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Estado de Minas Reinven��o das nossas tradi��es

Com venda on-line, fama dos queijos artesanais de Minas viaja pela internet

Com a renova��o da estrat�gia de comercializa��o da iguaria t�pica do estado, as redes sociais ajudam os produtores a vencer desafios da crise sanit�ria


28/07/2021 04:00 - atualizado 28/07/2021 07:48

Com recurso amplo da divulgação e dos contatos pela internet, escoamento foi retomado pelas queijarias, embora turismo fraco afete o negócio
Com recurso amplo da divulga��o e dos contatos pela internet, escoamento foi retomado pelas queijarias, embora turismo fraco afete o neg�cio (foto: Aprocan/Divulga��o)
O queijo artesanal de leite cru se tornou uma esp�cie de marca registrada de Minas Gerais, produzido em  pelo menos oito regi�es certificadas pela fabrica��o da iguaria, com ra�zes hist�ricas no estado.

Logo no in�cio da pandemia do coronav�rus, em mar�o e abril de 2020, o segmento foi impactado pelas restri��es �s atividades econ�micas, diante da necessidade do isolamento social como uma das medidas de combate � doenca` respirat�ria. As queijarias sentiram o baque, investiram em novas formas de comercializa��o e deram a volta por cima.

Al�m de garantir a manuten��o da qualidade do produto artesanal, os empreendedores do setor venceram o distanciamento social. Enfrentando uma realidade nova para atividade centen�ria em diversos munic�pios, os produtores intensificaram a divulga��o do produto e criaram estrutura para venda a dist�ncia,  com o uso da internet e  das redes sociais – Instagram, Facebook e  WhatsApp.

Nesta reportagem, a quarta mat�ria da s�rie “Reinventando nossas tradi��es”, que o Estado de Minas publica desde domingo, mestres dessa atividade contam como renovaram o neg�cio. Com tamanha tradi��o, o queijo artesanal mineiro ganhou uma data especial, 16 de maio.

O modo artesanal de fazer queijo de Minas nas regi�es do Serro, Serra da Canastra , do Salitre e Alto Parana�ba foi lan�ado na categoria Saberes, pelo Conselho Consultivo do Instituto de Patrim�nio Hist�rio e Art�sitico Nacional (Iphan).

Um dos tipos mais famosos, o Queijo Minas Artesanal (QMA) � reconhecido ainda como Patrim�nio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Iphan. H� estimativas da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural de Minas Gerais (Emater-MG) de que a produ��o de queijos artesanais atinja 85 mil toneladas por ano, representando fonte de renda para cerca de 9 mil fam�lias

Outras seis regi�es j� foram identificadas pela fabrica��o artesanal, Cabacinha, Serra Geral, Vale do Sua�u�, Alagoa, Mantiqueira de Minas e Requeij�o Moreno.

Diante dos desafios do “novo normal” da pandemia, a reinven��o dos produtores, com o uso do sistema digital e o fortalecimento do marketing  foi o caminho encontrado pelos produtores do  famoso queijo Canastra, da regi�o da serra hom�nima no Centro-Oeste do estado.

“Os produtores come�aram a buscar novos mercados, investindo em marketing, estando mais presentes nas redes sociais e se relacionando diretamente com os consumidores finais”, afirma o diretor-executivo da Associa��o dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan), Higor Freitas. A entidade est� instalada no munic�pio de S�o Roque de Minas, que tamb�m � reconhecido por ser o ponto de nascente do Rio S�o Francisco.

Na regi�o da Serra da Canastra, cerca de 800 produtores de sete munic�pios ofertam cerca de 6,84 mil toneladas de queijo por ano. A produ��o � vendida no pr�prio territ�rio mineiro e em outros estados, principalmente, para o Rio de Janeiro e S�o Paulo. Passados um ano e quatro meses desde o in�cio da crise sanit�ria, o diretor-executivo das Aprocan afirma que os empreendedores enfrentam at� “dificuldades para a produzir a quantidade demandada” pelos clientes.

Rastreabilidade


Freitas salienta que, atualmente, uma “pedra no sapato” dos queijeiros �  o custo da produ��o,  incompat�vel   com o  valor da venda. “O custo do queijo est� muito alto e o produtor n�o est� conseguindo reajustar o pre�o de venda como deveria”, assinala.

Ele lembra que, durante a pandemia, a  atividade tornou-se onerosa com a eleva��o do pre�o da alimenta��o usada para cria��o do gado leiteiro, ponto-chave do neg�cio da famosa iguaria, tocado no sistema de agricultura familiar nas propriedades rurais da regi�o da Canastra. S�o necess�rios em torno de 10 a 12 litros para produzir cada quilo de queijo.

No enfrentamento da pandemia, os produtores das diversas regi�es “queijeiras” de Minas contam com um fator que possibilita a expans�o do neg�cio: o  Selo Arte, certifica��o conferida pelo Instituto Mineiro de Agropecu�ria (IMA) em julho de 2019, que permite a  venda dos produtos de origem animal para outros estados, desde que submetidos � inspe��o sanit�ria.

No caso do arranjo produtivo do  Centro-Oeste do estado, existe um outro indicativo de qualidade: a  utiliza��o de etiquetas de case�na, um selo da indica��o da  “Proced�ncia Canastra”. Dessa forma possibilita tamb�m a “rastreabilidade” do produto.

Um dos mais experientes   produtores de  queijo  da Serra da   Canastra, Sebasti�o Ribeiro Lopes, de 72 anos,  da Fazenda Santa Terezinha,  no munic�pio de Delfin�polis, se dedica � atividade h� 51 anos. Ele produz a iguaria, cuja marca leva o apelido dele:  “Ti�o do  Lunga”.  A queijaria suspendeu as visitas dos turistas, refor�ou a divulga��o pelas redes sociais e o atendimento � clientela por encomendas feitas pelo WhatsApp. Nesse “com�rcio moderno”, conta com a ajuda dos tr�s filhos.

Assim, manteve a din�mica do neg�cio. “N�o tive diminui��o de vendas na pandemia.  As vendas  por meio de encomendas continuam com a mesma demanda”, relata Ti�o do Lunga. A produ��o dele gira em  torno de 200 pe�as de queijo por m�s.

Lucilha Faria, tamb�m produtora do queijo  Canastra, em S�o Roque de Minas (Centro-Oeste do estado), relata que,  desde que come�aram o distanciamento social e as restri��es econ�micas contra o avan�o da coronav�rus, enfrentou desafios como alta dos custos dos insumos.

Por�m, ela n�o alterou o seu ritmo de produ��o e de vendas. “Tenho investido na divulga��o nas redes sociais, tentando n�o repassar a alta aos clientes, e fazendo novos mercados”, diz. Lucilha  produz em torno de 700  pe�as do queijo Canastra por m�s. Al�m de atender ao mercado mineiro, vende o produto para clientes do Rio de Janeiro, Goi�s, Bras�lia (DF)   e  S�o Paulo.

Aprendizado, aos 300 anos

Produção mais cara foi outro desafio, diz José Ricardo Ozólio
Produ��o mais cara foi outro desafio, diz Jos� Ricardo Oz�lio (foto: Arquivo Pessoal)
Os produtores do queijo do Serro, no Vale do Jequitinhonha, t�m registros da atividade de 300 anos. Eles se valeram das redes sociais para romper as barreiras do distanciamento social e atender a clientela em diferentes estados, at� em pontos mais distantes, como Mato Grosso e Rond�nia.

Assim como a produ��o da Serra da Canastra, a regi�o do Serro det�m o registro de Indica��o Geogr�fica (IG) concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). De acordo com a Associa��o dos Produtores Artesanais do Queijo do Serro (Apaqs), a regi�o engloba  756 produtores (dos quais 530 pequenos agricultores) de 10 munic�pios. Eles produzem cerca de 8  mil toneladas da iguaria por ano.

O presidente da Apaqs, Jos� Ricardo Oz�lio, afirma que desafiados pela pandemia, aos poucos, os produtores conseguiram escoar a produ��o. Ele relata que  aumento dos custos de produ��o foi outro desafio enfrentado  no setor.

“O que realmente dificultou foram os pre�os dos insumos, o que levou os produtores a buscar novas solu��es, principalmente, para alimenta��o do gado com pesquisas de forrageiras mais produtivas, estudos e prepara��o de plantio de soja para manter a quantidade de prote�na fornecida aos animais”, revela Oz�lio.

Por outro lado,  Oz�lio  salienta que a partir de parceria com o Servi�o Brasileiro de Apoio �s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), os produtores do queijo do Serro participaram de cursos de capacita��o para se adequarem ao “novo normal” e manterem o neg�cio. Uma das estrat�gias adotadas foi o uso do chamado “ balc�o virtual”, por meio das redes sociais.

“As ferramentas  mais usadas s�o o Instagram e o WhatsApp. Os resultados est�o bem positivos”, comemora o presidente da Apaqs. Um dos produtores do queijo do Serro que recorreu �s  novas estrat�gias em   meio a pandemia � T�lio Madureira. Ele afirma que promoveu lives com especialistas do setor para refor�ar a divulga��o e a venda do seu produto pelas redes sociais.

Madureira informa que diminuiu a produ��o, mas  n�o abre m�o da qualidade do seu produto, que lhe assegurou premia��o recebida na Fran�a, em 2019.

“Sempre preso pela excel�ncia e manuten��o da receita original do nosso modo de produzir registrado como patrim�nio imaterial, leite cru, coalho, pingo e sal. Vendemos em lojas especializadas e pequenos distribuidores que trabalham com p�blicos exclusivos e com vendas on-line”, destaca.

Turismo 

A diminui��o de visitas a pontos tur�sticos de Minas, devido �s restri��es da circula��o de pessoas para impedir a propaga��o do coronavirus tamb�m afetou o mercado do queijo artesanal, produto muito usado na gastronomia, lembra Ricardo Boscaro Castro, analista de Agroneg�cios do Sebrae Minas.

“A redu��o do fluxo de turistas impactou, e ainda impacta, fortemente algumas regi�es produtoras de queijo. Ao longo do ano passado e nos primeiros meses deste ano, a produ��o e demanda foram se ajustando. Tanto lojistas quanto produtores foram se adequando � nova realidade. O mercado on-line de venda direta ao consumidor se fortaleceu”, avalia Boscaro. (LR)

Delivery surpreendente

A  melhoria do sistema de alimenta��o do gado leiteiro e  o aperfei�oamento do relacionamento com a clientela est�o entre as medidas implantadas no enfrentamento da pandemia por Jo�o Dutra, prdutor do queijo  Minas artesanal Catau�, no munic�pio de Coronel Xavier Chaves, na encosta da Serra da Mantiqueira, na regi�o do Campo das Vertentes.

Todo o processo de fabrica��o ocorre na fazenda onde a fam�lia de Dutra iniciou a atividade h� cerca de 200 anos. A propriedade mant�m oferta mensal de 900 quilos de queijo.

Regino Rodrigues e a mulher, Rubnei, produtores em Porteirinha, no Norte de Minas, fidelizaram clientes
Regino Rodrigues e a mulher, Rubnei, produtores em Porteirinha, no Norte de Minas, fidelizaram clientes (foto: Arquivo Pessoal)
“Todos os nossos colaboradores moram na fazenda, o que permitiu a continuidade da produ��o, j� que n�o havia o risco de contamina��o (do coronav�rus)  por essa quest�o. Continuamos produzindo ininterruptamente”, afirma o produtor da Serra da Mantiqueira. Jo�o Dutra destaca que tamb�m investe na busca de parcerias  alternativas para continuar fornecendo os produtos, apesar da dificuldade de log�stica.

O refor�o das vendas pelo  delivery foi uma iniciativa adotada pela  empreendedora Rubnei Rodrigues da Silva para dar continuidade � produ��o do queijo artesanal durante a pandemia  na zona rural de Porteirinha, no Norte de  Minas.  Ela conta que recorreu ao sistema ap�s ser atendida pelo Sebrae  Minas, que tamb�m auxiliou os produtores de queijo na regi�o na obten��o do Selo Arte.

“A gente come�ou a trabalhar com o delivery e o retorno foi surpreendente, muito bom”, afirma Rubnei. Ela iniciou a atividade h� quatro anos, com o marido Regino Rodrigues da Silva, cuja fam�lia sempre se dedicou � produ��o do requeij�o, outro produto artesanal da regi�o. As vendas on-line permitiram fidelizar a clientela.

Em outro ponto do Norte de Minas, no munic�pio de S�o Francisco, cortado pelo rio hom�nimo,  o agricultor Clodoaldo Mendes da Silva comemora os bons resultados na produ��o do queijo mu�arela, feito em sua propriedade.

Ele tamb�m recorreu ao delivery e investe para melhorar o neg�cio.  “No inicio, essa pandemia foi um caos para todo mudo. A gente tinha medo de n�o poder nem trabalhar mais. Mas, o tempo foi passando e as coisas foram andando. A parte de alimenta��o acabou n�o sendo muito afetada, com as vendas sendo feitas pelo delivery. Eu n�o tive problemas para  vender”, afirma  o agricultor.







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