internet, com a plataforma Zoom, enfim, aprender as novas tecnologias”, conta, bem-humorada, L�da das Gra�as Costa Ferreira, integrante da rec�m-criada Associa��o das Bordadeiras e Artes�os de Caet�.
Dificuldades e incerteza ainda persistem na produção das famosas panelas e esculturas em pedra-sabão de Outro Preto, Mariana e Congonhas(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press %u2013 21/5/21)
Dificuldades e incerteza ainda persistem na produ��o das famosas panelas e esculturas em pedra-sab�o de Outro Preto, Mariana e Congonhas (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press %u2013 21/5/21)

Em Barra Longa, na Zona da Mata mineira, os bordados de duas dezenas de mulheres dedicadas �s agulhas e linhas foram usados pelo estilista Ronaldo Fraga em desfile na badalada S�o Paulo Fashion Week. “Foi muito bom, nos ajudou muito, deu visibilidade e fortaleceu nosso trabalho, que � diferenciado”, diz Ana Maria Pereira, presidente da associa��o local de artes�s, grupo que ainda n�o se recuperou dos efeitos do rompimento da barragem da Mina do Fund�o, da Vale, em Mariana, na Regi�o Central de Minas.

H� registros da atividade do bordado em 714 munic�pios mineiros e outras 44 cidades produzem artesanato em renda. S�o of�cios que alcan�am quase 89% do estado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

Trabalhos das bordadeiras de Caeté ganharam valor em coleção do estilista Ronaldo Fraga e buscaram clientes pelas redes sociais(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press )
Trabalhos das bordadeiras de Caet� ganharam valor em cole��o do estilista Ronaldo Fraga e buscaram clientes pelas redes sociais (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press )
Renova��o

 Com 200 anos de hist�ria da tecelagem artesanal, Resende Costa, na regi�o do Campos das Vertentes, tamb�m experimenta novos caminhos para as vendas e amplia mercados para a produ��o que transformou a cidade, neste ano, na Capital Mineira do Artesanato T�xtil. O com�rcio on-line e a atra��o de novos clientes pelos atacadistas s�o algumas das sa�das encontradas nesses novos tempos da atividade.

Experiente na produ��o e dona de uma das 80 lojas instaladas no munic�pio, Andr�ia da Silva Resende Santos acredita ter vencido a turbul�ncia, ap�s ter recontratado os quatro trabalhadores que demitiu no ano passado e ter aberto mais tr�s vagas. “Antes da pandemia, tinha apenas um celular, agora tenho quatro, pois h� muitos pedidos. Se n�o for assim, n�o dou conta de atender todo mundo,”diz.

As vendas digitas t�m sido fundamentais na recupera��o do neg�cio do artesanato, um dos segmentos da chamada economia criativa que mais sofreram os efeitos da pandemia de COVID-19, de acordo com Amanda Guimar�es, analista do Servi�o de Apoio �s Micro e Pequenas Empresas (Se- brae) de Minas Gerais. Pesquisa realizada pela institui��o, de 27 de maio a 1º de junho �ltimo, mostrou que os pequenos neg�cios enfrentaram queda de 77% do faturamento quando comparado a um m�s de comercializa��o considerada normal.

“O com�rcio digital veio para somar, refor�ar a divulga��o dos produtos artesanais, mas n�o exclui o modelo presencial e nem o substitui”, afirma Amanda Guimar�es. O Sebrae Minas tem apoiado o setor com oferta de cursos de capacita��o digital, de marketing e vendas. As feiras virtuais t�m ajudado os artes�os, mas nunca ser�o a principal via de com�rcio do setor, como observa T�nia Machado, que comanda a organiza��o n�o governamental Instituto Centro Cape, respons�vel pela organiza��o da tradicional Feira Nacional de Artesanato (FNA).

“O consumidor tem de se identificar com o produto, conhecer a sua hist�ria e se emocionar. Isso se d� por meio das feiras, dos eventos e do turismo”, enfatiza. A 32ª edi��o da FNA ser� realizada, com protocolos sanit�rios e vers�o on-line, de 7 a 12 dezembro no Centro de Conven��es Expominas, em BH.

A força e o encanto do artesanato em madeira de Prados mantiveram a demanda por esculturas de artesãos como João Tiago da Silva(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press )
A for�a e o encanto do artesanato em madeira de Prados mantiveram a demanda por esculturas de artes�os como Jo�o Tiago da Silva (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press )
Encomendas 

Conhecidos pela expressividade do artesanato em madeira de Minas Gerais, na Vila Carassa, em Prados, e no distrito Vitoriano Veloso, chamado de Bichinho, esculturas de animais, imagens de santos, orat�rios, objetos utilit�rios e pe�as decorativas voltaram a receber admiradores, com o retorno do turismo. Cerca de 3 mil pessoas, 30% dos moradores, est�o ligadas direta e indiretamente � atividade criativa.

� reportagem do EM, que recebeu em seu ateli�, o artes�o Jo�o Juli�o, sobrenome que ganhou fama nessa arte, diz ter passado pelos piores momentos da pandemia de COVID-19 sem parar de trabalhar. “N�o tive folga e tenho encomendas para os pr�ximos quatro meses. Vendi muito, principalmente, para S�o Paulo”, afirma.

Ainda enfrentando as perdas com o sumi�o dos turistas, os produtores das panelas e esculturas em pedra-sab�o dos munic�pios hist�ricos de Congonhas, Mariana e Ouro Preto vivem incerteza. Na Cidade dos Profetas, o artes�o Ant�nio Nascimento, de 72 anos, tem trabalhado para atender a encomendas, em ritmo lento, mas de recupera��o. Em assist�ncia aos artes�os de Cachoeira do Brumado, a Prefeitura de Mariana vai pagar o frete do transporte de mat�ria-prima buscada em Santa B�rbara e assumir� a limpeza dos locais de produ��o, que geram muitos res�duos.


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