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Estado de Minas CINEMA

Estreia filme indicado ao Oscar sobre refugiado que se torna 'quadro vivo'

Longa tunisiano da diretora Kaouther Ben-Hania, 'O homem que vendeu sua pele' suscita diferentes interpreta��es sobre o papel que a arte cumpre na trama


07/10/2021 04:00 - atualizado 07/10/2021 07:47

Foto do filme O homem que vendeu a sua pele
Longa da diretora Kaouther Ben-Hania suscita diferentes interpreta��es sobre o papel que a arte cumpre na trama X' (foto: Pandora Filmes/Divulga��o)

O homem que vendeu a sua pele ”, de Kaouther Ben-Hania, longa que concorreu ao Oscar pela Tun�sia, estreia nesta quinta-feira (7/10) em Belo Horizonte, no UNA Cine Belas Artes .

Na trama, os atores Yahya Mahayni e Dea Liane interpretam um casal separado pelas circunst�ncias. Na S�ria,  Sam (Yahya Mahayni) vai parar na cadeia por um epis�dio que pode at� parecer banal, mas que o transforma em elemento perigoso para o regime. 

Abeer (Dea Liane) se casa com o homem indicado por sua fam�lia. Vai morar na B�lgica. Ele foge e arranja um emprego no L�bano, e � como conhece 'Jeffrey'. Sabe a hist�ria de Fausto? O pr�prio Jeff se define como um Mefist�feles. � o artista que faz a Sam uma proposta – gravar nas costas dele o passaporte que lhe dar� livre circula��o na Uni�o Europeia. Sam vira uma commodity. D� expediente em galerias e museus como quadro vivo .

"Essa hist�ria se inspira no que ocorreu com Tim Steiner, um tatuador belga que foi transformado em obra de arte por Wim Delvoye. O caso teve repercuss�o internacional. Foi o ponto de partida para Kaouther. Ela tinha a situa��o forte, mas precisou criar todo o resto", conta Mahayni. 

O resto � o X da quest�o. Organiza��es de defesa de direitos humanos dizem que ele est� sendo usado. Acusam-no de manchar a imagem dos s�rios. At� os familiares, embora aceitando o dinheiro que ele lhes envia, fazem piadinhas: Jeffrey comprou s� as costas ou o traseiro tamb�m?.

Mahayni venceu o pr�mio de melhor ator na mostra Orizzonti, no Festival de Veneza, no ano passado. Ele conta: "Desde que Hania (a diretora) me mostrou o roteiro, fiquei apaixonado pelo projeto". 

''Minha personagem � bem a cara das mulheres no mundo �rabe, onde a tend�ncia � vivermos � sombra dos homens. (A diretora) Hania � mulher e norte-africana. � preciso muita determina��o para se tornar uma voz nesse mundo t�o restritivo e preconceituoso. Sou atriz de teatro e cinema e sei bem o que � isso. Tenho me engajado em movimentos de libera��o das mulheres em sociedades que minimizam nossos direitos''

Dea Liane, atriz


DIGNIDADE

O rep�rter observa que a hist�ria de amor do come�o aos poucos ganha conota��o pol�tica. "Acho que temos uma diferen�a de percep��o. Para mim, mais do que uma declara��o pol�tica, Hania est� falando de humanidade. A arte, no filme, representa poder, dinheiro, e Sam, malgrado sua resist�ncia, � o elo fraco. A partir de certo momento, tudo o que ele tenta fazer � manter sua dignidade." 

E mais: "N�o creio que essa hist�ria possa ser reduzida a uma cr�tica sobre o tratamento que os ocidentais d�o aos refugiados. Simpatizo com quem pensa assim, porque a situa��o deles � tr�gica, mas me parece reducionismo. O dinheiro n�o pode valer mais do que a vida humana. Talvez seja uma vis�o rom�ntica, idealizada, mas creio nisso, e Hania tamb�m". 

Dea comenta: "Minha personagem � bem a cara das mulheres no mundo �rabe, onde a tend�ncia � vivermos � sombra dos homens. Hania � mulher e norte-africana. � preciso muita determina��o para se tornar uma voz nesse mundo t�o restritivo e preconceituoso. Sou atriz de teatro e cinema e sei bem o que � isso. Tenho me engajado em movimentos de libera��o das mulheres em sociedades que minimizam nossos direitos".

O filme tem Monica Bellucci como Soraya, a assistente de Jeffrey. "Na verdade, o filme come�ou com ela", explica Mahayni. "Soraya � uma mulher glamourosa, que circula em um meio sofisticado." 

Veste os figurinos criados por Azzedine Ala�a. "Hania pensou alto. Enviou o roteiro para a agente da Monica sem muita esperan�a de obter resposta, mas ela havia visto e gostado do filme anterior da nossa diretora (“A bela e os c�es”), e aceitou."

''Para mim, mais do que uma declara��o pol�tica, Hania est� falando de humanidade. A arte, no filme, representa poder, dinheiro, e Sam, malgrado sua resist�ncia, � o elo fraco. A partir de certo momento, tudo o que ele tenta fazer � manter sua dignidade''

Yahya Mahayni, ator


Levar o filme para o Oscar foi uma experi�ncia e tanto, mas os atores n�o puderam estar presentes � premia��o. "Por conta da pandemia, as restri��es este ano foram maiores e t�nhamos direito s� a duas poltronas. Foram Hania e a produtora." 

O final do filme tem provocado pol�micas. “Muita gente reage mal ao twist do desfecho", comenta Dea. E Mahayni completa: "Muita gente chega a dizer que o filme deveria se chamar ‘O homem que vendeu sua alma’." 

� o verdadeiro twist. (Aten��o: spoiler a partir daqui.) Jeffrey n�o � o canalha c�nico que parece. Toma uma atitude, o comprometimento da arte. Apesar de todo antagonismo, Sam e ele chegam a uma esp�cie de respeito m�tuo. Jeff tem uma frase esclarecedora – "O pior n�o � fazer parte do sistema, ou ser abusado por ele. O intoler�vel � ser ignorado". 

A invisibilidade social em discuss�o. E Dea, para encerrar, afirma: "Voc� falou da hist�ria de amor do come�o como se depois ela n�o importasse mais. Importa, sim. Sem afeto tudo fica mais dif�cil". (Ag�ncia Estado)



“O HOMEM QUE VENDEU SUA PELE”
("The man who sold his skin", Tun�sia/Fran�a/B�lgica, 2020). 
De: Kaouther Ben Hania, com Yahya Mahayni e Dea Liane. 104 minutos. Em cartaz a partir desta quinta-feira (7/10), no UNA Cine Belas Artes (Sala 2, 16h10, 20h20) 


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