
Antonio Meneses tem voltado � sua atividade normal na Europa. Deu aulas na Accademia Chigiana, na It�lia; e, h� cerca de dois meses, depois de participar do Festival du Jura, na Su��a, gravou um disco com um antigo parceiro musical e amigo, o pianista su��o Gerard Wyss. "N�s escolhemos as duas sonatas para violoncelo de Brahms, al�m de transcri��es para o instrumento de algumas de suas can��es. E o resultado ficou muito bonito."
O disco ser� lan�ado no come�o de 2022 pelo selo brit�nico Avie Records. "E n�s estamos agora pensando na possibilidade de gravar um outro disco, desta vez dedicado � m�sica francesa. Seriam pe�as como as sonatas de Debussy, Faur�, Saint-Sa�ns. � um projeto que me anima, poder voltar a essa m�sica e em especial com o Wyss, que conhece t�o bem esse repert�rio."
Fazer m�sica de c�mara � uma das marcas da trajet�ria de Meneses, que integrou o Trio Beaux Arts e estabeleceu parcerias marcantes com outros m�sicos, como os pianistas Menahem Pressler e Maria Jo�o Pires. "Com o isolamento, esse tipo de di�logo musical tamb�m ficou imposs�vel", ele diz.
Mas vai se tornando realidade mais uma vez – e, agora, ele prepara uma s�rie de recitais ao lado do pianista Ricardo Castro que, como Meneses, � professor na Su��a, al�m de dirigir, na Bahia, o Neojiba, um dos mais importantes projetos de forma��o musical do pa�s.
Castro e Meneses far�o, agora em outubro, na Sala S�o Paulo, a integral das obras para violoncelo e piano de Beethoven. "Era algo que estava previsto para o ano passado, mas acabou cancelado por conta da pandemia. E surgiu a chance de fazer agora. Estive recentemente na Bahia com o Ricardo, ensaiando e acabamos tocando tamb�m na sala do Neojiba. Foi uma oportunidade de preparar o programa. Afinal, apesar de termos gravado no ano passado os trios, somos um duo novo ainda." Os recitais na Sala S�o Paulo ser�o nos dias 10 (com duas apresenta��es) e 11.
Mas antes dos recitais, Meneses vai ao Uruguai tocar com a Filarm�nica de Montevid�u, dirigida pela brasileira Ligia Amadio, e tamb�m j� reencontrou parceiros antigos ap�s mais de 18 meses – os m�sicos da Osesp e o maestro Isaac Karabtchevsky – no palco da Sala S�o Paulo na semana passada.
As apresenta��es com a orquestra e Karabtchevsky marcaram a reestreia de Meneses em S�o Paulo. Nelas, o violoncelista interpretou o “Concerto para violoncelo nº 2 de Villa-Lobos” (dispon�vel no canal do YouTube da Osesp). E, sem a presen�a do p�blico, gravou a pe�a – parte de um projeto de registro de toda a obra do compositor (que era violoncelista) para violoncelo e orquestra, a ser lan�ada pelo selo Naxos, dentro da s�rie M�sica do Brasil (ainda n�o h� data de lan�amento definida).
VILLA-LOBOS
O “Concerto nº 2 de Villa-Lobos” foi escrito em 1953 e dedicado ao violoncelista Aldo Parisot, que o estreou dois anos depois em apresenta��o com a Filarm�nica de Nova York, nos Estados Unidos. N�o � a primeira vez que Meneses o grava. Em 1999, ele registrou a pe�a com a Orquestra Sinf�nica da Gal�cia e o maestro Victor Pablo P�rez, em disco que tinha ainda o “Concerto nº 1” e a “Fantasia”."J� faz muito tempo. E, com o passar dos anos, voc� incorpora novas ideias", ele diz. "Mas, para ser bem sincero, acho que hoje gosto mais da pe�a. Nem sempre � f�cil voc� se encontrar dentro dela. �s vezes, tudo parece um pouco truncado e voc� fica pensando: o que Villa-Lobos quis ao escrever isso? O que estava pensando nessa passagem?. Hoje, sinto que entendo melhor o que ele pede, em especial para a orquestra, e isso com certeza me ajuda a encontrar a m�sica."Nesse processo, Meneses afirma que a presen�a do maestro Karabtchevsky foi decisiva. "O Isaac conhece muito bem a m�sica sinf�nica de Villa-Lobos, vem de uma grava��o de todas as sinfonias dele com a pr�pria Osesp. Ent�o, de cara, estou trabalhando com um grupo e com um maestro que incorporaram a linguagem do compositor. E � realmente muito interessante trabalhar com o Isaac. Ele vai modificando a pe�a ao longo da interpreta��o, quer dizer, vai encontrando coisas dentro da partitura que s� ele est� vendo, e isso � estimulante." (Estad�o Conte�do)